Minas Gerais, terra de montanhas e tradições, é também berço de figuras que se destacaram pela fé e dedicação ao próximo. Entre essas figuras estão Isabel Cristina, Padre Victor e Nhá Chica, cujas vidas foram marcadas por coragem, devoção e um legado espiritual profundo.
O processo de beatificação e canonização na Igreja Católica é rigoroso. Para a beatificação, é necessário o reconhecimento de um milagre. Já para a canonização, geralmente exige-se um segundo milagre — exceto em casos de martírio. A seguir, conheça a trajetória inspiradora dos beatos mineiros.
Isabel Cristina: fé, coragem e resistência
Nascida em Barbacena (MG), Isabel Cristina Mrad Campos teve a vida interrompida aos 20 anos, em 1982, após resistir a uma tentativa de estupro. Ela foi brutalmente assassinada com 15 facadas. O agressor, Maurilio Almeida de Oliveira, foi condenado, mas fugiu da prisão e faleceu em 2004.
Sua beatificação reconhece sua coragem diante da violência e sua fidelidade aos valores cristãos. Isabel Cristina é considerada mártir e símbolo de resistência e pureza, especialmente entre os jovens.
Padre Victor: o primeiro beato negro nascido livre no Brasil
Francisco de Paula Victor, conhecido como Padre Victor, nasceu em 1827, em Campanha (MG). Filho de uma mulher escravizada, enfrentou preconceitos raciais e sociais para se tornar padre, um feito raro à época. Ordenado em 1851, tornou-se um líder espiritual respeitado, especialmente pelos mais humildes.
Após sua morte em 1905, um milagre envolvendo a cura da infertilidade de uma mulher foi reconhecido pelo Vaticano. Em 2015, foi beatificado, tornando-se o primeiro beato negro nascido livre no Brasil.

Nhá Chica: a santa do povo de Baependi
Nhá Chica, como era carinhosamente chamada Francisca de Paula de Jesus, nasceu em 1808, em São João del Rei (MG). Filha de uma mulher escravizada, ficou órfã ainda jovem e mudou-se para Baependi em Minas Gerais, onde dedicou a vida à oração, à caridade e à construção de uma capela com doações recebidas.
Conhecida por sua humildade e milagres populares, Nhá Chica foi beatificada em 2013. Seu legado de serviço ao próximo e profunda fé a tornou uma das figuras mais queridas da religiosidade mineira.
Por que esses beatos mineiros são exemplos de santidade?
A trajetória de Isabel Cristina, Padre Victor e Nhá Chica demonstra como a fé pode inspirar ações extraordinárias mesmo diante de adversidades. Cada um enfrentou desafios diferentes — violência, preconceito ou pobreza —, mas todos mantiveram um compromisso inabalável com o amor ao próximo e a devoção a Deus.
Eles são lembrados por suas atitudes transformadoras, tornando-se exemplos vivos de virtudes cristãs.
O legado espiritual que ultrapassa fronteiras
Esses beatos mineiros não apenas deixaram um legado espiritual em Minas Gerais, mas inspiram fiéis por todo o Brasil. Suas histórias continuam sendo contadas, seus milagres celebrados e suas memórias mantidas vivas como símbolos da fé que move e transforma.