A Starlink, empresa de internet via satélite liderada por Elon Musk, busca expandir sua presença no Brasil com o aumento de sua constelação de satélites. A proposta visa adicionar 7.500 novos satélites às 4.400 unidades já em operação, melhorando a cobertura e a velocidade de conexão, especialmente em áreas remotas. No entanto, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) decidiu adiar a decisão sobre este pedido por 120 dias, destacando a complexidade técnica e as preocupações com a soberania nacional.
O adiamento foi decidido por unanimidade durante uma reunião do Conselho Diretor da Anatel. O conselheiro Alexandre Freire, relator do caso, solicitou mais tempo para uma análise detalhada, citando questões técnicas complexas e disputas concorrenciais. Este atraso visa garantir que todos os aspectos do pedido sejam cuidadosamente avaliados antes de uma decisão final.
Por que a Anatel adiou a decisão?
A decisão de adiar a análise do pedido da Starlink está ligada a várias preocupações. Primeiramente, há questões técnicas significativas a serem consideradas, incluindo a potencial interferência dos novos satélites em serviços existentes. Além disso, a Anatel está preocupada com a soberania nacional, uma vez que o tráfego de dados pode ser roteado fora do Brasil, dificultando a fiscalização e a proteção dos dados dos cidadãos.
Outro ponto de destaque é a disputa entre a Starlink e seus concorrentes. O Sindicato das Empresas de Telecomunicações por Satélite (Sindisat) e outras operadoras alegam que a expansão da Starlink representa um novo serviço, exigindo um processo de licenciamento separado. Eles também expressam preocupações sobre a possível interferência nos serviços de satélites geoestacionários.

Como a Starlink se difere de seus concorrentes?
A principal diferença entre a Starlink e outras empresas de internet via satélite, como ViaSat e HughesNet, está na altitude de operação dos satélites. A Starlink utiliza satélites em órbita baixa (LEO), a cerca de 550 km da Terra, o que proporciona menor latência e maior velocidade de conexão. Em contraste, os concorrentes operam satélites geoestacionários a 35.786 km, resultando em maior latência e velocidades mais baixas.
Essa diferença tecnológica permite à Starlink oferecer serviços mais rápidos e eficientes em áreas sem infraestrutura terrestre, como regiões rurais e comunidades isoladas. No entanto, essa vantagem também levanta preocupações sobre a concorrência desleal, uma vez que a Starlink é verticalmente integrada, enquanto outras operadoras dependem de satélites de terceiros.
Quais são os próximos passos para a Starlink no Brasil?
Com o adiamento da decisão, a Anatel continuará a analisar o pedido da Starlink nos próximos quatro meses. Durante esse período, a agência avaliará os aspectos técnicos dos novos satélites, ouvirá representantes do setor e verificará as implicações legais e fiscais. A Starlink, por sua vez, continuará operando com os satélites já autorizados, mantendo sua posição de liderança no mercado brasileiro de internet via satélite.
Espera-se que a decisão final da Anatel leve em consideração não apenas os benefícios tecnológicos e econômicos da expansão da Starlink, mas também as preocupações com a soberania nacional e a concorrência justa. O resultado desse processo pode ter implicações significativas para o futuro da internet via satélite no Brasil.