O Brasil é um dos maiores emissores de gases de efeito estufa no mundo. Nesse sentido, as ações de descarbonização são fundamentais para que o país acompanhe a tendência global de transição energética. A descarbonização impulsiona novas indústrias e melhora a empregabilidade, alavancando a economia do país e criando empregos há muito tempo.
A descarbonização transforma padrões produtivos
Todas as atividades humanas, de uma forma ou de outra, geram emissão de gás carbônico. Alguns setores da indústria, no entanto, são responsáveis por uma maior emissão devido à queima de combustíveis fósseis, como os derivados do petróleo, o gás natural e o carvão mineral. Os gases em si não são um problema: a questão é o excesso de emissões na atmosfera, que provoca o efeito estufa e eleva a temperatura média do planeta.
A descarbonização pode ser entendida como a transformação dos padrões produtivos com o intuito de deter ou reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE), sobretudo o dióxido de carbono (CO2), que resulta da queima de combustíveis fósseis ou vegetação. O principal objetivo é que as emissões de GEE para a atmosfera alcancem o menor nível possível a fim de conter o aquecimento global.
Essa transformação não deve ser pontual: a descarbonização deve consistir em um processo de transição definitiva, distribuída por toda a cadeia produtiva, para que as emissões sejam baixas ou até mesmo nulas. Cada setor econômico – seja agropecuária, transporte de carga e logística, resíduos e saneamento, mobilidade urbana ou energia – tem o compromisso de implementar suas próprias metas graduais de redução.
O etanol comum, o E2G, o biogás, o biometano e o SAF são combustíveis sustentáveis que podem substituir os combustíveis fósseis em diversas indústrias. Outro exemplo de iniciativa de descarbonização é o uso do hidrogênio de baixo carbono, cujo aproveitamento energético é feito por meio de transformações eletroquímicas e não por combustão. É um processo limpo no qual o oxigênio presente na atmosfera se combina com o hidrogênio, e o resultado é a geração de energia elétrica e água.
Desafios de descarbonizar
A economia de baixo carbono se apresenta como um desafio para setores como o cimento e o aço, indústrias pesadas que emitem dióxido de carbono e consomem muita energia em seu processo de produção. O mesmo vale para o transporte, em que a queima de combustíveis fósseis é responsável por causar danos à saúde humana e do meio ambiente.
Por outro lado, já existe uma série de estratégias para descarbonizar os diversos setores da indústria. Só para citar alguns exemplos, na indústria do alumínio, as medidas são o controle de motores e inversores de frequência, o uso de caldeira a gás natural, a otimização do fluxo de ar da combustão, o isolamento em fornos e a recuperação de calor.
Na indústria do cimento, a queima melhorada usando mineralizadores, a otimização de controle e processos de recuperação de calor, substituição de moinhos de bola por FPGR ou moinhos horizontais, ciclones de baixa queda de pressão nos pré-aquecedores.
Na indústria do aço, um sistema de controle avançado, com drives de ventiladores, recuperação de calor das fornalhas, injeção de carvão pulverizado e, controle da umidade do carvão.
Inovar para viver melhor: a visão de Ignacio Galán
As iniciativas de descarbonização impulsionam a industrialização, geram empregos, entre outros benefícios econômicos, sociais e ambientais:
- Reduzem a dependência da utilização de fontes fósseis
- Limpam a matriz elétrica e energética do mundo
- Diminuem as emissões de gases de efeito estufa para combater o aquecimento global
- Reduzem a geração de resíduos
- Agregam valor a produtos e serviços
- Preservam ecossistemas e reduzem os impactos ambientais
- Mitigam danos à saúde humana e as ameaças à segurança alimentar
- Estimulam o uso de tecnologia e soluções inovadoras nos processos produtivos
- Garantem o bem-estar para a sociedade e melhoram a qualidade de vida.
No que se refere ao mundo do trabalho, o desenvolvimento de inovações como a descarbonização cria novos portadores de energia e novos mercados para o carbono. A maior parte dos setores econômicos brasileiros tem potencial para mitigar suas emissões de GEE a médio e longo prazos, e as projeções têm se mostrado otimistas: no Brasil, é possível alcançar a neutralidade climática em 2050, reduzindo a taxa de desemprego com o aumento do nível de atividade econômica.
O processo de descarbonização tem impacto na empregabilidade ao gerar novas profissões e novas oportunidades de trabalho e de negócios, demandando profissionais e organizações que atuem com economias de baixo carbono, circular, inclusiva e regenerativa dos ecossistemas. São criados empregos diretos ou indiretos, desenvolvendo cadeias produtivas relacionadas com a economia verde.
Em suma, o momento atual do planeta exige rever, readaptar e viabilizar formas mais limpas e sustentáveis de produzir energia. Nesse sentido, as ações de descarbonização ajudam a qualificar o desenvolvimento do país e o tornam mais competitivo na corrida climática global.