Lançado em 2023, o projeto Worldcoin surgiu com a proposta ambiciosa de criar uma identidade digital universal por meio de tecnologias biométricas. Em novembro de 2024, sua chegada ao Brasil marcou um novo capítulo para essa iniciativa, atraindo milhares de brasileiros dispostos a registrar suas íris em troca de criptomoedas. Idealizado por Sam Altman, CEO da OpenAI, o projeto desperta grande interesse e, ao mesmo tempo, divide opiniões, principalmente devido à sensibilidade dos dados envolvidos.
Expansão e impacto no Brasil
A popularidade do Worldcoin no Brasil cresceu rapidamente, especialmente por conta do impacto das redes sociais. No TikTok, por exemplo, vídeos viralizados mostram extensas filas nos postos de escaneamento, intensificando debates sobre os impactos e implicações dessa inovação. Por um lado, a proposta oferece recompensas financeiras atrativas; por outro, levanta sérias preocupações sobre privacidade e segurança de dados. Como resultado, o projeto se tornou um dos principais temas de discussão no setor de tecnologia.
Como funciona a tecnologia do Worldcoin?
O sistema de identificação biométrica do Worldcoin utiliza padrões únicos da íris para criar um World ID, um tipo de passaporte digital. Para isso, o projeto conta com um dispositivo chamado Orb, que escaneia a íris dos participantes de forma segura e eficiente. Esse método funciona de maneira semelhante à leitura de impressões digitais, outra forma amplamente usada de biometria.
Além disso, os participantes que realizam o cadastramento recebem 48 Worldcoins, o que equivale a aproximadamente R$ 630 na cotação atual. Para ingressar no projeto, basta baixar o World App e agendar uma visita a um dos 42 pontos de escaneamento disponíveis em São Paulo. No entanto, apesar das operações estarem limitadas à capital paulista, o número de interessados continua a crescer, o que pode levar a uma futura expansão para outras cidades.

Controvérsias e riscos envolvidos
Embora o Worldcoin apresente benefícios evidentes, seu avanço no Brasil gerou debates intensos entre especialistas e órgãos reguladores. Enquanto alguns enxergam a iniciativa como uma oportunidade inovadora, outros alertam para os riscos de segurança e privacidade. Não por acaso, países como Quênia e Espanha já suspenderam atividades semelhantes devido a preocupações com a proteção de dados, segundo reportagens do Wall Street Journal.
No Brasil, as principais preocupações giram em torno do compartilhamento de informações biométricas sensíveis. Como os dados da íris são únicos e permanentes, qualquer vazamento pode representar um grande risco para os indivíduos. Por esse motivo, a Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD) já avalia a conformidade do projeto com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), analisando possíveis implicações legais.
O que esperar do futuro do Worldcoin?
Se bem-sucedido, o Worldcoin pode transformar a forma como identidades digitais são gerenciadas. No entanto, seus desafios são significativos e precisam ser enfrentados com responsabilidade. Seu crescimento acelerado e as polêmicas associadas sugerem um futuro em que tecnologias biométricas se tornarão cada vez mais comuns, desde que as preocupações com privacidade sejam resolvidas.
Portanto, garantir que os benefícios superem os riscos exige um acompanhamento rigoroso por parte de reguladores, como a ANPD. Além disso, a criação de medidas de segurança robustas será essencial para proteger os cidadãos e viabilizar inovações responsáveis. Dessa forma, o Worldcoin pode se consolidar como um modelo viável de identidade digital no futuro.