O cinema francês acaba de dar uma aula de como fazer thriller de qualidade. Ad Vitam chegou na Netflix em janeiro de 2025 e virou febre mundial quase da noite para o dia. O filme conquistou o topo das paradas em dezenas de países, incluindo o Brasil, provando que boa história não tem fronteira. É raro ver um filme estrangeiro causando tanto impacto assim tão rápido nas plataformas de streaming.
Franck, o protagonista, é um ex-agente que precisa usar todas suas habilidades quando sua esposa grávida é sequestrada. O que poderia ser mais um filme de ação clichê vira algo muito mais profundo. A trama mistura vingança pessoal com questões morais complexas, criando uma experiência que gruda na tela.
O que o título em latim realmente significa?
Ad Vitam significa “para a vida” em latim, uma expressão que simboliza compromisso eterno. No filme, essa frase aparece no distintivo de Franck, representando sua dedicação inabalável à justiça. É um detalhe simbólico que conecta o personagem com o legado do pai, também policial. A escolha do título não é aleatória – reflete a obsessão do protagonista em honrar seus princípios, mesmo quando tudo ao redor desmorona.
O significado ganha camadas durante o filme, especialmente quando Franck enfrenta dilemas sobre até onde ir para proteger quem ama. A expressão latina vira quase um mantra pessoal, guiando suas decisões nos momentos mais difíceis. É filosofia aplicada na prática, transformando um thriller simples numa reflexão sobre lealdade e propósito.
Por que Guillaume Canet entrega uma performance tão convincente?
Guillaume Canet consegue algo raro: fazer você acreditar completamente na dor do personagem. Franck não é um herói invencível dos filmes americanos – é um homem quebrado tentando juntar os pedaços. Canet traz uma vulnerabilidade genuína que humaniza completamente o protagonista. Suas expressões faciais dizem mais que páginas de diálogo, especialmente nas cenas onde ele lida com a perda do parceiro.
A direção soube equilibrar perfeitamente ação e drama psicológico. As sequências de perseguição são tensas, mas nunca ofuscam o desenvolvimento emocional do personagem. É um masterclass de como construir suspense sem depender apenas de explosões e tiroteios. A trilha sonora complementa perfeitamente, criando uma atmosfera que te puxa pra dentro da história.
Como o filme quebra os clichês do gênero de ação?
Ad Vitam pega as fórmulas conhecidas dos thrillers e as reinventa com inteligência. Em vez de um herói infalível, temos alguém que comete erros e paga por eles. A vingança não é glorificada – é mostrada como um caminho que destrói tanto o vilão quanto o “mocinho”. O filme questiona se justiça e vingança são realmente a mesma coisa, algo que poucos do gênero se atrevem a explorar.
A narrativa não simplifica os conflitos morais. Franck precisa tomar decisões impossíveis, e o filme não oferece respostas fáceis. É um approach maduro que trata o público como adulto capaz de lidar com ambiguidade moral. Essa complexidade é o que diferencia Ad Vitam dos thrillers descartáveis que pipocam toda semana.
Que impacto isso tem no cinema de ação internacional?
O sucesso global de Ad Vitam prova que as audiências estão cansadas de fórmulas batidas. O público quer histórias que desafiem, não apenas entretenham. Isso pode influenciar produtores a investir em roteiros mais elaborados, personagens mais complexos e narrativas que respeitam a inteligência do espectador. É uma tendência positiva que pode elevar o nível geral do gênero.
O filme também demonstra como o streaming democratizou o cinema mundial. Antes, um thriller francês teria dificuldade pra chegar ao Brasil com essa velocidade e impacto. Agora, Ad Vitam compete de igual para igual com produções Hollywood nas mesmas plataformas.
Ad Vitam marca uma nova era para os thrillers?
Ad Vitam representa exatamente o que o cinema de ação precisava: substância por trás da adrenalina. O filme prova que é possível fazer entretenimento inteligente sem sacrificar a emoção. É um marco que pode inspirar outros cineastas a explorarem territórios similares, criando obras que sejam tanto espetaculares quanto significativas.
A recepção calorosa do público mundial sinaliza uma mudança de apetite. As pessoas querem mais que pirotecnia – querem se conectar emocionalmente com as histórias. Ad Vitam entrega essa conexão de forma brilhante, estabelecendo um novo padrão para o que um thriller moderno pode e deve ser.