Enquanto todo mundo esperava que os carros híbridos chegassem primeiro nos modelos mais caros, a Stellantis resolveu fazer o contrário. A empresa começou pelos SUVs populares Fiat Pulse e Fastback e agora já planeja híbridos para Jeep Compass e Commander. A estratégia pode parecer estranha, mas está dando certo.
A ideia por trás disso é simples: democratizar a tecnologia híbrida no Brasil. Em vez de cobrar uma fortuna por um carro elétrico importado, a Stellantis apostou em híbridos leves nacionais que custam apenas R$ 6 mil a mais que as versões normais. É uma revolução silenciosa que está mudando o mercado brasileiro.
Como funciona o sistema Bio-Hybrid da Stellantis?
O Pulse e Fastback híbridos usam uma tecnologia chamada Bio-Hybrid de 12 volts. É um sistema mais simples que os híbridos tradicionais, mas que funciona bem no Brasil. O motor elétrico de 4 cv trabalha junto com o motor 1.0 turbo de 130 cv, principalmente em baixas rotações.
O truque está nas duas baterias: uma de chumbo-ácido comum e outra de lítio pequena e leve. O sistema não consegue andar só no elétrico como um Toyota Corolla, mas reduz o consumo em até 12% na cidade. Com etanol, os carros fazem quase o mesmo consumo que fariam com gasolina – e você paga 30% menos no combustível.
O que vem por aí com o T270 Hybrid e-DCT?
Para o segundo semestre de 2025, a Stellantis prepara uma versão mais sofisticada para os Jeep Compass e Commander. O sistema T270 Hybrid e-DCT usa uma tecnologia de 48 volts, mais avançada que a dos Fiat.
A grande diferença está no câmbio: será uma transmissão de dupla embreagem com seis marchas, que permite uma troca mais rápida entre motor elétrico e a combustão. O motor elétrico terá 30 cv e vai conseguir mover o carro sozinho por alguns segundos, parecido com o que o Corolla Cross faz.
Por que a Stellantis não apostou direto nos híbridos completos?
A estratégia é inteligente por vários motivos. Primeiro, um híbrido leve custa muito menos para produzir que um híbrido completo. Segundo, ele pode ser feito na mesma linha de produção dos carros normais, sem grandes investimentos em nova fábrica.
Terceiro – e talvez mais importante – é possível desenvolver a cadeia de fornecedores nacional. No Pulse híbrido, só a bateria de lítio é importada. O resto é feito no Brasil. Se fosse um carro totalmente elétrico, seria quase tudo importado e muito mais caro.
Qual o impacto real dos híbridos leves na economia?
Os números mostram que vale a pena. O Fastback híbrido faz 12,6 km/l com gasolina na cidade contra 11,3 km/l da versão normal. Com etanol, vai de 8,1 km/l para 8,9 km/l. Parece pouco, mas no final do mês a diferença aparece no bolso.
Além disso, os híbridos têm benefícios fiscais em alguns estados. Em Minas Gerais, Pulse e Fastback híbridos não pagam IPVA por serem produzidos localmente. É uma vantagem que não existe para o Corolla híbrido, feito em São Paulo.
Como a Stellantis planeja expandir os híbridos?

A empresa já confirmou que vai eletrificar praticamente toda sua linha até 2030. Depois do Compass e Commander, virão o Renegade, Toro e versões esportivas Abarth do Pulse e Fastback. O investimento total é de R$ 32 bilhões.
A meta é ambiciosa: sair dos atuais 7,5% de participação dos elétricos no mercado brasileiro para 60% até 2030. Pode parecer exagerado, mas a Stellantis tem argumentos fortes: preços acessíveis, produção nacional e tecnologia que funciona com etanol.
Vale a pena comprar um híbrido leve hoje?
Para quem roda muito na cidade, sim. O sistema Bio-Hybrid funciona melhor no trânsito urbano, onde o motor elétrico ajuda mais. Na estrada, a diferença é menor. Se você faz principalmente viagens longas, talvez não compense pagar os R$ 6 mil extras.
Mas se o carro é para usar no dia a dia, os híbridos da Stellantis fazem sentido. São os primeiros híbridos realmente acessíveis do Brasil, com tecnologia nacional e manutenção em qualquer concessionária Fiat ou Jeep. É o começo de uma nova era na mobilidade brasileira.