No Brasil, a frota de veículos tem se destacado pelas cores neutras, como branco, preto, prata e cinza. De acordo com dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), divulgados recentemente, 68% dos veículos em circulação no país pertencem a essas tonalidades. Tal preferência não é exclusiva do Brasil, já que globalmente, as cores acromáticas dominam o mercado automotivo, como aponta um relatório da fabricante de tintas Basf.
Ainda que opções de cores vibrantes sejam oferecidas, especialmente durante o lançamento de novos modelos, os consumidores continuam a optar majoritariamente pelas cores mais discretas. Exemplos incluem o SUV Renault Kardian, que introduziu um laranja energético, responsável por aproximadamente 10% das vendas desse modelo específico. Outras fabricantes, como Chevrolet e Ford, também têm experimentado com cores mais ousadas, como azul boreal, verde safari e vermelho radiant.
Por que a Preferência por Cores Neutras Persiste?
A escolha por tonalidades neutras nos veículos está ligada a diversos fatores. Esteticamente, o branco, o prata e o cinza são considerados cores seguras, que tendem a manter o valor de revenda do automóvel. Além disso, as montadoras preferem tons neutros por serem mais baratos de produzir em larga escala e por resistirem melhor ao desgaste causado pelo clima e pela incidência solar.
Muitas pessoas acreditam que escolher cores vibrantes pode resultar em desvalorização do carro a longo prazo. Marcia Holland, consultora e especialista em cores, aponta que no Brasil, após o lançamento de cores mais ousadas, os consumidores rapidamente percebem esses tons como datados, levando a uma preferência contínua pelo branco e similares.
Como É Definida a Cor de um Carro?
O processo de definição das cores automotivas envolve várias etapas e considerações. As montadoras trabalham com um modelo ideal de cliente, a chamada persona, para prever quais cores seriam mais atrativas. Requisitos técnicos também são considerados, como a resistência ao desbotamento e a capacidade da cor de suportar diferentes condições de luminosidade sem causar reflexos que possam prejudicar o motorista.
Parte do motivo pelo qual as tonalidades mais vibrantes são menos comuns está relacionado aos custos de produção e à pouca demanda. Pigmentos coloridos, como os azuis e vermelhos, são mais caros do que os tons neutros, o que faz com que as montadoras priorizem estes últimos.
Carros Coloridos e a Dinâmica de Mercado: Existe Procura?
Apesar da predominância das cores neutras, ainda há um nicho de mercado para carros coloridos, que algumas vezes estão sujeitos a períodos de espera mais longos nas concessionárias. Modelos populares de marcas como Fiat, Volkswagen e Chevrolet, em suas versões mais coloridas, muitas vezes precisam ser encomendados com antecedência, refletindo uma certa demanda por diferenciação entre os consumidores.
Em contraste, marcas de luxo ou premium tendem a oferecer uma maior variedade de cores, refletindo o desejo do cliente por exclusividade e personalização. Isso se alinha à ideia de que a cor do carro pode ser uma declaração de identidade ou estilo.
Com uma perspectiva voltada para o futuro, a indústria de tintas continua a explorar e apresentar novas paletas de cores, na esperança de mudar gradativamente a percepção e as escolhas dos consumidores quanto às cores dos seus veículos.