Se você tem o hábito de emprestar o cartão de crédito para familiares e amigos, é hora de repensar essa prática. Com a nova regra da Receita Federal, mais instituições financeiras estão obrigadas a fornecer informações detalhadas sobre as transações dos contribuintes.
A medida visa combater a sonegação fiscal e evitar discrepâncias entre os rendimentos declarados no Imposto de Renda e os valores movimentados via cartão. Caso a Receita identifique gastos incompatíveis com a renda informada, o contribuinte pode ser chamado para prestar esclarecimentos e até cair na malha fina.
Saiba quais são os riscos dessa prática e como evitar problemas com o Fisco.
Como a Receita pode identificar movimentações suspeitas
A Receita Federal cruza os dados financeiros dos contribuintes com as informações enviadas por bancos e operadoras de cartão de crédito. A partir deste ano, instituições de pagamento – como carteiras digitais e bancos virtuais – também serão obrigadas a informar transações de seus clientes.
Se um contribuinte declara renda mensal de R$ 4 mil, mas tem uma fatura de cartão de crédito no valor de R$ 8 mil, a Receita pode interpretar a diferença como renda não declarada. O resultado pode ser uma fiscalização detalhada e a necessidade de comprovar a origem do dinheiro.
Entre os principais pontos de atenção estão:
- Empréstimos entre familiares: Devem ser declarados corretamente no Imposto de Renda como doação ou empréstimo.
- Dependentes no IR: Se um filho usa o cartão do pai ou da mãe, os rendimentos dele devem estar registrados na declaração.
- Divisão de despesas: Quando várias pessoas compartilham as contas de casa, como aluguel e serviços, é recomendável formalizar a divisão para evitar questionamentos.

Novas regras aumentam controle sobre operações financeiras
Antes, apenas bancos tradicionais enviavam informações detalhadas à Receita Federal. Agora, todas as instituições de pagamento precisarão reportar movimentações acima dos valores estabelecidos.
Os novos limites para fiscalização são:
- Pessoa física (CPF): transações acima de R$ 5 mil por mês.
- Pessoa jurídica (CNPJ): transações acima de R$ 15 mil por mês.
Isso inclui pagamentos via PIX, cartões de crédito e débito, depósitos e moedas digitais. Apesar do aumento na fiscalização, a Receita Federal afirma que manterá o sigilo bancário e fiscal dos contribuintes.
O que fazer para evitar problemas com a Receita Federal
Para não correr o risco de ser chamado para explicações pelo Fisco, especialistas recomendam algumas medidas preventivas:
- Evite emprestar seu cartão de crédito: Cada pessoa deve ter seu próprio meio de pagamento para não misturar rendimentos.
- Registre empréstimos e doações: Caso empreste dinheiro para um familiar, formalize a transação no Imposto de Renda.
- Guarde os comprovantes de pagamentos: Se dividir despesas com amigos ou parentes, tenha recibos que comprovem a participação de cada um nos gastos.
- Cuidado com a inadimplência: Idosos emprestam frequentemente o cartão para filhos ou netos com nome sujo, o que pode levar a problemas financeiros e fiscais.
Segundo a economista Carla Beni, professora da FGV, muitos brasileiros ignoram que a prática de emprestar o cartão pode gerar dívidas e, agora, complicações fiscais.
Receita Federal reforça que não haverá aumento de impostos
A nova medida tem como foco principal a fiscalização e não a criação de novos impostos. No entanto, a Receita busca garantir que todos os contribuintes declarem corretamente seus rendimentos e paguem os tributos devidos.
Conforme o órgão, os dados financeiros recebidos não permitem identificar a origem ou a natureza dos gastos, apenas os valores movimentados.
Com a fiscalização mais rigorosa, quem movimentar valores acima dos limites estabelecidos sem justificativa pode cair na malha fina, ter que prestar contas ao Fisco e até enfrentar sanções.
A recomendação dos especialistas é manter todas as informações declaradas corretamente no Imposto de Renda e evitar práticas que possam levantar suspeitas.