De 2 a 5 de abril, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) se torna o epicentro das discussões sobre o futuro climático do planeta ao sediar a Cúpula Global da Juventude pelo Clima 2025. O evento reúne 200 jovens líderes climáticos de mais de 40 países em Belo Horizonte, além de outros 300 participantes que acompanham virtualmente. Organizada pelo Global Youth Leadership Center (GYLC) em parceria com a UFMG, a cúpula busca capacitar a juventude para liderar ações contra a crise climática, reforçando o papel da ciência e da biodiversidade na construção de soluções sustentáveis.
A preocupação com o meio ambiente já não é uma questão apenas para o futuro. Os impactos das mudanças climáticas são sentidos em todo o mundo, e a juventude do Sul Global, incluindo o Brasil, enfrenta desafios ainda maiores devido à vulnerabilidade socioeconômica e ambiental dessas regiões. Durante o evento, debates, oficinas e apresentações de projetos visam fortalecer o engajamento dos jovens na busca por políticas mais eficazes na luta contra o aquecimento global.
O papel estratégico da UFMG e o apoio de instituições brasileiras
A escolha da UFMG para sediar a cúpula reflete sua liderança acadêmica na defesa da ciência e da sustentabilidade. A reitora Sandra Regina Goulart Almeida destaca a importância de empoderar a juventude nesse cenário de incertezas climáticas. “Já estamos sentindo os efeitos das mudanças climáticas, e capacitar os jovens para atuarem nessa causa é essencial”, afirma.
A realização do evento conta com o apoio de grandes instituições brasileiras, como a Cemig (patrocinadora ouro), a Fiemg (patrocinadora prata) e a Itaminas (parceira de descarbonização). O Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG é a unidade acadêmica responsável por coordenar as atividades e receber os participantes.
O professor Ricardo Gonçalves, diretor do ICB, reforça o impacto global da cúpula. “Esse pode ser o evento preparatório mais importante para a COP30. Tivemos mais de quatro mil candidaturas, e os 200 selecionados representam uma elite de jovens engajados na busca por soluções climáticas”, explica.

Prêmios para projetos ambientais e a Carta de Belo Horizonte
Um dos destaques da cúpula é a premiação de dez lideranças juvenis de regiões vulneráveis, que receberão US$ 1.000 cada para implementar projetos ambientais em suas comunidades. Os vencedores serão escolhidos com base em criatividade, viabilidade e impacto potencial das propostas.
Além disso, a cúpula resultará na elaboração da “Carta de Belo Horizonte”, um documento oficial com diretrizes e recomendações sobre a crise climática e a preservação ambiental. Essa carta será enviada a autoridades globais e servirá como um dos pilares das discussões na COP30, que acontece em novembro, em Belém (PA).
A importância da biodiversidade no combate à crise climática
A biodiversidade será um dos temas centrais da cúpula, graças ao trabalho do professor Geraldo Wilson Fernandes, especialista em ecologia e coordenador do Programa de Pesquisa em Biodiversidade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Ele defende que qualquer estratégia de combate às mudanças climáticas deve estar diretamente ligada à preservação da biodiversidade.
“Não adianta falar em crise climática sem considerar a biodiversidade. A vida no planeta depende dela, e, uma vez perdida, não há como recuperar. Precisamos incluir essa discussão nas estratégias ambientais para garantir um futuro mais sustentável”, enfatiza Fernandes.
A inclusão da biodiversidade nas discussões foi prontamente aceita pelos organizadores do evento, reforçando a necessidade de integrar diferentes abordagens na luta contra o colapso ambiental.

Povos indígenas e justiça climática no centro das discussões
A jovem ativista indígena Rayane Xipaia, do Pará, será uma das principais vozes na cúpula, trazendo a perspectiva dos povos originários sobre a preservação ambiental. Ela defende que os indígenas têm muito a ensinar sobre convivência sustentável com a floresta e que sua ciência e tecnologia são fundamentais para combater as mudanças climáticas.
“Os povos indígenas sempre coexistiram com a floresta sem destruí-la. Temos muito conhecimento a compartilhar, e essa sabedoria precisa ser valorizada”, afirma Rayane.
A ativista também abordará a desigualdade social e seus impactos na crise climática. “Quem mais sofre com essa crise são as populações mais vulneráveis. Há uma enorme diferença entre perder a casa em uma enchente e assistir à enchente de uma cobertura de luxo. Precisamos de políticas públicas que reduzam essas desigualdades”, pontua.
Além da participação de Rayane, jovens líderes climáticos de países como Japão, Quênia, África do Sul, Bangladesh, Peru e Gana terão a oportunidade de apresentar propostas diretamente às autoridades presentes. O CEO da GYLC, Ejaj Ahmad, reforça a importância do evento: “Essa cúpula é uma oportunidade crucial para que os jovens influenciem as decisões globais sobre o clima antes da COP30”.
Com a UFMG como palco desse encontro global, a juventude se prepara para liderar a transformação climática que o mundo tanto precisa.