Recentemente, uma decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) trouxe à tona a discussão sobre a prescrição de medicamentos por enfermeiros. Embora a Lei Distrital nº 7.530/2024 tenha sido considerada inconstitucional, o direito dos enfermeiros de prescrever medicamentos no Sistema Único de Saúde (SUS) permanece garantido pela Lei Federal nº 7.498/1986. Esta legislação federal, juntamente com protocolos clínicos e diretrizes de entidades como o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e a Anvisa, assegura a prática da enfermagem nesse contexto.
A lei distrital anulada permitia que farmácias privadas aceitassem receitas de enfermeiros, desde que seguissem os protocolos do SUS. No entanto, o TJDFT decidiu que essa norma invadia a competência legislativa da União, resultando em sua anulação com efeito retroativo. Apesar disso, a prescrição por enfermeiros no SUS continua válida, especialmente na Atenção Primária, onde desempenha um papel crucial na ampliação do acesso aos cuidados de saúde.
Qual é o impacto da decisão do TJDFT sobre a prescrição de medicamentos por enfermeiros?
A decisão do TJDFT não afeta a prática de prescrição de medicamentos por enfermeiros no SUS. Essa prática é respaldada por diretrizes do Ministério da Saúde, como a Portaria nº 2.436/2017, que confirma o papel do enfermeiro como prescritor nas equipes de saúde da família. A decisão judicial apenas impede a aplicação da lei distrital que permitia a aceitação de receitas de enfermeiros em farmácias privadas.
O Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF) anunciou que recorrerá da decisão judicial, buscando proteger a autonomia dos profissionais de enfermagem e assegurar o reconhecimento de suas atribuições em todos os níveis de atenção à saúde. A resistência de algumas farmácias em aceitar receitas de enfermeiros, especialmente no âmbito do Programa Farmácia Popular, ainda é um desafio a ser superado.

Como a prescrição por enfermeiros contribui para o sistema de saúde?
A prescrição de medicamentos por enfermeiros é uma prática fundamental para o funcionamento eficaz do SUS. Na Atenção Primária, os enfermeiros desempenham um papel essencial na gestão de cuidados, especialmente em áreas com escassez de médicos. A prescrição por enfermeiros permite um atendimento mais ágil e eficiente, garantindo que os pacientes recebam os medicamentos necessários de forma oportuna.
Além disso, a atuação dos enfermeiros como prescritores está alinhada com normas nacionais e internacionais. O Cofen e a Anvisa reforçam a legalidade dessa prática, destacando sua importância no tratamento de doenças como a tuberculose. Em 2024, a Anvisa enviou um ofício a órgãos relevantes, reafirmando a legitimidade da prescrição por enfermeiros, fortalecendo a confiança nessa prática.
Quais são os próximos passos para a prescrição de medicamentos por enfermeiros?
O Coren-DF está empenhado em recorrer da decisão do TJDFT, buscando garantir que a autonomia dos enfermeiros seja respeitada. A continuidade dessa prática é vital para a manutenção de um sistema de saúde inclusivo e eficiente. A discussão sobre a prescrição por enfermeiros destaca a necessidade de um diálogo contínuo entre as entidades de saúde, farmácias e o poder legislativo para assegurar que as normas atendam às necessidades da população.
Em resumo, a prescrição de medicamentos por enfermeiros no SUS é uma prática consolidada e essencial para o acesso aos cuidados de saúde. Apesar dos desafios legais, o reconhecimento e a valorização do papel dos enfermeiros são fundamentais para a evolução do sistema de saúde brasileiro.