Vinicius Veloso, sócio do grupo Chalezinho -  (crédito: Marcos Vieira/EM/D.A Press)

Vinicius Veloso, sócio do grupo Chalezinho

crédito: Marcos Vieira/EM/D.A Press

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) está recrutando profissionais com mais de 50 anos para atuar em diversas funções no setor gastronômico de Belo Horizonte e Região Metropolitana. Com uma demanda crescente por mão de obra qualificada e comprometida, a Abrasel enxerga uma oportunidade para a faixa etária reinventar o ramo.

 

A presidente da associação, Karla Rocha, afirma que a iniciativa busca suprir a falta de profissionais na área. “Nosso setor sofre com a falta de mão de obra e vemos uma grande oportunidade entre os 50+ que precisam se recolocar no mercado de trabalho e o setor que busca profissionais comprometidos e maduros”.

 

O recrutamento começou em abril e já direcionou mais de 30 profissionais interessados. Dentre as funções estão cozinheiros, ajudantes, garçons, caixas, cumins, auxiliares de serviços gerais, administrativos e demais especialidades. “Vamos coletar os profissionais, função e bairro, e oferecer ao setor que está carente”, informou a presidente. A primeira chamada aconteceu no dia 18 e, segundo Rocha, a ação acontecerá frequentemente.

 

Os interessados em contribuir devem entrar em contato com a Abrasel pelo número (31) 99966-3430. Logo depois, uma lista é encaminhada aos mais de cinco mil estabelecimentos associados, informando o local onde a pessoa reside e o cargo. “O nome e identidade são preservados, mas o local onde mora e cargo são divulgados. Assim tanto o profissional como a empresa escolhem onde está a melhor oportunidade”, explica Karla Rocha.

 

Falta de mão de obra no setor

A pandemia trouxe consigo uma série de desafios para donos de bares e restaurantes, e mesmo com a retomada das atividades, as dificuldades persistem. Entre os obstáculos está a reposição de profissionais qualificados.

 

“Como os estabelecimentos ficaram fechados, muitas pessoas migraram, foram trabalhar com outras coisas. Quando retornou, fui em busca deles, mas não consegui trazê-los de volta, a maioria já estava atuando em outras atividades”, conta Marcelo Gonzalez, que trabalha há 35 anos no ramo e coordena uma série de restaurantes na cidade.

 

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A falta de mão de obra afeta diretamente a operação dos estabelecimentos. "Semanalmente eu recebo propostas para montar novos restaurantes, mas não consigo. Fechei um recentemente, e ao invés de abrir um novo, eu peguei os funcionários dele e distribuí para os outros restaurantes", lamenta Marcelo.

 

O sócio do grupo Chalezinho, Vinicius Veloso, também comenta os efeitos dessa falta. “O setor de restaurantes, hoje, passa por um encurtamento da disponibilidade de profissionais, menos pessoas têm se interessado”. O grupo tinha previsto a inauguração do Cozinha de Fogo Wals, no Shopping Del Rey, na segunda quinzena de março, mas ainda está sem funcionamento.

 

Entraves

Marcelo Gonzalez explica que a falta de mão de obra também é motivada por outros fatores além do interesse pela área. Para ele, os horários de trabalho podem ser um obstáculo. “As pessoas no nosso segmento costumam trabalhar à noite e nos finais de semana. Quem aceita trabalhar nesses horários têm uma dificuldade grande em relação ao transporte público. Dificilmente em BH e região tem ônibus depois das 23h”.

 

Por isso, se a empresa não arcar com o custo de um uber, por exemplo, a pessoa não fica para trabalhar. “Além do custo do transporte coletivo em casos em que o profissional mora distante”. Marcelo afirma que isso afeta no interesse dos funcionários, principalmente pessoas jovens, as quais, segundo ele, não querem ter esse compromisso.

 

As vagas

Na Grande BH, estão abertas vagas nas unidades do A Granel do Coração Eucarístico, Itaú Power Shopping e Pátio Savassi. O bar Berilo também na Savassi, o Vila Francisca, localizado no Aeroporto de Confins e o Bem Grelhados no Shopping Cidade, também estão recrutando profissionais para todas as áreas.

 

“No total tenho cerca de 300 funcionários, o ideal seria mais 50. O salário varia de 2 mil até em torno de 5 mil”, destaca Marcelo. Em todos os estabelecimentos, os funcionários recebem gratificação, vale transporte e plano de saúde Unimed.

 

Vinicius Veloso comemora a iniciativa da Abrasel, e comenta que todos os restaurantes do Grupo Chalezinho recrutam, por mês, cerca de 20 profissionais. “Toda iniciativa para ajudar é bem-vinda, e o fato de aumentar a diversidade no mercado de trabalho é sempre positivo”.

 

*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice