Imagina estar no comando de uma empresa que está perto de completar 60 anos. Gabriela Silvarolli se sente honrada com a missão, mas sabe da responsabilidade. Da quarta geração da família que fundou a Corello, ela encara o desafio de manter a marca de bolsas e sapatos sempre atualizada. Além de atuar como diretora de marketing e comercial, assina as coleções de uma linha que leva seu nome e chama a atenção pela ousadia.
“Temos a responsabilidade de perpetuar a história, sempre crescer e evoluir. O ponto-chave é nunca se acomodar, nunca deixar de se desafiar, nunca acreditar que em que time que está ganhando não se mexe. Time que está ganhando é o que mais tem que se mover, tem que estar à frente, antecipar a necessidade do consumidor, ser pioneiro, não ter medo de ousar. A inovação está no DNA da Corello e isso é essencial para se manter relevante”, analisa.
A Corello foi fundada em 1964 por Antônio e Savério Silvarolli, bisavô e avô de Gabriela. No início, a loja no Largo do Arouche, em São Paulo, era só de bolsas. Como gostavam de trabalhar com artigos diferentes, eles desenvolveram um couro pintado à mão, com uma tonalidade entre cinza e preto, algo inédito em um mercado acostumado a preto, marrom e nada mais.
“Esse couro fez com que a marca se destacasse e começasse a fazer sapatos na mesma tonalidade para combinar. Na época, quase nenhuma loja vendia sapatos e bolsas e eles foram pioneiros em oferecer o conjunto para a mulher”, destaca.
Gabriela sempre teve paixão por moda, varejo e pela marca da família. De pequena, gostava de ir para a loja, brincava de atender as clientes e montar vitrine. Em 2016, entrou como estagiária de marketing e veio a se tornar diretora da área. Desde então, participa das viagens de pesquisa e do desenvolvimento das coleções com a mãe, Carla, diretora-executiva e criativa, com um olhar oxigenado para o estilo, antecipando o futuro. Seu irmão, Felipe, assumiu a parte financeira e de operações.
Em 2020, foi lançada a primeira coleção da linha Corello by Gabi Silvarolli, exclusiva e de edição limitada, com duas cápsulas ao ano (inverno e verão), que trabalha com materiais especiais. “Me aventurei a imprimir a minha personalidade no estilo, que era uma vontade muito grande. Faço produtos que sinto falta no mercado e que eu desejo ter. Me inspiro muito nas tendências internacionais, mas tem muito de mim nas coleções, coisas que realmente gosto.”
Pedras naturais
Na última coleção, ela ousou ao trabalhar com pedras naturais (ágatas azul e marrom) e desenhar saltos esculturais. A sandália mais icônica da temporada (“até dividiu opiniões, foi um pouco polêmica”) é de ráfia com salto de metal, que fica praticamente invisível. Gabriela segue a tradição da marca de sempre buscar inovação, sem deixar de lado qualidade e conforto, que direcionam a produção.
No processo de expansão da marca, que começou antes da pandemia, a família mapeou lugares onde encontraria clientes com o mesmo DNA da mulher paulista. Escolheu a dedo Belo Horizonte. A loja, no BH Shopping, completa um ano em março. “Eu, particularmente, sempre acreditei e vi muito potencial no mercado mineiro. As pessoas gostam de couro, do artesanal, da durabilidade e isso tem match com o nosso produto”, comenta, confessando que realizaram um sonho.
Minas Gerais era (e continua a ser) a terceira maior praça no e-commerce. Agora, as mineiras podem ter uma experiência presencial de imersão no universo da marca. O resultado da loja em BH já alcançou as expectativas. Segundo Gabriela, eles foram super bem-recebidos por quem sempre falava: “falta uma Corello em BH”.