Ailton do Vale
Como destacou Rafaela, a Fórmula 1 recebe cada vez mais mulheres de distintas áreas profissionais, além do evidente aumento no número de fãs que acompanham com afinco as corridas. Uma pesquisa divulgada em 2023 pela iniciativa More Than Equal (Mais do que igual, em tradução literal), que tem o ex-piloto escocês David Coulthard como um dos fundadores, mostra que o público feminino já corresponde a 40% do total. Outra constatação importante, elas são 70% mais propensas ao engajamento sobre a modalidade nas redes socias.
Uma delas é a estudante paulista Alice Alves, de 20 anos, que cursa o sétimo período de jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ela tem Ayrton Senna como maior ídolo e sonha em cobrir a F1 profissionalmente.
"Existem coisas que fazem nosso coração bater mais forte. Estar num autódromo e ouvir o som de um motor ligando, aquilo ali faz com que eu me sinta viva. Então, meu sonho é trabalhar 100% do tempo com o automobilismo", enfatiza Alice Alves.
Curiosamente, a futura jornalista despertou o interesse por Ayrton Senna depois de calorosas discussões com o próprio pai sobre quem é o melhor piloto da Fórmula 1 de todos os tempos. Inicialmente, Alice tinha o inglês Lewis Hamilton como sua maior referência. "Isso deve ter ocorrido por volta de 2018, 2019... Adolescente ama discordar, e eu era uma adolescente. Batia o pé dizendo que o Hamilton era melhor! Em número de títulos, de fato ele é maior, com sete, e o Senna com três. Mas quando analisamos a importância de cada um, é incabível essa discussão. Depois de debater com meu pai por um tempo, decidi que precisava saber mais sobre quem era Ayrton Senna, essa figura tão presente para o Brasil", rememora.
"O próprio Hamilton sempre falou muito do Senna, meu pai falava do Senna, então veio aquele ímpeto: 'Preciso saber quem é Ayrton Senna. Dali para frente, ele se tornou talvez a pessoa mais importante na minha vida", acentua.
Motivada pela trajetória de Ayrton Senna, exemplo de coragem para muitos brasileiros, Alice destaca que a expansão da presença feminina no automobilismo se deu de maneira semelhante, com muita luta, superando as adversidades.
"A gente vê que de fato a presença feminina no automobilismo tem se intensificado agora. É que agora chutamos a porta e não tem mais volta! Antes essas mulheres existiam, mas estavam sendo silenciadas. Agora não mais, acabou essa brincadeira de que o automobilismo é um esporte para homem. O automobilismo é um esporte para quem quiser curtir, e o espaço do paddock é para homens e mulheres na mesma medida", finaliza.