Faltam 48 horas para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris. Será a primeira vez que o evento acontece fora de um estádio: as delegações vão participar de um colorido desfile fluvial no rio Sena, o principal da capital francesa. Mas os brasileiros não parecem animados para o evento. Isso porque o traje a ser utilizado pelos atletas gerou críticas.
Os representantes brasileiros vão vestir saia midi branca ou calça da mesma cor, camisetas listradas em verde e amarelo e jaquetas jeans com onças, araras e tucanos bordados às costas. Nos pés, chinelos Havaianas. As peças são da Riachuelo, patrocinadora do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e marca de moda oficial do time Brasil. Segundo a empresa, a ideia foi explorar a fauna e a flora do país. As jaquetas foram bordadas pelas bordadeiras de Timbaúba dos Batistas, cidade no semiárido do Rio Grande do Norte.
Mesmo com toda explicação, o look não agradou. São diversas críticas nas redes sociais, incluindo de famosos. A ex-atleta olímpica Márcia Fu comparou o look com as roupas usadas em cultos evangélicos. “O que é isso aqui? Isso é do Brasil? Como assim? Gente, isso não é do Brasil, não, estão mentindo. Esse negocinho jeans… Que blusa é essa aqui embaixo? Bem de crente. Ai, desculpe, eu não podia ter falado, mas eu falei. Não gostei”, disparou.
“Péssimo gosto. Me ajuda aí, colega, uma porcaria. Não gostei. Me ajuda que está danado esse uniforme do Brasil. Eu acho que as meninas mereciam coisa melhor. A nossa delegação merecia, com certeza, coisa melhor. Para, cortar esse do Brasil. Horrível”, declarou.
Anitta também criticou as peças. “Acho que o look representa exatamente como o atleta é tratado no país. Sem estrutura, sem oportunidades, desvalorizado. O atleta no Brasil é um grande vencedor só por resistir na decisão de ser atleta. O olhar veio pra reafirmar exatamente isso, como que o atleta precisa ser guerreiro e passar por poucos e boas para seguir seu sonho”, escreveu em uma rede social.
A Riachuelo disse estar aberta às críticas. “Neste momento, estamos direcionando todos os nossos esforços, energia e vibração para motivar e torcer pelos nossos atletas que tanto se preparam para esse momento e contam com nosso apoio e torcida."
O COB informou que está entregando todos os uniformes para os atletas. “Ainda no Brasil, os atletas recebem uniformes de viagem e desfile, fornecidos pela Riachuelo e pela Havaianas para a abertura em ecobags. Já em Paris, todas as delegações recebem malas Peak com mais de 30 itens, variados entre masculino e feminino”, disse o post do Instagram.
O ministério do Esporte veio a público explicar que não tem relação com os uniformes. “O Comitê Olímpico do Brasil (COB) provê as roupas de viagens, desfile, cerimônia de abertura e dia a dia na Vila Olímpica para todos os atletas brasileiros. (...) O apoio do Mesp se dá por meio do Bolsa Atleta, um programa contínuo de apoio financeiro mensal, que, nesta edição das olimpíadas, contempla 88% dos 276 atletas classificados. Somente em 2024, são mais de 9 mil esportistas beneficiados pelo Governo Federal. O Bolsa Atleta, considerado o maior programa de incentivo esportivo do mundo, acaba de completar 20 anos e neste mês passou por reajuste de 10,86%, depois de 14 anos com valores congelados”, diz a nota.
Vale ressaltar que as roupas usadas na abertura não são as mesmas das competições. Cada modalidade tem um uniforme específico para atender tanto às regras oficiais quanto para garantir o melhor conforto durante a competição.
Outros países
Com assinatura de grandes marcas, como Ralph Lauren, Adidas e Berluti, outros países se empenharam em mostrar a identidade nacional no uniforme, incorporando avanços tecnológicos e sustentabilidade.
Um destaque entre os torcedores brasileiros é a roupa da Mongólia, considerada a equipe olímpica mais bem vestida deste ano. O look é da marca Michel & Amazonka, liderada pelos designers Michel Choigaalaa e Amazonka Choigaalaa, e incorpora elementos culturais, fugindo de ternos, saias e calças de outros países.