A recente inclusão do filme “A Substância”, dirigido por Coralie Fargeat, nas listas de melhores do ano reacendeu comparações com a minissérie brasileira “A Fórmula”, transmitida pela Globo em 2017. A discussão gira em torno das similaridades narrativas, especialmente nas redes sociais, onde espectadores questionam se a produção internacional teria se inspirado na trama já conhecida do público brasileiro.
Tanto o filme quanto a minissérie baseiam suas histórias em torno de uma substância mágica que proporciona rejuvenescimento, dividindo as protagonistas em identidades distintas. Esse elemento comum levanta debates acerca da originalidade das produções, uma vez que compartilham não apenas a premissa central, mas também características marcantes de suas narrativas.
Quais são as Similaridades entre as Produções?
Ambas as obras apresentam protagonistas que, através de uma substância especial, ganham versões mais jovens de si mesmas. Em “A Fórmula”, a personagem Angélica, vivida por Drica Moraes, transforma-se em sua versão 30 anos mais nova, chamada Afrodite, interpretada por Luisa Arraes. Angélica enfrenta dilemas pessoais e profissionais quando Afrodite começa a se relacionar com seu chefe. Já em “A Substância”, Elisabeth, interpretada por Demi Moore, torna-se Sue, vivida por Margaret Qualley, cuja presença no antigo emprego da outra gera conflitos.
As narrativas, contudo, divergem em tom e gênero. “A Fórmula” opta por uma abordagem mais leve e romântica, enquanto “A Substância” se inclina para o horror ao explorar os efeitos adversos do elixir sobre a saúde das personagens mais velhas. Esta diferença na abordagem reflete um contraste nos estilos de contar histórias, apesar da premissa semelhante.
Por que a Originalidade Levanta Discussões?
A questão da originalidade nas produções culturais é uma discussão complexa e recorrente. As histórias de rejuvenescimento e transformação já são exploradas na literatura e cinema há muitos anos, com referências clássicas como “O Médico e o Monstro”. No entanto, a coincidência de detalhes específicos, como a dualidade das protagonistas e seus dilemas identitários, gera questionamentos sobre possível inspiração ou coincidência.
Ainda que as histórias compartilhem essas semelhanças, é importante considerar que a forma como cada obra desenvolve seus temas principais, como as pressões estéticas e o desejo pela juventude, pode variar significativamente. “A Fórmula” explora essas questões sob uma ótica mais voltada para os dilemas românticos, enquanto “A Substância” aprofunda problemas relacionados ao corpo e à saúde.
Reflexão sobre Estética e Juventude nas Obras
Essas histórias refletem, de diferentes maneiras, preocupações universais sobre envelhecimento e padrões de beleza, especialmente no contexto feminino. Tanto “A Fórmula” quanto “A Substância” trazem à tona questões sobre etarismo e a incessante busca por padrões estéticos muitas vezes inalcançáveis. Estas narrativas, através de suas respectivas abordagens, proporcionam um espaço para debates mais amplos sobre como a sociedade trata essas questões.
Disponibilizadas em plataformas de streaming, as produções permitem ao público explorar e criticar as abordagens únicas de cada obra, suscitando discussões sobre até que ponto histórias similares podem ou não ser influenciadas por produções de outras culturas.