advogado e jornalista Eduardo de Ávila também é um dos que contribuem para que a figura do Papai Noel permaneça viva na cabeça da meninada -  (crédito: arquivo pessoal)

advogado e jornalista Eduardo de Ávila também é um dos que contribuem para que a figura do Papai Noel permaneça viva na cabeça da meninada

crédito: arquivo pessoal

 

Papai Noel continua sendo mensageiro da magia da festa natalina, um dos seus símbolos mais queridos, e se perpetua nas lembranças dos pais, que desejam que seus filhos compartilhem a mesma fantasia das suas infâncias, cultivando esse personagem capaz de, em uma noite só, percorrer distâncias quilométricas com seu trenó e suas renas amestradas, para entregar as encomendas de Natal.
O advogado e jornalista Eduardo de Ávila também é um dos que contribuem para que a figura do Papai Noel permaneça viva na cabeça da meninada, participando de várias ações filantrópicas no final do ano. Encarnar Noel vem sendo uma constante em sua vida desde 2012, quando percebeu que sua barba estava ficando branca.


Ele, que nunca pensou na ideia, começou sua carreira diante do apelo de uma senhora que prestava serviços sociais em uma creche. “Fazia academia no Minas Tênis e ela se aproximou, com muitos dedos, dizendo que precisava de um substituto para o Papai Noel que entregaria os presentes para as crianças, e se eu poderia colaborar. Fiquei empolgado, comprei a fantasia e aí não parei mais”.


Desde então, vem aprimorando o papel com entusiasmo, levando alegria e emoção para espaços que se dedicam ao trabalho solidário. “Em outubro, essa senhora me manda a agenda dela, que inclui creches, asilos, escolas especiais, e vou me programando. Incluo também outros compromissos e já cheguei a fazer de 15 a 20 eventos por ano”, ressalta Eduardo. A maratona inclui, em sua maioria, instituições na periferia de Belo Horizonte, cidades próximas como Sabará e Contagem.


O brilho nos olhos, a expectativa do presente, a espontaneidade das crianças sempre o comovem. “É muito gratificante. Quando termino a temporada, sinto que estou mais leve, que valeu a pena a peleja do ano inteiro”, pontua.


Eduardo conta que participar desses momentos também o faz remeter à sua infância. “Foi uma prima que me falou que Papai Noel não existia e me lembro que fiquei muito abalado na ocasião. Queria continuar sonhando. Saber que contribuo para manter a ilusão nas cabecinhas das crianças é muito importante para mim”.


Convívio

Em seu trabalho, acontecem fatos bem engraçados, muitas brincadeiras, alguns meninos mais atrevidos puxam sua barba para verificar se é de verdade, na tentativa de aproximação. Quando o desafiam, argumentando a falta da barriga, ele devolve a cobrança. “Durante o ano todo me cuido, faço exercícios e tudo o mais. Só engordo durante a noite de Natal. Muitas crianças deixam um docinho onde coloco o presente, daí termino o trabalho cansado e gordinho. Deixe o seu lá”, solicita.


Eduardo tem outro truque para sair, de fininho, das instituições, quando a meninada está insistindo para que ele fique mais. “Mando que olhem para o céu, porque o trenó é rápido e duvido que consigam vê-lo. Tenho notícia que ficam quietos por tempo a olhar para cima. Essas são improvisações que adoto quando surgem esses apertos”.


Ao longo do ano, a barba branca e longa denuncia a função que Eduardo assume por ocasião do Natal. “Já aconteceu de eu estar andando nos shoppings de Belo Horizonte e pessoas, que trabalham no local, me abordarem perguntando se tenho interesse em trabalhar como Papai Noel, alegando que posso ganhar um bom dinheiro. Eu agradeço, digo que não tenho disponibilidade de dedicar todo o tempo ao serviço”.


Há ocasiões, ainda, às vezes também em shoppings, que nota o olhar curioso de alguma criança em torno da sua figura. Algumas chegam a apontar, dizendo; “Papai Noel”. Se os pais são simpáticos, ele se aproxima e, confessa, a conversa é pertinente com os preceitos recomendados pelo velhinho.
“Digo que só vão ganhar os presentes que desejam se forem bem-comportadas durante o ano, fazerem o “para casa”, dormirem na própria caminha. Isto no caso dos meninos que passam para a cama dos pais durante a noite”.


Os pais também aproveitam para passar dicas necessárias para que o Papai Noel reforce o discurso. Para limpar a barra dos mesmos, ele argumenta que, no caso dos pedidos feitos na cartinha, só serão entregues os que os pais e as mães autorizarem. “Esse convívio é muito delicioso”, afirma o jornalista, cujo bom humor e a vocação para Noel podem ser sentidos de longe.