A Netflix lançou um documentário que está fazendo todo mundo questionar os limites da ciência. “O Homem que Quer Viver Para Sempre” acompanha Bryan Johnson, ex-empresário de tecnologia que virou cobaia de si mesmo. O cara está gastando uma fortuna tentando reverter o relógio biológico através do Projeto Blueprint. É fascinante e assustador ao mesmo tempo.
Johnson não está brincando de ser jovem – ele quer literalmente voltar a ter 18 anos biologicamente. Começou essa jornada em 2021 e desde então vive como se fosse um experimento científico ambulante. Com uma equipe médica monitorando cada batimento cardíaco, ele transformou sua vida numa pesquisa em tempo real sobre longevidade.
Que métodos extremos Johnson usa para rejuvenescer?
A rotina de Johnson parece saída de um filme de ficção científica. Ele segue uma dieta vegana ultra-restritiva, contando cada caloria e nutriente que entra no corpo. Os exercícios são personalizados e intensos, combinando cardio pesado com musculação específica. A lista de suplementos que ele toma diariamente é maior que a farmácia da esquina.
O monitoramento é obsessivo: monitores de glicose grudados 24 horas, rastreadores de sono que analisam cada fase do descanso, exames de sangue frequentes. Johnson acompanha o funcionamento de 70 órgãos diferentes, como se fosse uma máquina sendo testada. Tecnologias de ponta viram parte da rotina diária dele.
Por que as transfusões de sangue geram tanta polêmica?
Aqui que a coisa fica controversa de verdade. Johnson recebe transfusões de plasma do próprio filho, numa tentativa de “renovar” seu sangue com células mais jovens. É um procedimento que soa medieval disfarçado de ciência moderna. A comunidade médica está dividida sobre os riscos e benefícios dessa prática.
O Dr. Oliver Zolman lidera a equipe médica que supervisiona esses experimentos. Eles também usam luz infravermelha e outros tratamentos que ainda não têm comprovação científica sólida. É medicina experimental acontecendo em tempo real, com Johnson como único paciente.
Que críticas a comunidade científica faz ao projeto?
Os cientistas estão céticos, e com razão. O Dr. Andrew Steele aponta a falta de evidências robustas que comprovem a eficácia dos tratamentos. Vadim N. Gladyshev questiona o uso de substâncias como rapamicina, que funcionam em animais, mas ainda não foram testadas adequadamente em humanos. É como tentar resolver uma equação com variáveis desconhecidas.
O maior problema é que Johnson usa dezenas de métodos simultaneamente. Impossível saber qual funciona, se é que algum funciona. É como tomar remédio para dor de cabeça junto com chá, compressa e massagem – se passar, você não sabe o que curou.
Como isso afeta nossa percepção sobre envelhecimento?
O Projeto Blueprint está mudando como as pessoas pensam sobre ficar velho. De repente, envelhecer virou algo opcional, não inevitável. Johnson virou símbolo de uma geração que se recusa a aceitar as limitações biológicas. É um fenômeno cultural tanto quanto científico.
Mas isso também cria pressões irreais sobre padrões de beleza e longevidade. Nem todo mundo tem milhões para gastar em juventude eterna. O projeto levanta questões sobre desigualdade no acesso a tecnologias de longevidade. É privilégio disfarçado de ciência.
O que o projeto Blueprint realmente representa?
O Bryan Johnson virou o exemplo extremo de como nossa sociedade lida com o medo da morte. O Projeto Blueprint não é só sobre ciência – é sobre ego, dinheiro e a recusa em aceitar nossa natureza mortal. Johnson transformou a busca pela longevidade numa performance pública, misturando pesquisa legítima com autopromoção.
O projeto serve como laboratório para discussões mais amplas sobre ética médica e os limites da intervenção humana no envelhecimento. Enquanto Johnson se torna cada vez mais jovem (ou pelo menos tenta), ele também está envelhecendo nossa compreensão sobre o que significa ser humano. É irônico que alguém tão obcecado pela juventude esteja forçando a humanidade a amadurecer suas ideias sobre vida e morte.