O Programa Pé-de-Meia, uma das principais iniciativas educacionais do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, visa combater a evasão escolar e aumentar a taxa de conclusão do ensino médio. No entanto, a distribuição dos benefícios tem gerado questionamentos, especialmente em cidades onde o número de beneficiários ultrapassa o de alunos matriculados na rede pública.
Estados como Bahia, Pará e Minas Gerais registraram discrepâncias nos dados, levantando dúvidas sobre a precisão do cadastro dos estudantes e a transparência na concessão do auxílio. Apesar disso, o programa segue como um dos maiores investimentos na educação brasileira, com potencial para transformar a realidade de milhões de jovens.
Como funciona o Programa Pé-de-Meia e quem tem direito ao benefício
O Pé-de-Meia oferece auxílio financeiro a estudantes de baixa renda matriculados no ensino médio da rede pública. No entanto, o objetivo é incentivar a permanência dos alunos na escola, garantindo um suporte econômico ao longo dos três anos dessa etapa educacional.
O funcionamento do programa inclui:
- Bolsa mensal de R$ 200 para estudantes que cumprirem a frequência mínima de 80% das aulas.
- Bônus de R$ 1.000 por ano letivo concluído, valor que só pode ser sacado ao término do terceiro ano.
- Elegibilidade baseada no Cadastro Único (CadÚnico), beneficiando famílias com renda de até meio salário mínimo por pessoa.
Em fevereiro de 2025, mais de 4 milhões de estudantes já haviam sido contemplados, com um investimento anual estimado em R$ 12,5 bilhões. O programa tem forte impacto nas regiões Norte e Nordeste, onde os índices de evasão escolar são historicamente elevados.
Falhas no cadastro e inconsistências na distribuição dos recursos
Apesar do impacto positivo do Pé-de-Meia, o programa enfrenta desafios significativos. Um dos principais problemas é a falta de precisão nos cadastros estaduais, que tem resultado na inclusão de beneficiários que não atendem aos critérios estabelecidos.

Principais questões levantadas:
- Número de beneficiários maior que o de alunos matriculados em algumas cidades, sugerindo falhas na triagem dos dados.
- Casos de estudantes fora dos critérios de renda recebendo o benefício, o que levanta dúvidas sobre a fiscalização do programa.
- Dificuldade na atualização do Cadastro Único, que pode estar subnotificando famílias realmente necessitadas.
A falta de controle adequado pode comprometer a eficácia do programa e gerar desigualdades na distribuição dos recursos.
Como aprimorar o controle e garantir que o auxílio chegue a quem realmente precisa
Para aumentar a eficiência do Pé-de-Meia e evitar distorções na concessão dos benefícios, algumas medidas são essenciais:
- Aprimoramento do Cadastro Único, garantindo que apenas famílias dentro dos critérios de renda sejam contempladas.
- Melhoria na comunicação entre estados e o Ministério da Educação (MEC), para evitar inconsistências no número de beneficiários.
- Ações de fiscalização mais rigorosas, como auditorias regulares para identificar e corrigir falhas no sistema.
Além disso, especialistas apontam que o combate à evasão escolar exige um esforço além do auxílio financeiro. Investimentos na infraestrutura das escolas e na ampliação de vagas em tempo integral também são fundamentais para garantir um ensino médio mais inclusivo e eficaz.
MEC responde críticas e promete ajustes para garantir maior transparência
Diante dos desafios enfrentados pelo programa, o Ministério da Educação tem reforçado seu compromisso com a transparência e a melhoria dos processos. Embora a responsabilidade pelo cadastro dos beneficiários seja dos estados, o MEC afirma que está monitorando possíveis inconsistências e oferecendo suporte às redes estaduais para corrigir falhas.
O governo também destaca a importância da participação das famílias e das escolas na verificação dos critérios do programa. A expectativa é que, com ajustes e medidas mais rigorosas, o Pé-de-Meia possa alcançar sua missão de reduzir a evasão escolar e garantir um futuro melhor para milhões de jovens brasileiros.