Anne Hidalgo está transformando Paris numa velocidade que deixa até os parisienses tontos. A prefeita não brinca em serviço: desde que assumiu, tem implementado mudanças radicais que dividem opiniões. Ruas exclusivas para pedestres, fim dos patinetes elétricos e guerra declarada contra os carros.
Alguns chamam de revolução urbana. Outros, de autoritarismo disfarçado de sustentabilidade. A verdade é que Paris virou campo de testes para políticas que podem influenciar cidades do mundo todo – incluindo as brasileiras.
Por que Paris está criando áreas exclusivas para pedestres?
As áreas exclusivas para pedestres têm como objetivo principal tornar as ruas de Paris mais seguras e agradáveis para quem caminha. Ao reduzir o tráfego de veículos, a cidade busca diminuir a poluição do ar e o ruído, além de incentivar o uso de transportes alternativos, como bicicletas e transporte público. Essas zonas também visam fomentar o comércio local e criar espaços mais propícios para o convívio social.
Além disso, a remoção de vagas de estacionamento é uma estratégia para desencorajar o uso de carros particulares. Desde 2020, Paris tem trabalhado para reduzir a dependência de veículos motorizados, removendo milhares de vagas de estacionamento e incentivando modos de transporte mais sustentáveis.

Como Paris está se tornando mais sustentável?
Paris tem adotado uma série de políticas para se tornar uma cidade mais sustentável. Entre as ações estão a criação de ciclovias, a redução dos limites de velocidade para 30 km/h em toda a cidade e a expansão de áreas verdes. As margens do Rio Sena, por exemplo, foram transformadas em espaços de tráfego reduzido, promovendo um ambiente mais verde e acessível.
Essas iniciativas refletem o compromisso da cidade em se adaptar às demandas ambientais e sociais contemporâneas. Embora ainda haja desafios a serem superados, as medidas adotadas têm recebido apoio da população, que reconhece a importância de uma cidade mais sustentável.
Quais desafios Paris enfrenta na implementação dessas políticas?
Apesar dos avanços, Paris enfrenta desafios significativos na implementação de suas políticas urbanas. A baixa participação em referendos sugere a necessidade de maior engajamento da população. Além disso, a cidade precisa equilibrar o desenvolvimento de infraestrutura verde com as necessidades de mobilidade de seus habitantes.
Outro desafio é a resistência de alguns setores que dependem do uso de veículos motorizados. No entanto, a administração de Hidalgo permanece comprometida em transformar Paris em uma cidade mais sustentável e acessível, promovendo políticas que beneficiem tanto o meio ambiente quanto a qualidade de vida dos cidadãos.
Outras cidades deveriam copiar?
São Paulo e Rio de Janeiro têm problemas similares aos de Paris: poluição, trânsito e falta de qualidade de vida urbana. Mas copiar receita europeia sem adaptar à realidade brasileira pode ser desastroso.
O transporte público brasileiro não tem qualidade para substituir o carro particular. Enquanto metrô e ônibus forem ruins, forçar as pessoas a abandonar o carro é crueldade urbana.
A infraestrutura para bicicletas também precisa ser pensada para o clima tropical. Ciclovias que ficam inutilizáveis na chuva são desperdício de dinheiro público.
A lição para o Brasil
Mudanças urbanas radicais precisam de consenso social. Impor políticas sem diálogo gera resistência e pode inviabilizar boas ideias. Hidalgo é corajosa, mas talvez tenha sido rápida demais.
As cidades brasileiras precisam melhorar transporte público antes de restringir carros. Sem alternativa viável, política verde vira política de exclusão social.
Paris está escrevendo o futuro das cidades. Resta saber se será lembrada como visionária ou como exemplo do que não fazer.