Conselheiro Lafaiete, uma das cidades mais antigas do estado de Minas Gerais, possui uma história rica e multifacetada que remonta a tempos coloniais. As primeiras menções à cidade datam de aproximadamente 1683, quando era conhecida como o arraial de Campo Alegre dos Carijós, habitado por garimpeiros e índios. A região já havia sido explorada anteriormente por bandeirantes como Pais Leme, em busca de terras e riquezas.
Esses exploradores, assim como o português D. Rodrigo, que visitou a área em 1680, foram atraídos pelas possibilidades de mineração de ouro na serra de Ouro Branco. Contudo,
os indígenas carijós, pertencentes ao grupo tupi-guarani, que habitavam a região, mostraram-se amistosos e acabaram colaborando com os colonizadores, especialmente após sua catequização.
Desenvolvimento Inicial
Conforme o século XVII avançava, Campo Alegre dos Carijós tornou-se um ponto de passagem crucial para viajantes que se dirigiam a outras regiões mineiras. Em 1694, a chegada de uma bandeira paulista, liderada por figuras como Manuel Camargo e Bartolomeu Bueno de Siqueira, consolidou o arraial como um núcleo populacional emergente.
Nessa fase, uma primitiva capela dedicada à Imaculada Conceição foi estabelecida, reforçando a predominância da fé cristã entre os habitantes. A importância da localidade foi reafirmada quando, em 1709, a paróquia de Nossa Senhora da Conceição foi criada, passando a ser parte da Diocese do Rio de Janeiro. Isso culminou em uma nova denominação: Arraial de Nossa Senhora da Conceição de Campo Alegre dos Carijós.

Transformação e Crescimento
A chegada do Caminho Novo em 1711 foi um catalisador para o crescimento populacional e econômico de Carijós. Este novo trajeto reduzia significativamente o tempo de viagem até o Rio de Janeiro, tornando a cidade um elo vital no comércio entre as minas e a capital colonial.
O século XVIII também testemunhou a construção de estruturas religiosas como a Igreja Matriz em estilo barroco, iniciada em 1733, e outras igrejas que moldaram o perfil cultural da cidade. Entretanto, com a queda da produção de ouro e os elevados impostos sobre a mineração, a insatisfação popular veio à tona, contribuindo para movimentos de contestação como a Inconfidência Mineira.
Uma Nova Era: De Queluz a Conselheiro Lafaiete
Em meio ao cenário de instabilidade, o Arraial foi elevado à condição de Vila Real de Queluz em 1790 por um decreto da Rainha D. Maria I, significando um novo status administrativo e político. A vila, simbolizada pelo Pelourinho, adquiria maior autonomia e importância.
Já no século XIX, a vila contribuiu politicamente para a Independência do Brasil ao solicitar a instalação de uma Câmara de Cortes, demonstrando crescente protagonismo nacional. Em 1934, em homenagem a Lafayette Rodrigues Pereira, a cidade foi renomeada para Conselheiro Lafaiete, celebrando o centenário de nascimento desta importante figura republicana.
Presença na História Moderna
No século XX, Conselheiro Lafaiete continuou a desempenhar papéis significativos na história do Brasil. Durante a Segunda Guerra Mundial, a cidade enviou 63 de seus cidadãos para combater nas frentes de batalha, reafirmando seu compromisso com a defesa e o progresso nacional.
Hoje, o legado histórico de Conselheiro Lafaiete é percebido através de seus monumentos e documentos, que preservam a memória de mais de três séculos de eventos econômicos, políticos, sociais e culturais que moldaram sua identidade e influência regional e nacional.