Ao longo de quase um século, a cerimônia do Oscar tem sido palco de momentos inesquecíveis, incluindo recusas surpreendentes do prêmio. Embora seja raro, três personalidades rejeitaram a estatueta por razões distintas. Além disso, apesar das rígidas regras da Academia, algumas estatuetas foram vendidas, envolvendo até mesmo nomes famosos como Michael Jackson.
O primeiro a dizer não ao Oscar
O pioneiro na recusa foi Dudley Nichols, em 1936, na 8ª edição do Oscar. Roteirista de “O delator“, ele rejeitou a premiação em solidariedade aos roteiristas de Hollywood, que estavam em greve. Como a Academia não reconhecia suas reivindicações, Nichols boicotou a cerimônia e devolveu a estatueta pelo correio, deixando uma marca na história da premiação.
O ator que considerava o Oscar um “desfile de carne”
Em 1971, George C. Scott se tornou o segundo a recusar o Oscar, mesmo após vencer como Melhor Ator por “Patton“. Scott já havia rejeitado uma indicação anterior em 1962, criticando a cerimônia como um “desfile de carne de duas horas”. Apesar de sua recusa, o produtor do filme aceitou o prêmio em seu nome, mas a estatueta permaneceu com a Academia.
Marlon Brando e o protesto histórico no Oscar
Em 1973, Marlon Brando protagonizou uma das recusas mais icônicas da premiação. Ao vencer o Oscar de Melhor Ator por “O poderoso chefão“, ele enviou a atriz indígena Sacheen Littlefeather para rejeitar o prêmio em seu nome. O protesto denunciava o tratamento dos nativos americanos pela indústria cinematográfica, gerando uma reação intensa do público presente.

O mercado das estatuetas e suas fortunas ocultas
Pesando quatro quilos e feito de bronze sólido folheado a ouro 24 quilates, o Oscar tem um custo de produção de cerca de US$ 400. No entanto, seu valor simbólico é inestimável. Desde 1951, os vencedores assinam um contrato que os impede de vender a estatueta sem antes oferecê-la à Academia por apenas US$ 1. Mesmo assim, estima-se que cerca de 150 prêmios tenham sido comercializados, alcançando valores entre US$ 10 mil e US$ 1,5 milhão.
A maioria das vendas envolve estatuetas entregues antes de 1951, antes da implementação das restrições. Um dos casos mais famosos é o troféu de Melhor Filme de “…E o vento levou”, comprado por Michael Jackson em 1999 por US$ 1,5 milhão. Após sua morte, o paradeiro da estatueta tornou-se um mistério.
Um legado de controvérsias e mudanças na indústria
As recusas e vendas das estatuetas desafiaram as tradições da Academia e marcaram a história do cinema. Dudley Nichols, por exemplo, não apenas rejeitou o prêmio, mas também ajudou a fundar o sindicato dos roteiristas, presidindo a organização entre 1937 e 1938. Já as vendas reforçam o prestígio e o valor financeiro do Oscar, mesmo sob forte regulamentação.
Esses episódios evidenciam a complexa relação entre artistas, suas convicções e a indústria cinematográfica. Enquanto alguns veem o Oscar como o auge do reconhecimento, outros o utilizam para promover causas sociais ou contestar o status. Independentemente das razões, essas histórias continuam a intrigar e alimentar debates sobre o verdadeiro significado do prestígio na arte.