O mais recente projeto da Disney tem se mostrado um verdadeiro pesadelo para o estúdio. O live-action de “Branca de Neve”, protagonizado por Rachel Zegler e Gal Gadot, estreou em 20 de março de 2025 enfrentando uma das maiores crises de imagem da história recente da empresa. Com um orçamento astronômico de US$ 270 milhões para produção e marketing, o filme arrecadou apenas US$ 95 milhões mundialmente em seu primeiro fim de semana, resultado considerado desastroso pelos analistas da indústria cinematográfica.
As polêmicas começaram ainda durante a fase de pré-produção e se intensificaram com as declarações controversas da protagonista Rachel Zegler. A atriz de 23 anos, conhecida por “Amor, Sublime Amor”, tornou-se o centro de debates acalorados que transcenderam o cinema e envolveram questões políticas sensíveis. A gestão de crise implementada pela Disney incluiu a contratação de um especialista em redes sociais para monitorar as publicações da atriz, evidenciando o tamanho do problema enfrentado pela produção.
Qual o real impacto das declarações políticas no desempenho do filme?
As controvérsias atingiram seu ápice quando Rachel Zegler publicou uma mensagem de apoio à Palestina em suas redes sociais logo após o lançamento do trailer oficial. A declaração gerou tensões significativas nos bastidores, especialmente considerando que Gal Gadot, sua colega de elenco, é israelense e se posicionou publicamente em defesa de Israel durante o conflito em Gaza. A situação se deteriorou ao ponto da Disney precisar reforçar a segurança de Gadot devido a ameaças recebidas.
O produtor Marc Platt se envolveu diretamente na tentativa de controlar os danos, chegando a se reunir pessoalmente com Zegler para discutir suas postagens. Segundo fontes próximas à produção, a atriz se recusou a apagar a mensagem controversa, mantendo sua posição política independente das consequências comerciais. A tensão entre as protagonistas se tornou tão evidente que a Disney optou por promover o filme separadamente com cada atriz, evitando aparições conjuntas sempre que possível.

Como as críticas ao filme original de 1937 prejudicaram a recepção?
Além das questões políticas, Rachel Zegler gerou polêmicas ao criticar abertamente o clássico animado de 1937. Em entrevistas, a atriz chamou a versão original de “antiquada” e criticou o comportamento do príncipe, que segundo ela “literalmente persegue” Branca de Neve. Essas declarações foram mal recebidas por fãs tradicionais da Disney, que interpretaram os comentários como desrespeitosos ao legado da animação.
A estratégia de modernização da narrativa, onde Branca de Neve seria retratada como uma líder em formação em vez de uma donzela em perigo, também enfrentou resistência. Zegler defendeu publicamente que a nova versão não focaria no romance tradicional, mas sim no desenvolvimento pessoal da protagonista. Essa abordagem, embora elogiada por defensores de representatividade feminina, alienou parte significativa do público que esperava uma adaptação mais fiel ao material original.
Por que a representação dos sete anões se tornou controversa?
A questão da representação dos sete anões emergiu como outro ponto de tensão significativo. O ator Peter Dinklage, conhecido por “Game of Thrones”, criticou publicamente a Disney em 2022, argumentando que o filme perpetuaria estereótipos negativos sobre pessoas com nanismo. Suas declarações forçaram o estúdio a repensar completamente a abordagem dos personagens secundários.
A solução encontrada pela Disney foi criar os sete anões inteiramente através de computação gráfica, com Martin Klebba interpretando todos os personagens. Essa decisão, ironicamente, gerou novas críticas de ativistas que argumentaram que o estúdio perdeu uma oportunidade valiosa de empregar atores com nanismo. A produtora Terra Jolé criticou especificamente a Disney por basear sua decisão na opinião de apenas uma pessoa, criando um precedente problemático para futuras produções.
Qual foi a estratégia de controle de danos adotada pela Disney?
Diante do acúmulo de controvérsias, a Disney implementou uma estratégia de controle rigoroso que incluiu limitações inéditas na cobertura jornalística. A première em Los Angeles foi drasticamente reduzida, com acesso restrito apenas a fotógrafos e repórteres ligados ao próprio conglomerado. A decisão de cancelar completamente o evento de lançamento em Londres reforçou a percepção de que o estúdio estava tentando minimizar a exposição pública do projeto.
A contratação de um consultor especializado em imagem digital para monitorar as redes sociais de Rachel Zegler demonstrou o nível de preocupação da Disney com novas declarações controversas. Essa medida preventiva, revelada pela revista Variety, evidenciou como o estúdio reconheceu que as ações da protagonista representavam um risco significativo para o investimento milionário. A estratégia também incluiu o reforço da segurança pessoal de Gal Gadot e a reorganização de eventos promocionais para evitar confrontos diretos entre as protagonistas.
Como o público e a crítica receberam o resultado final?
A recepção crítica de “Branca de Neve” confirmou os temores da Disney. O filme obteve apenas 42% de aprovação no Rotten Tomatoes, indicando uma resposta majoritariamente negativa da crítica especializada. Paradoxalmente, Rachel Zegler foi elogiada individualmente por sua performance, com o consenso do site destacando que “Branca de Neve não é um filme mal-humorado, graças à brilhante atuação de Rachel Zegler“.
O desempenho nas bilheterias refletiu diretamente o impacto das controvérsias. Com apenas US$ 202,4 milhões arrecadados globalmente até o final de abril, o filme foi classificado como “um dos maiores fracassos de bilheteria da história de Hollywood“. Analistas apontaram que, além das polêmicas envolvendo a protagonista, o público demonstrou sinais de cansaço com os remakes da Disney, sugerindo uma saturação do mercado para esse tipo de produção.
Que lições este caso oferece para futuras produções da Disney?
O caso de “Branca de Neve” estabelece um precedente importante para como grandes estúdios devem gerenciar talentos em um ambiente midiático cada vez mais politizado. A combinação de declarações controversas, decisões criativas questionáveis e gestão de crise inadequada resultou em um dos maiores desastres comerciais da Disney em anos recentes. O episódio demonstra como questões aparentemente periféricas podem impactar drasticamente o sucesso de produções multimilionárias.
Para o futuro, o estúdio provavelmente implementará protocolos mais rigorosos de comunicação e media training para seus talentos principais. A experiência também sugere que a Disney pode precisar reavaliar sua estratégia de remakes live-action, considerando que o público contemporâneo é mais exigente e politicamente consciente. O fracasso de “Branca de Neve” pode marcar o fim de uma era de adaptações automáticas de clássicos animados, forçando o estúdio a buscar abordagens mais inovadoras e cuidadosas para seus projetos futuros.