Estudantes chegam a um dos locais de prova do CNU em Brasília. Concurso Nacional Unificado, Uniceub, Asa Norte -  (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A. Press)

Estudantes chegam a um dos locais de prova do CNU em Brasília. Concurso Nacional Unificado, Uniceub, Asa Norte

crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A. Press

O grande dia do Enem dos Concursos chegou e, agora, os 2,1 milhões de inscritos devem se empenhar e torcer para irem bem no exame deste domingo. Duas provas serão realizadas pela manhã e à tarde em 228 cidades espalhadas pelo país e distribuídas em mais de 70 mil salas. Os organizadores recomendam que é importante chegar cedo e não esquecer os itens, como caneta com tubo transparente preta, e documentos obrigatórios.

 

O consenso entre os candidatos e candidatas ouvidos pelo Correio é que o Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) é uma grande oportunidade para alcançar a estabilidade financeira e profissional. Os rituais dos candidatos são os mais diversos. Alguns preferem estudar até os últimos minutos antes da prova, outros, aproveitar a experiência, apesar das rigorosas exigências dos organizadores, que não permitirão que os candidatos levem o caderno de questões para casa.


 

A estudante de serviço social Laís Tavares, de 21 anos, por exemplo, mesmo sem grande preparação, reconhece a importância do certame. "Eu não estudei muito. Vou fazer, porque vai que eu tenho um conhecimento sobre o que vai cair. A minha expectativa está baixa. Eu não sou formada, mas me inscrevi para um eixo que exige formação, pois caso tenha reserva de vagas, posso conseguir", afirma. Ela se inscreveu, porque considera uma grande oportunidade de ganhar um bom salário. "Infelizmente, no final não aproveitei tanto essa oportunidade porque não estudei. Me inscrevi porque na área de serviço social, para ganhar bem, tem que ser concursado. Esse concurso vai ser bom como um simulado", acrescenta.

 

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Para Laís Tavares e muitos outros, o CPNU representa não só um teste de conhecimentos, mas também uma chance de ingressar em uma carreira promissora no serviço público. Clara Nogueira Maria, 25 anos, bacharel em letras, por sua vez, está estudando bastante para o exame, com o objetivo de trabalhar em sua área de uma forma melhor e com estabilidade. "Eu acredito que essa prova tem uma oportunidade muito boa, por ter bastante interpretação. Dessa forma, ela se torna inclusiva, dando oportunidades para quem tem mais dificuldade", explica. Ela conta que começou a estudar desde que ficou sabendo do concurso unificado, no ano passado. "Estou muito empolgada. Eu nunca tinha feito algo desse tipo, nesse nível de grandeza e abrangência nacional. Estou empolgada só por estar participando", afirma.

 

 

Prova de resistência

 

Clara Maria acredita que várias pessoas da mesma área dela devem participar. "Conheço gente que já trabalha e quer aumentar a renda. Esse é um concurso que está sendo falado em todo lugar, até no ônibus que eu pego, o motorista e cobrador estavam falando que iriam prestar o concurso", conta. A candidata, porém, admite que será um concurso bastante difícil. "Vai ser de resistência, pois terá uma parte de manhã e outra à tarde. Por outro lado, será um concurso mais democrático, pois vai abranger várias áreas do conhecimento", declara.

 

 

Especialistas indicam que os candidatos precisam apenas revisar conteúdos já estudados e descansar. A servidora Luíza Guimarães, 27 anos, será uma dessas milhões de candidatas que farão o certame. Moradora de Águas Claras, no Distrito Federal, ela conta que, na sexta-feira, foi o último dia de estudos para as provas deste domingo, no Centro Educacional da 106, do Recanto da Emas.

 

 

"Na reta final, estou focando os conteúdos que já estudei e que eu acho que terão mais probabilidade de cair na prova, principalmente em relação aos eixos que têm mais peso", afirma a candidata. No CPNU, Luíza almeja uma vaga no bloco 7 — área de gestão governamental e administração pública. "O cargo que me brilha os olhos é o de políticas públicas e gestão governamental", conta.

 

 

Assim como a servidora que fará as provas no Recanto das Emas, o gestor público Douglas dos Anjos enxergou no bloco 7 uma possibilidade de casar sua formação universitária com os benefícios que um cargo no poder público federal pode oferecer. Ele fará as avaliações em Taguatinga. Quanto à preparação de estudos e psicológica para o CPNU, Douglas afirmou estar "tentando ficar mais tranquilo" com a proximidade da prova. "Diferentemente da primeira vez, que a prova foi adiada, eu sinto que agora estou tranquilo e que consegui bater todas as matérias que eu tinha que estudar. Também estou acertando uma boa porcentagem das questões dos simulados", disse.

