Nos últimos anos, o avanço tecnológico facilitou inúmeras atividades cotidianas, mas também abriu portas para novas práticas ilícitas no ambiente virtual. Um caso emblemático deste fenômeno é o de Banucha Gomes, conhecido como o “professor do golpe digital”. Ele se destacou por vender produtos e serviços destinados à prática de fraudes virtuais, atingindo um público significativo de seguidores interessados em suas ofertas ilegais.
Banucha não só fornecia ferramentas e conhecimentos para praticar crimes digitais, mas também criou um verdadeiro “dicionário do golpe”, auxiliando seus alunos a se familiarizarem com os termos do mundo do crime virtual. O potencial de lucro desse mercado ilegal se mostrou vasto, como evidenciado pelo faturamento mensal de Banucha, que, segundo investigações, chegava a R$ 1,5 milhão.
Quais Produtos Eram Oferecidos nos Kits do Crime?
Entre os produtos comercializados por Banucha estava o famoso combo “Lara”. Este kit oferecia, por R$ 1.600, uma conta bancária aberta em nome de terceiros, conhecida como “conta laranja”, acompanhada de um cartão de débito. Outro produto notório era o “Kit Bico”, que incluía uma vasta gama de itens fraudulentos, como uma conta bancária, senha de acesso a plataformas de e-commerce, documentos falsos e cartões de crédito clonados.
Esses kits eram compostos por dados pessoais e documentos falsificados, que permitiam aos usuários realizar transações financeiras fraudulentas com facilidade. As ofertas de Banucha atraíam não só pela variedade de ferramentas, mas também pelo conhecimento prático oferecido, criando um ambiente propício para a realização de crimes cibernéticos.
O Papel do Dicionário do Golpe no Ensino do Crime
Parte da estratégia educacional de Banucha incluía a criação de um “dicionário do golpe”, no qual ele esclarecia diversos jargões e termos usados no mundo do crime digital. Um exemplo notável é o conceito de “Lara”, uma abreviação de “laranja”, usada para descrever contas bancárias em nome de terceiros, destinadas a movimentações financeiras suspeitas.
O dicionário servia como um guia para iniciantes e experientes no crime digital. Banucha enfatizava a importância de usar essas contas de forma segura, desencorajando o uso de contas pessoais para transações ilegais, uma prática comum entre seus alunos.
Como a Investigação Levou à Prisão de Banucha?
Após um ano e meio de investigações realizadas pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG/DEIC), Banucha foi finalmente detido em dezembro de 2024 em Rio das Ostras. A operação policial descobriu que ele possuía, em seu computador, um banco de dados com cerca de 180 mil cartões clonados e encontraram armas de fogo ilegais e drogas em sua residência.
A polícia agora se concentra em identificar e punir os indivíduos que participaram das “aulas de crime” oferecidas por Banucha, tentando desarticular essa rede criminosa extensa. Enquanto seus sites foram retirados do ar, o caso continua a chamar atenção para os crescentes desafios da segurança virtual e a sofisticação dos crimes digitais.