O poder de compra do salário mínimo brasileiro tem enfrentado desafios significativos nos últimos anos. Um estudo realizado pela consultoria LCA 4Intelligence revela que, apesar de ajustes salariais acima da inflação, o poder aquisitivo não deve retornar aos níveis pré-pandêmicos até o final de 2026. Em novembro de 2024, o salário mínimo equivalia a 1,7 cestas básicas, uma queda em relação à média de duas cestas observada entre 2010 e 2019.
Essa desaceleração do poder de compra é atribuída a fatores como o fortalecimento do dólar, a desvalorização do real e o contínuo aumento da inflação. Tais elementos têm impedido a recuperação da capacidade aquisitiva dos trabalhadores. Embora oscilações após crises econômicas sejam comuns, a atual situação se agravou em decorrência de eventos desencadeados pela pandemia de Covid-19, conforme apontam economistas ouvidos pela CNN.
Quais são os fatores que impedem a recuperação do poder de compra?
O cenário econômico brasileiro está sendo moldado por uma série de eventos nacionais e internacionais. Durante a pandemia, múltiplas crises afligiram o mercado, incluindo a guerra na Ucrânia, que impactou cadeias produtivas e preços de commodities. Este aumento nos custos, particularmente dos alimentos, continua a exercer pressão sobre a inflação.
A regra vigente para a valorização do salário mínimo prevê que ele seja ajustado com base na inflação dos 12 meses anteriores, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), e pela variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Com o INPC em 4,84% e o PIB de 2023 em 3,2%, projeta-se que o salário mínimo para 2025 chegue a R$ 1.528.
Como a população é afetada pela alta dos preços?
As camadas mais vulneráveis da sociedade são especialmente afetadas pela inflação dos alimentos. Segundo o pesquisador Matheus Dias, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), houve uma significativa defasagem no poder de compra ao longo dos últimos dez anos. Hoje, um produto que custava R$ 100 em 2014 sairia por R$ 184, ajustado pela inflação, refletindo o impacto profundo sobre aqueles com menor poder aquisitivo.
Essa situação contribui para um sentimento negativo em relação à economia nacional. Pesquisas do Datafolha indicam que 67% dos brasileiros acreditam que a inflação piorará em 2025. Esta percepção tem aumentado desde o ano anterior, quando 51% da população tinha uma visão pessimista sobre a inflação.
As projeções econômicas indicam mudanças significativas?
O poder de compra do salário mínimo provavelmente manter-se-á estável até o final de 2026, próximo das eleições. Essa perspectiva é ressaltada por Bruno Imaizumi, economista da LCA 4intelligence, que afirma que o poder de compra pré-pandêmico não será recuperado nos próximos anos. A expectativa atual está alinhada com a opinião popular, onde 61% dos entrevistados por instituições de pesquisa acreditam que a economia do país está no rumo errado.
No geral, apesar de iniciativas para aumentar o salário mínimo, a complexidade dos atuais desafios econômicos brasileiros sugere que os trabalhadores continuarão a enfrentar dificuldades para ver o poder de compra retornar a níveis mais elevados no futuro próximo.