 

O bloco 7, escolhido por Douglas e Luíza para concorrer a uma vaga no concurso unificado, tem 429.370 inscrições para 1.748 vagas. Entre o número de inscritos por oportunidade, a concorrência será de 245 para uma vaga. As chances ofertadas no bloco 7 demandam que os candidatos tenham nível superior.

 

Estratégia de estudos

 

Embora tenha graduação, a estudante Lorrane Aquino, 25 anos, concorrerá ao CPNU no bloco 8 — de nível médio. Segundo ela, que também enxerga no concurso unificado uma boa possibilidade de ingressar no serviço público, nesse bloco ofereceria a possibilidade de utilizar sua bagagem de estudos para concursos. "Escolhi o bloco 8 porque era o que mais se encaixava em meu cronograma porque as matérias desse bloco se encaixam com assuntos que venho estudando para outros concursos. Então, no bloco 8, a única matéria que tive de adicionar no calendário de estudos foi a que trata de realidade brasileira. O restante, eu já vinha estudando", explica.

 

Assim como Douglas e Luíza, Lorrane usou esses últimos dias antes do CPNU para fazer revisões. "A gente não aprende nada de novo na última semana. Então, nesses últimos dias, fui pegando simulados com questões para resolver. Aí eu vou corrigindo as questões para ver o que errei, o que acertei, e o que eu preciso revisar mais", afirma. Para o bloco 8, que será direcionado a candidatos com nível médio, houve 701 mil inscrições para 692 vagas e a concorrência será de 1.013 candidatos por vaga.

 

O Concurso Unificado é inédito e o maior certame já realizado no país, com 6.640 oportunidades em diversas áreas distribuídas em 21 órgãos da administração federal. E a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), Esther Dweck, já avisou que, em 2025, haverá outro certame na mesma modelagem.

 

Cartão de confirmação

 

Na manhã de ontem, a pasta informou que, a 24 horas do início das provas, 52% das pessoas inscritas no certame conferiram seus locais de prova. De acordo com o órgão, o cartão de confirmação traz, entre outras informações, número de inscrição, data, hora e local de prova, além de registrar que a pessoa inscrita terá direito a atendimento especializado ou tratamento pelo nome social, se for o caso. Apesar de não ser obrigatório, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e a Fundação Cesgranrio recomendam levar o cartão impresso no dia da realização da prova.

 

 

Conforme previsto no edital, a abertura dos portões está marcada para as 7h30 no período matutino e as 13h no turno vespertino. Já o fechamento dos portões está marcado para 8h30 e para 14h, respectivamente. A programação segue os horários de Brasília, portanto, é importante não se atrasar para não ser desclassificado por não conseguir entrar antes de os portões fecharem.

 

Pela manhã, os candidatos dos blocos de 1 a 7 farão uma prova objetiva com 20 questões de conhecimentos gerais e um item dissertativo sobre conhecimento específico. Já os inscritos no bloco 8 realizarão uma prova objetiva composta de 20 questões de língua portuguesa, além de uma redação.

 

Na parte da tarde, serão aplicadas as provas de conhecimentos específicos com 50 questões objetivas para os candidatos às vagas de ensino superior, no qual cada bloco temático terá uma prova diferente. Já os candidatos inscritos no bloco 8 farão uma prova com 40 questões das seguintes disciplinas: matemática, noções de direito e realidade brasileira.

 

Sala de situação

 

Desde a manhã deste domingo, o Ministério da Gestão acompanhará a realização do CPNU de uma sala de situação instalada no edifício-sede da da Dataprev, em Brasília. Estarão presentes a ministra Esther Dweck o coordenador-geral de Logística do CPNU, Alexandre Retamal, o presidente dos Correios, Fabiano dos Santos, entre outros técnicos e autoridades envolvidas na organização da seleção. Na noite de ontem, foi confirmada também a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no local.

 

Das 6h até às 20h, a Equipe para Tratamento de Incidentes e Respostas (Etir) fará o monitoramento em tempo real, o que agilizará a tomada de decisões diante de quaisquer intercorrências. A equipe também estará conectada ao Centro Nacional de Comando e Controle (CNCC) do Ministério da Justiça e da Segurança Pública (MJSP) e a todos os 27 Centros Integrados de Comando e Controle (CICC) das Secretarias Estaduais de Segurança Pública, assim como estará integrada às 27 Coordenações Regionais da Fundação Cesgranrio, realizadora do concurso.

 

A divulgação dos resultados das provas objetivas e preliminares das provas discursivas e redações será realizada em 8 de outubro. O resultado definitivo será anunciado em 21 de novembro. A etapa de convocação para posse e realização de cursos de formação começará em janeiro de 2025, de acordo com informações do MGI.

 

*Estagiária sob a supervisão de Rosana Hessel