O Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, lembrado neste sábado (21), reforça a necessidade de o Brasil aumentar a inclusão do público PCD no mercado de trabalho. Os avanços, nesse sentido, são inegáveis, 33 anos após a entrada em vigor da Lei 8213, ou Lei de Cotas, de 1991, que reserva de 2% a 5% das vagas nas empresas com mais de 100 funcionários a pessoas com deficiência.
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Coordenadora de Diversidade, Inclusão e Equidade (DEI) do Senac, que faz parte do Sistema Fecomércio, Juliana Gaudêncio afirma que a legislação é uma ferramenta essencial para quebrar barreiras, mudar a cultura organizacional e a criar oportunidades para que pessoas com diferentes habilidades sejam inseridas no mercado.
Ela ressalta, porém, que as cotas não são uma medida definitiva, mas sim um ponto de partida para a construção de um mercado de trabalho mais inclusivo, justo e equitativo. “A longo prazo, o objetivo é que as empresas reconheçam o potencial das pessoas com deficiência e as contratem por suas qualificações e competências, sem a necessidade de leis específicas”, pondera.
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Para Juliana, as organizações públicas e privadas devem continuar investindo em ações e projetos para promover a inclusão, diversidade e acessibilidade. No Sistema Fecomércio e Senac, graças a parcerias estratégicas, esses conceitos vêm sendo fortalecidos, impactando 2.224 estudantes autodeclarados com deficiência?e?99 pessoas colaboradoras?com necessidades específicas, no estado.
“Nossas iniciativas de inclusão envolvem desde ajustes físicos nos ambientes, implementação de recursos para adaptação de espaços e mobiliários, investimentos em tecnologias assistivas, adaptações pedagógicas, acessibilidade comunicacional e atitudinal, digital, até a capacitação contínua das pessoas colaboradoras para garantir que todas possam participar plenamente e alcançar seu potencial”, resume.
Inclusão
Para Juliana Gaudêncio, a formação profissional é um pilar fundamental para a inserção das pessoas com deficiências no mercado de trabalho. “A formação contribui para o desenvolvimento da autonomia, do empoderamento e, principalmente, da valorização do potencial das pessoas com deficiência, demonstrando que elas são capazes de desempenhar as mesmas funções que todas as pessoas, desde que tenham oportunidades, em equidade, e tenham acesso as adaptações que atendam às suas necessidades específicas, pois, só assim, conseguirão desenvolver os conteúdos técnicos e comportamentais exigidos pelo mercado de trabalho e aprendido em nossos cursos”, argumenta.
Recomeço
Ao oferecer espaços e cultura inclusivos a todos aqueles com necessidades específicas na perspectiva educacional e organizacional, o Senac vem impactando a vida de muitas pessoas. Entre elas, está Danúbia Ferreira Silvério. Aos 43 anos, mãe de Gabriel, de 11, ela foi vítima de arma de fogo, em 2017 e se tornou cadeirante. Foi um momento de depressão e descrença. “Não queria fazer nada, tinha medo de sair de casa e medo de ficar sozinha”, lembra. “Há quase dois anos o Senac entrou em minha vida para ajudar a transformar essa história. Fui encaminhada à reabilitação profissional pelo INSS. Comecei o curso técnico em Recursos Humanos e voltei a sonhar”, conta.
No Senac, Danúbia viu adaptações no imobiliário, rampas, banheiros, que podem parecer simples, mas que fizeram toda a diferença em sua jornada de estudante. “Não fui simplesmente jogada no cantinho. Vi que ali eles se importavam comigo. Eles se prepararam para me receber. Senti-me incluída, valorizada e pertencente. Isso me motivou a participar de um processo seletivo de trainee para PCD, aberto pelo próprio Senac. Tive muito apoio dos docentes. Consegui a vaga de trainee em junho deste ano, após três meses, fui efetivada como auxiliar administrativa da Faculdade Senac Contagem”, comemora.
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