Uma investigação da Polícia Civil está trazendo à tona um preocupante esquema de fraudes realizado por falsos motoristas de aplicativos no Aeroporto de Guarulhos, o mais movimentado do Brasil. Conhecidos como “arrastadores”, esses criminosos extorquem passageiros, cobrando valores exorbitantes pelas corridas e ameaçando tanto as vítimas quanto motoristas legalizados. O esquema, que já resultou em brigas violentas, tem despertado a preocupação das autoridades.
O programa Fantástico investigou as atividades dos arrastadores por três meses e encontrou evidências de ações criminosas que incluem a cooptação de falsos seguranças e a participação de uma mulher que foca em persuadir passageiros estrangeiros. A abordagem envolve enganar os viajantes com a falsa promessa de uma corrida segura, mas o preço é até 70 vezes superior ao normal.
Como os Arrastadores Realizam seus Golpes?
Os golpistas operam de forma orquestrada na saída do aeroporto, abordando passageiros que buscam transporte. Uma das táticas utilizadas é alegar serem motoristas credenciados do aeroporto, convidando os passageiros a embarcar em veículos luxuosos para evitar desconfianças. Os criminosos então finalizam a corrida com valores absurdamente altos, e qualquer tentativa de recusa pode resultar em ameaças ou retenção de bagagens.
- Cobranças Exorbitantes: Algumas corridas, que normalmente custariam cerca de R$ 70, chegaram a ser cobradas em R$ 4.999.
- Ameaças Diretas: Os passageiros são frequentemente intimidados a pagar o valor exigido para recuperar suas malas ou seguir viagem.
Quantos Carros Irregulares Foram Apreendidos?
Segundo a prefeitura de Guarulhos, 2024 já contabiliza a apreensão de mais de 120 veículos operando ilegalmente no aeroporto. As autoridades enfrentam desafios crescentes para coibir esse tipo de atividade, que envolve além do transporte clandestino, outras atividades ilícitas como porte ilegal de armas e possível tráfico de entorpecentes.
- Identificação de condutores que alegam ser motoristas de aplicativo, mas sem registro em plataformas.
- Confirmação de práticas repetitivas de extorsão e agressão contra quem impede o andamento do esquema.
Qual o Papel das Autoridades e das Concessionárias?
Enquanto a Gru Airport, empresa concessionária do aeroporto, afirma que a fiscalização é responsabilidade das autoridades policiais e municipais, a Polícia Civil e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) trabalham para investigar as atividades criminosas. Um relatório da PRF de 2021 já havia alertado sobre a existência de uma organização com mais de 100 veículos irregulares, movimentando milhões de reais através desses golpes.
A colaboração entre diferentes órgãos é crucial para desmantelar o esquema, aproveitando dados já coletados e monitoramento presencial no aeroporto. Novas estratégias de segurança e fiscalização estão sendo consideradas para aumentar a proteção dos passageiros e a segurança no local.
Casos Recentes e Perspectivas Futuras
O caso de Geraldo Ferreira Júnior, um dos arrastadores que desempenhou atividades fraudulentas reiteradas, ilustra a persistência do problema. Condenado por estelionato, sua pena foi convertida em uma sanção leve e ele continuou a operar. Outro arrastador, Celso Araujo Sampaio de Novais, foi recentemente vítima de um tiroteio em evento não relacionado, demonstrando os riscos subjacentes às conexões com atividades criminosas.
O cenário exige atenção contínua das autoridades e medidas concretas para reforçar a segurança no aeroporto. A cooperação entre empresas privadas, forças de segurança e a comunidade será vital para adotar soluções eficazes contra as fraudes e proteger os passageiros de futuras extorsões.