O crime organizado no Brasil continua a ser uma preocupação significativa, com suas atividades gerando receitas bilionárias para facções criminosas. De acordo com um relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), entre julho de 2023 e julho de 2024, as organizações criminosas faturaram cerca de 186 bilhões de reais através de furtos de celulares e golpes virtuais. Este montante foi estimado com base em dados de fontes oficiais, acadêmicas e de notícias, além de entrevistas com profissionais da área.
O relatório também destaca o comércio ilegal de combustíveis, bebidas, cigarros e ouro, que gerou aproximadamente 147 bilhões de reais para o crime organizado em 2022. Esses números refletem a complexidade e a extensão das atividades criminosas no país, que vão além do tráfico de drogas e contrabando, formando um ecossistema criminoso sofisticado.
Como o crime organizado lucrou com o comércio ilegal?
O comércio ilegal de ouro, em particular, tem um impacto significativo na Amazônia, onde uma grande parte da produção nacional apresenta indícios de ilegalidade. Entre 2015 e 2020, 38% da produção de ouro no Brasil foi considerada suspeita. Este comércio não apenas afeta o meio ambiente, mas também prejudica a economia formal, desviando recursos que poderiam ser utilizados para o desenvolvimento sustentável da região.

O comércio ilegal de combustíveis também representa um desafio econômico. Anualmente, cerca de 13 bilhões de litros de combustíveis são comercializados ilegalmente, resultando em uma perda de arrecadação de 23 bilhões de reais para o Estado. Esta atividade é facilitada por lacunas na legislação e pela falta de integração entre os órgãos responsáveis pela fiscalização e segurança.
Quais são os desafios no combate ao crime organizado?
O combate ao crime organizado no Brasil enfrenta múltiplos desafios. A falta de integração de dados entre diferentes órgãos, como a Receita Federal e a Polícia Federal, dificulta a rastreabilidade e a tributação das atividades ilegais. Além disso, as organizações criminosas se adaptam rapidamente às inovações tecnológicas, utilizando furtos de celulares como uma porta de entrada para crimes digitais.
O Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das principais facções criminosas do país, exemplifica essa capacidade de adaptação. Com um faturamento anual estimado em 6,7 bilhões de reais, o PCC tem explorado mercados regulados, como o sistema de transporte público em São Paulo, para aumentar seus ganhos ilegais. A operação “Fim da linha” revelou a infiltração do PCC em empresas de transporte, levando ao encerramento de contratos pela prefeitura.
Qual é o futuro do combate ao crime organizado no Brasil?
Para enfrentar o crime organizado de forma eficaz, é necessário um esforço conjunto entre as autoridades e a sociedade civil. A melhoria na integração de dados e na fiscalização, aliada a políticas públicas que promovam a inclusão social e econômica, pode ajudar a reduzir a influência das facções criminosas. Além disso, a conscientização sobre os impactos do crime organizado é crucial para mobilizar a sociedade em prol de um ambiente mais seguro e justo.
O relatório do FBSP serve como um alerta sobre a magnitude do problema e a necessidade de ações coordenadas para combatê-lo. Ao lançar luz sobre as atividades criminosas e suas consequências, ele oferece uma base para o desenvolvimento de estratégias mais eficazes no combate ao crime organizado no Brasil.