Uma descoberta arqueológica inédita acaba de transformar o Parque Nacional do Itatiaia, na divisa entre Rio de Janeiro e Minas Gerais, em um marco histórico para a ciência brasileira. Pinturas rupestres milenares foram identificadas a 2.350 metros de altitude, sendo a primeira ocorrência registrada desse tipo no estado do Rio de Janeiro. O achado foi feito por Andrés Conquista, supervisor da Parquetur, concessionária responsável pela gestão do parque.
Sítio Agulhas Negras surpreende com desenhos e símbolos milenares
As pinturas rupestres estão localizadas no recém-nomeado Sítio Arqueológico Agulhas Negras e apresentam formas geométricas e zoomorfas, com destaque para um desenho que lembra um lagarto visto de cima. Os pigmentos em vermelho e amarelo-alaranjado sugerem o uso de técnicas e materiais avançados para a época. Curiosidade: os traços se assemelham à Tradição São Francisco, conhecida por registros entre Minas Gerais e Bahia.
Pesquisadores analisam possível expansão de tradição cultural milenar
Caso a ligação com a Tradição São Francisco seja confirmada, este será o ponto mais ao sul desse conjunto cultural já documentado no Brasil. Isso indicaria uma conexão entre povos de diferentes regiões, ampliando as teorias sobre deslocamentos e trocas culturais entre grupos pré-históricos. As análises estão sendo conduzidas pelo IPHAN, pela UERJ e pelo Museu Nacional da UFRJ.

Arqueologia e preservação ganham força com a descoberta no parque
A descoberta fortalece o papel do Parque Nacional do Itatiaia como um espaço não apenas de conservação ambiental, mas também de preservação da memória ancestral brasileira. “Este é um território fundamental para compreendermos a história das civilizações que habitaram essa região”, afirma Pedro Cleto, diretor executivo da Parquetur.
Visitação ao local é suspensa para garantir preservação do sítio
Até que os estudos sejam concluídos, a visitação ao sítio arqueológico está interditada. O local está sendo monitorado de forma permanente para garantir a integridade das pinturas. “A preservação desse patrimônio é essencial para entendermos melhor as ocupações humanas no Brasil”, reforça Felipe Cruz Mendonça, chefe do Parque Nacional do Itatiaia.