O thriller de terror “Never Let Go” desembarcou no Prime Video em outubro de 2024, três semanas depois de uma estreia teatral modesta. O filme dirigido por Alexandre Aja e estrelado por Halle Berry arrecadou apenas 21 milhões de dólares mundialmente contra um orçamento não divulgado, levando a Lionsgate a acelerar sua chegada ao streaming. A produção obteve 56% de aprovação no Rotten Tomatoes, com críticos elogiando a performance de Berry e a atmosfera criada por Aja.
A estratégia de lançamento digital reflete tendências atuais da indústria cinematográfica. Filmes de terror de orçamento médio enfrentam competição acirrada nos cinemas, onde blockbusters dominam as salas. A Lionsgate disponibilizou o filme para aluguel por 19,99 dólares e compra por 24,99 dólares nas principais plataformas digitais, incluindo Amazon Prime Video, Apple TV e Google Play.
Como a premissa do filme explora medos contemporâneos?
“Never Let Go” apresenta Halle Berry como uma mãe protegendo seus filhos gêmeos de uma força sobrenatural em uma cabana isolada. A família permanece conectada por cordas ao sair de casa, simbolizando união familiar como proteção contra o mal exterior. Quando um dos filhos questiona a realidade da ameaça, os laços familiares se rompem, gerando conflito interno.
O roteiro de KC Coughlin e Ryan Grassby explora temas de isolamento social e paranoia parental que ressoam com experiências da pandemia. A necessidade de permanecer conectado fisicamente reflete ansiedades sobre segurança familiar em mundo percebido como hostil. Alexandre Aja utiliza a claustrofobia da cabana para intensificar tensões psicológicas, criando atmosfera de suspeita constante sobre a natureza real da ameaça.
Por que o filme dividiu opiniões entre críticos e público?
Critics elogiaram a performance comprometida de Halle Berry e a direção atmosférica de Alexandre Aja, mas criticaram inconsistências narrativas. O Hollywood Reporter destacou problemas no roteiro, descrevendo-o como “laborioso” e carregado de “folclore convoluto”. A premissa inicial intrigante perde força quando o filme não consegue sustentar suas próprias regras internas.
Audiências deram nota C+ no CinemaScore, indicando recepção morna. Muitos espectadores esperavam clareza sobre a natureza da ameaça sobrenatural, mas o filme mantém ambiguidade deliberada. Esta escolha narrativa frustrou um público que buscava resoluções definitivas, embora tenha sido elogiada por críticos que apreciaram interpretações múltiplas da história.
Qual é o contexto da carreira de Alexandre Aja nesta produção?
Alexandre Aja estabeleceu reputação com filmes de terror visceral como “Piranha 3D” e “Crawl”, que combinavam violência gráfica com entretenimento consciente de suas limitações. “Never Let Go” representa mudança de direção para território mais sério, explorando horror psicológico em vez de terror físico. A abordagem contrasta com trabalhos anteriores que priorizavam diversão gore sobre profundidade emocional.
O filme foi originalmente desenvolvido para Mark Romanek, diretor de “One Hour Photo”, que abandonou o projeto após anos de desenvolvimento. Aja assumiu a direção em 2022, trazendo experiência em construção de tensão atmosférica. Sua filmografia inclui “High Tension” e “The Hills Have Eyes”, demonstrando versatilidade em diferentes subgêneros do terror.

Como a performance de Halle Berry sustenta a narrativa?
Halle Berry carrega o filme através de performance que equilibra determinação maternal com fragilidade psicológica. A atriz, que também atuou como produtora executiva, desenvolve personagem complexa cujas motivações permanecem questionáveis até o final. Berry transmite convicção total nas crenças de sua personagem, fazendo audiências duvidarem da própria percepção da realidade.
Os jovens atores Anthony B. Jenkins e Percy Daggs IV oferecem suporte sólido como os filhos gêmeos. Jenkins interpreta Samuel, o filho questionador que cataliza o conflito central, enquanto Daggs representa Nolan, mais disposto a aceitar as regras maternas. A dinâmica entre os três atores sustenta momentos mais lentos do filme, criando credibilidade emocional necessária para a premissa sobrenatural.
Que futuro a produção indica para filmes de terror de orçamento médio?
“Never Let Go” exemplifica desafios enfrentados por filmes de terror que não são franquias estabelecidas nem produções de baixo orçamento. A Lionsgate investiu em elenco respeitado e diretor conhecido, mas não conseguiu traduzir estes elementos em sucesso comercial. O desempenho sugere que as audiências preferem terror familiar (“A Quiet Place”) ou horror de baixo custo (“M3GAN”).
A rápida transição para streaming indica mudança estratégica da indústria. Filmes de terror podem encontrar segunda vida em plataformas digitais, onde audiências têm expectativas diferentes e custos de oportunidade menores. Halle Berry confirmou interesse da Lionsgate em desenvolver franquia, sugerindo que performance em streaming pode justificar sequências mesmo após fracasso teatral.