A indústria bancária no Brasil está ajustando suas práticas de concessão de crédito devido ao aumento das apostas em sites conhecidos como “bets”. As instituições financeiras têm reduzido os limites de crédito dos clientes que se envolvem com esse tipo de atividade. Essa medida visa mitigar a inadimplência associada ao comportamento financeiro dos apostadores.
A regulamentação do segmento de apostas, proposta pelo Ministério da Fazenda, entrará em vigor em janeiro de 2025. Contudo, instituições financeiras já começaram a implementar restrições ao uso de crédito em sites de apostas, antecipando-se às diretrizes oficiais.
Como os Bancos Identificam Clientes Apostadores?
Os bancos utilizam tecnologias avançadas para monitorar transações financeiras e identificar clientes que participam de apostas online. Por meio de análise de dados, esses bancos analisam transações realizadas via Pix, cartões de débito e crédito, direcionadas a negócios classificados como casas de apostas, segundo a Classificação Nacional das Atividades Econômicas (CNAE).
Esse processo de identificação não se limita a clientes atuais. Novos clientes, que ainda não possuem um histórico transacional, requerem uma análise baseada em informações externas. Isso inclui o estudo de padrões consumistas e um possível histórico em outras instituições financeiras. A complexidade aumenta, pois esses novos clientes podem escapar das técnicas tradicionais de monitoramento.
Que Desafios os Bancos Enfrentam no Monitoramento?
Uma dificuldade significativa para as instituições financeiras é a falta de dados consolidados sobre todas as pessoas que apostam. Sem uma lista centralizada, os bancos precisam apoiar-se em seus próprios bancos de dados e algoritmos para prever comportamentos de risco. Para melhorar essa identificação, existe uma demanda junto ao Banco Central para acessar informações mais abrangentes sobre os apostadores.
Embora esse pedido ainda esteja sob avaliação, a liberação de dados pessoais dos apostadores suscita debates sobre privacidade e confidencialidade. A cooperação regulatória pode facilitar uma resposta mais direta e eficáz ao crescimento das apostas em “bets”.
Impactos das Apostas na Economia Familiar
Estudos da Febraban indicam que o aumento das apostas online pode elevar a inadimplência entre diversos grupos sociais. Especificamente, os dados mostram que os eventos de incumprimento podem subir até 14% entre beneficiários de programas sociais como o Bolsa Família.
Essa realidade coloca pressão adicional sobre o sistema bancário, que deve equilibrar a concessão de crédito com a proteção financeira dos clientes. As instituições estão cautelosas para evitar que comportamentos arriscados comprometam a estabilidade econômica dos consumidores.
Como os Bancos Estão Ajustando Suas Políticas de Crédito?
Diversos bancos, incluindo o Itaú Unibanco e o Santander, já adaptaram seus modelos de risco para incluir o comportamento envolvido com apostas online. Essas abordagens buscam uma análise contextual completa, considerando múltiplos fatores antes de qualquer decisão de crédito.
- Itaú Unibanco: Incorpora análises específicas de apostas em seus modelos de crédito.
- Santander: Considera uma análise abrangente de múltiplos fatores de risco.
- Bradesco: Avalia a frequência e os valores envolvidos em apostas como parte de seus critérios de risco.
- Banco do Brasil: Prioriza educação financeira e controle de gastos.
- Caixa Econômica Federal: Monitora transações para reduzir riscos associados a apostas.
- Nubank e C6 Bank: Atualizam constantemente seus modelos de crédito para refletir o cenário de apostas online.