A fábrica da Nissan em Resende, no Rio de Janeiro, acaba de dar início à produção da segunda geração do Kicks, marcando uma nova era para o SUV compacto mais vendido da marca no Brasil. O investimento de R$ 2,8 bilhões transformou completamente o complexo industrial, que agora conta com 98 novos robôs e 297 estações adicionais na linha de montagem. A nova geração chega com visual completamente reformulado e uma proposta de preço que deve variar entre R$ 150 mil e R$ 180 mil, posicionando-se como uma alternativa mais sofisticada no segmento de SUVs compactos nacionais.
Esta transformação representa muito mais do que apenas uma atualização de modelo. A Nissan está implementando uma estratégia dual, mantendo a versão atual com o nome Kicks Play enquanto introduz a nova geração com tecnologias avançadas. O complexo industrial de Resende, que completou 11 anos em 2024, passou por uma modernização completa para suportar essa nova fase produtiva, incluindo a contratação de 400 novos funcionários e operação em dois turnos para atender à demanda projetada.
Que motor vai equipar o novo Kicks brasileiro?
A grande novidade mecânica da nova geração é a adoção do motor 1.0 turboflex de três cilindros, desenvolvido pela Horse e já utilizado no Renault Kardian. Este propulsor representa uma evolução significativa em relação ao motor 1.6 aspirado da geração anterior, prometendo entregar cerca de 120 cavalos de potência quando abastecido com gasolina. O motor é fabricado em São José dos Pinhais, no Paraná, mas terá sua montagem final realizada localmente em Resende, fortalecendo a cadeia produtiva nacional e garantindo maior controle de qualidade.
O sistema de transmissão continuará sendo o CVT (Transmissão Continuamente Variável), tecnologia na qual a Nissan possui reconhecida expertise. Esta escolha estratégica visa manter a característica de condução suave e linear que os consumidores brasileiros já associam à marca, diferenciando-se do câmbio automatizado de dupla embreagem usado no Renault Kardian. A combinação do motor turbo com o câmbio CVT promete oferecer melhor resposta em baixas rotações e maior eficiência energética, aspectos fundamentais para o uso urbano intenso típico do mercado brasileiro.
Como ficou o design da segunda geração?
O visual do novo Nissan Kicks passou por uma transformação radical, adotando linhas mais robustas e contemporâneas que se afastam do design mais suave da geração anterior. A dianteira ganhou uma grade frontal de formato retangular e grandes dimensões, conectada aos faróis que apresentam assinatura visual com quatro LEDs horizontais. As lanternas traseiras agora exibem o característico formato de “L” invertido, criando uma identidade visual mais marcante e alinhada com outros SUVs da Nissan como o Pathfinder.
Em termos dimensionais, a nova geração cresceu significativamente: 7,1 centímetros no comprimento, 4,06 centímetros na largura e 2,29 centímetros na altura. O entre-eixos foi ampliado em 3,81 centímetros, proporcionando maior espaço interno para passageiros e bagagens. A altura livre do solo também aumentou em 3,56 centímetros, totalizando 21,33 centímetros, melhorando a capacidade para enfrentar terrenos irregulares e transmitindo maior sensação de robustez característica dos SUVs.
Qual estratégia a Nissan adotou para o mercado nacional?
A Nissan implementou uma abordagem comercial inteligente ao decidir manter ambas as gerações do Kicks em produção simultânea. O Kicks Play, baseado na geração atual, será posicionado como opção de entrada com preço mais acessível, mantendo o motor 1.6 aspirado e partindo de aproximadamente R$ 117.990. Esta estratégia permite à marca atender diferentes perfis de consumidores sem abandonar clientes que buscam uma alternativa mais econômica no segmento de SUVs compactos.
Paralelamente, a Nissan está desenvolvendo um SUV compacto completamente inédito que utilizará a plataforma V do atual Kicks Play e será produzido exclusivamente no Brasil para exportação a mais de 20 países da América Latina. Esta estratégia de diversificação de portfólio demonstra a confiança da montadora japonesa na capacidade produtiva brasileira e no potencial de crescimento do mercado regional. O investimento robusto em tecnologia e automação da fábrica de Resende posiciona a unidade como um centro de excelência para a produção de SUVs destinados a toda a região.
Por que o motor Horse é considerado revolucionário?
O motor 1.0 TCe da Horse que equipará o novo Kicks representa uma das maiores inovações tecnológicas recentes no mercado brasileiro de propulsores. Este três cilindros turbo com injeção direta foi recentemente eleito “Motor a Combustão do Ano 2025” pela revista Autoesporte, quebrando um jejum de 25 anos da Renault nesta categoria. Com 125 cavalos e impressionantes 220 Nm de torque quando usado no Kardian, este propulsor combina tecnologia europeia com adaptação para combustíveis brasileiros, incluindo otimização para etanol.
A Horse Powertrain, joint venture entre Renault e Geely, desenvolveu este motor com foco em eficiência e baixas emissões. Seu bloco e cabeçote de alumínio, combinados com materiais de ultra alta resistência e turbina subcompacta de baixa inércia, resultam em apenas 90 quilos de peso total. O sistema start-stop integrado e a capacidade de queimar etanol com alta eficiência fazem dele uma solução ideal para o mercado brasileiro, onde a flexibilidade de combustível é fundamental para a competitividade comercial.