Com muita determinação, ela foi realizando seus sonhos. Um a um. Primeiro, a carreira internacional de modelo. Depois, a mudança para os Estados Unidos. Aos 34 anos, Marianne Fonseca, mineira de Uberlândia, comemora mais uma conquista: o lançamento no Brasil da sua marca de produtos de beleza, Gente Beauty, feitos com ingredientes brasileiros (açaí, guaraná e cupuaçu). Seu plano agora é ter uma linha corporal completa e tornar a marca mundial. Se, quando ela quer, consegue, isso não vai demorar.
O que você guarda de mais especial da sua vida em Minas?
Morei em Uberlândia até os 15 anos e sempre me lembro de Minas com muito carinho. É o lugar onde cresci, toda a minha família mora aí. Sempre trago comigo o cafezinho, o pão de queijo, falo muito "uai", "gente". Amo Minas Gerais, para mim é o melhor estado do Brasil.
Como a sua carreira de modelo se desenhou?
Era um desejo meu. Cresci vendo as modelos da época na passarela, Gisele Bündchen, Alessandra Ambrósio, Adriana Lima, e isso me despertava o interesse de fazer parte daquele mundo. Sempre fui alta e magra, então as pessoas comentavam que eu tinha cara de modelo. Comecei a fazer trabalhos pequenos para lojas de Uberlândia e mandei algumas fotos profissionais para agências de São Paulo. Minha mãe me levou lá, fechamos com uma agência da época e me mudei de Uberlândia para São Paulo. Essa agência foi me direcionando para o mercado internacional. Aconteceu meio por acaso, mas era o que eu queria.
Naquela época, você já se considerava uma pessoa do mundo?
Desde pequena, falava que queria ir embora de Uberlândia. Amo a minha cidade, mas sempre percebi que não pertencia àquele lugar, que tinha que estar em outros lugares. Fui para a Ásia e morei em todos os países, China, Cingapura, Indonésia, Tailândia, Hong Kong etc. Depois de uns dois anos e meio, quis explorar a Europa. Morei na Itália, França, Inglaterra, Turquia, Alemanha, Espanha, todos os países, aí encontrei um agente, que está comigo até hoje, que me ajudou a conseguir o primeiro visto para os Estados Unidos. Vim com 21 anos. Todas as modelos da minha época queriam estar nos Estados Unidos, era o sonho Victoria's Secret. Era onde a carreira ia acontecer, onde tinham os melhores trabalhos. E eu já tinha vontade de morar aqui, achava que era o meu lugar. Depois que cheguei, confirmei isso.
Quais momentos são mais marcantes na sua carreira como modelo?
Estava morando em Miami, a minha primeira parada nos Estados Unidos, e fiz um trabalho para a American Eagle. Na primeira vez em que fui a Nova York, visitei vários pontos turísticos e fui para a Times Square. Quando chego lá, vejo fotos enormes dessa campanha que tinha feito com a Cíntia Dicker e a Martha Hunt. Era muito novinha, tinha uns 20 anos. Foi meio louco esse momento da minha carreira.
Você se considera uma pessoa obstinada?
Sou bem determinada com tudo e isso é bom e ruim. Tem horas que sou muito teimosa, quero ir até o fim em tudo e isso acaba atrapalhando, mas, na maioria das vezes, ajuda. Acho que os meus amigos e a minha mãe me descreveriam assim. A minha mãe é assim também, acho que é coisa de família.
Como você chegou à ideia de ter uma marca de produtos de beleza?
Queria transitar da carreira de modelo para outra, mas não queria ser atriz ou algo de estar na mídia. Aí me apresentaram a ideia de fazer produtos de beleza. Comecei a estudar o mercado, onde tinha espaço para crescer e pensei em drenagem linfática. Aqui nos Estados Unidos não existem produtos específicos, as meninas que trabalham com isso precisam trazer do Brasil. Além disso, aqui tem muita coisa para o rosto e nem tanto para o corpo. Amo drenagem linfática, cresci vendo minha mãe fazer e sempre faço.
Por que você escolheu o nome Gente?
A gente fala muito "gente" no Brasil, eu falo muito "gente". Todo mundo que me conhece já sabe, é uma expressão que uso como se fosse "oh my god". Esse "gente" virou uma tatuagem que fiz junto com a Hailey Bieber, quando ainda nem passava pela minha cabeça que teria uma marca. Quando fui fazer a marca, pensei que Gente seria perfeito, porque queria que os produtos falassem com todo mundo. Drenagem linfática é para todos, afinal, todo mundo quer estar bem com o seu corpo.
Os produtos têm ingredientes brasileiros e são veganos. Por que seguiu esse caminho?
Queria que fossem produtos bem autênticos brasileiros, então tinham que ter ingredientes nativos do Brasil. Fui para a Amazônia conhecer onde crescem o guaraná e o açaí. Sobre ser vegano, é porque sou vegana desde os meus 15 anos e não dava para criar uma marca que não fosse de acordo com o que acredito. O desenvolvimento e a produção são no Brasil, o laboratório fica na Bahia. Criamos os produtos do zero, desde as combinações de ingredientes até o cheiro. Não pegamos fórmulas prontas, tanto que elas não podem ser usadas por outras empresas. Lançamos no Brasil há algumas semanas, mas já vendíamos nos Estados Unidos há um ano e dois meses. Viemos para cá primeiro porque moro aqui, tenho meus contatos e no Brasil já existem muitos produtos de drenagem linfática, aqui não.
Considerando que a concorrência no Brasil é grande, como se diferenciar?
Apesar de existirem muitos produtos de drenagem linfática, não tem muita gente explicando como fazer autodrenagem, como manter o resultado em casa. Acho que esse é um dos nossos diferenciais, de promover a educação sobre continuar o tratamento em casa. Ensinamos como ativar o sistema linfático no joelho, quadril, calcanhar. Logo que chegamos ao Brasil, ganhamos o Prêmio Atualidade Cosmética, que é o maior prêmio da América Latina, na categoria corpo. Estavam lá grandes marcas, como Hermès, Sephora e L'Oréal. Acho que as pessoas também valorizam o fato de nossos produtos serem autênticos brasileiros.
Pela sua profissão, você teve que se preocupar com o corpo a vida toda. Como você encara isso hoje?
Como modelo, fui forçada a cuidar mais do corpo. Sempre fui saudável, meu foco era oferecer o melhor para o cliente. Continuo a malhar todo dia porque gosto, tento sempre me manter ativa e ainda trabalho com o corpo. Mas o tempo vai passando, o corpo vai mudando e você tem que aceitar as fases da vida. Hoje penso: estou com 34 anos e a elasticidade da minha pele é diferente, mesmo que continue malhando, tomando colágeno. Noto a diferença, mas não deixo isso afetar a minha autoestima. Estou envelhecendo e o importante é me sentir bem.