Em homenagem publicada ontem, Ronaldo Nazário, gestor do Cruzeiro, afirmou que Zagallo foi seu melhor treinador e um pai para ele. O ex-jogador escreveu que teve sorte em ser dirigido por Zagallo e ter contado com a sua mentoria.
"Sorte a minha que tive a sua direção em campo – sem dúvida alguma, meu melhor técnico – e a sua mentoria para além das quatro linhas – Mario Jorge também foi um pai pra mim", publicou no Instagram.
Ronaldo exaltou a grandeza de Zagallo e destacou a "trajetória extraordinária" e o "legado inigualável" do Velho Lobo. "O que ele representa para o mundo, para o esporte e para o país é de uma dimensão tão fora do comum que, hoje, com a sua partida, muitos falarão em fim de uma era. Direi diferente: sua era é eterna. Zagallo Eterno tem 13 letras". "Obrigado, mestre. Te amo. Descanse em paz", concluiu na postagem.
Ronaldo participou com Zagallo das Copas do Mundo de 1994, 1998 e 2002, além dos Jogos Olímpicos de 1996. O jogador, então ainda chamado de Ronaldinho, vivia a fase áurea da sua carreira. Em episódio marcante da carreira de ambos, o atacante sofreu uma crise nervosa na concentração, antes da decisão do Mundial de 1998, e teve de ser levado para atendimento em uma clínica. Zagallo chegou a escalar Edmundo, mas recuou quando Ronaldo apareceu no vestiário.
"O Ronaldo chegou quase em cima da hora e já veio com meia, calção... pronto para jogar: 'Zagallo, não me tira dessa. Pelo amor de Deus, não me deixe de fora'", afirmou o ex-técnico. Foi atendido. Só que nem Ronaldo nem o Brasil se acharam e tiveram uma atuação pífia. França, Zidane à frente, foi campeã fácil, por 3 a 0.
Romário exalta Zagallo
O ex-jogador de futebol e senador Romário (PL-RJ) deixou as desavenças que tinha com Zagallo de lado e lamentou a morte do Velho Lobo. Pouco antes de tomar posse como presidente do América do Rio de Janeiro, o Baixinho comparou Zagallo a Pelé e disse que o tetracampeão mundial deixou um legado importante para o futebol.
"Em relação à importância para o nosso futebol, principalmente brasileiro, ele (Zagallo) tem a mesma importância de um Pelé", disse Romário. "Zagallo realmente sempre foi um vitorioso, tetracampeão mundial. Deixou um legado importante para todo nós. Hoje é um dia triste para o futebol", acrescentou.
A relação entre Romário e Zagallo foi marcada por brigas. Um dos episódios mais marcantes foi durante a época em que o técnico comandava a Seleção Brasileira, a caminho da Copa do Mundo de 1998.
Ao ser substituído em jogo contra a Costa Rica, em 1997, Romário xingou Zagallo e reclamou da decisão do técnico. Dias depois, tentou minimizar o caso, mas admitiu na época que "ninguém gosta de ser substituído". Na Copa do Mundo do ano seguinte, em 1998, ficou de fora da seleção.
Os dois também travaram brigas judiciais. Zagallo processou Romário por conta de uma caricatura do Velho Lobo na porta do banheiro de uma boate que pertencia ao ex-jogador. "Todos sabem da minha relação com Zagallo. Na verdade, a gente não tinha nenhum tipo de relação, mas uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa, eu tenho que admitir".
Romário tomou posse neste sábado como presidente do America, time tradicional carioca. Clube de coração do pai do senador, Edevair, o time também era uma paixão de Zagallo. Foi com a camisa vermelha e branca que o Velho Lobo iniciou sua carreira no futebol, entre 1948 e 1949. Pelo America, ele também foi atleta de tênis de mesa e sócio do clube.
Apesar da ligação íntima de Zagallo com o time, Romário não mencionou o antigo desafeto em seu discurso de posse. Preferiu exaltar o amor que seu pai tinha pelo clube, no qual encerrou sua carreira como jogador, em 2009.
"Hoje é um dos dias mais especiais da minha vida. Acabo de tomar posse como presidente do America, meu time de coração, o clube que eu passei a amar através de meu saudoso pai, seu Edevair." (FolhaPress)