Chegou a vez das grandes marcas de luxo mostrarem suas coleções de alta-costura, abrindo caminho para a Paris Fashion Week, que será no fim de fevereiro. Dior, Chanel, Fendi, Giambattista Valli, Valentino, Jean Paul Gaultier e até Schiaparelli, que surpreendeu ano passado e foi o destaque de toda a mídia e redes sociais, ficaram em segundo plano com o espetáculo apresentado pela Maison Margiela.

Miguel MEDINA / AFP - Dior

Dior

A palavra “aura” sintetiza a coleção de alta-costura. Maria Grazia Chiuri explorou a própria essência da marca, roupas que se tornam únicas para quem as usa. Tecidos rebuscados e o handmade, com bordados e aplicações, modelagens e tecidos mais casuais, como sarja de algodão. O clássico trench coat, por exemplo, deu forma a vestidos com shapes desconstruídos. O vestido La Cigale, do outono de 1952, foi o ponto de partida para a coleção de primavera/verão 2024. A ideia da estilista foi modernizar a estética. Pela primeira vez, a diretora-criativa da Dior trabalhou com o moiré, material também conhecido como seda aguada. O resultado pode ser visto em peças de sobreposição, como jaquetas e casacos, além de calças largas e vestidos mais rebuscados.

Giovanni Giannoni/afp - Jean Paul Gaultier

Jean Paul Gaultier

A designer Simone Rocha apresentou roupas que refletem o DNA da maison, com modelagens e detalhes característicos, junto à perspectiva delicada e imponente que carrega na própria trajetória criativa. Laços, rosas e elementos “românticos” inspirados por influências vitorianas. Fluidez, transparência e uma paleta de cores que oscilou entre neutros, preto e vermelho. Cinturas marcadas, chapéus de marinheiro e espartilhos.

Viktor & Rolf

A dupla de estilistas Viktor Horsting e Rolf Snoeren, da grife Viktor & Rolf, apresentou uma coleção com um toque de ironia. Foram 28 criações, divididas em sete grupos, cada um composto por quatro looks. O ponto de partida para cada sequência era o primeiro visual, aparentemente novo e completo, mas que se tornava algo ainda mais surpreendente. Desconstrução criativa. Buracos estrategicamente colocados, cortes verticais e até mesmo falsos farrapos. A ausência de cor, com todas as peças na cor preta, teve como objetivo dar destaque às modelagens, silhuetas e recortes das peças, que continham itens básicos da alta-costura: veludo, lantejoulas e cetim, ambos fluidos e compactos.

Chanel

Retomando a conexão da maison com a dança, Virginie Viard apresentou coleção inspirada no balé. Intitulada de “The Button”, ou “O Botão”, em português, a apresentação lembra que o aviamento, elemento meramente funcional para tantas marcas, ganhou status de joia na Chanel. Preferência por tons de branco e rosa pastel, além de bodies e vários tipos de rendas, babados e pregas. Conjuntinhos, macacões e vestidos curtos foram acompanhados por saias de tule que, em volume, criavam mais movimento, e na versão sequinha, descendo reta, destacava-se pela sobreposição com transparência. Este mesmo efeito também aconteceu com calças cigarette, igualmente de tule, e usadas por cima de uma meia-calça branca. Uma coleçã que não arrancou suspirou e foi bastante duvidosa.

Maison Margiela

Sob o comando do diretor-criativo John Galliano, Maison Margiela encerrou a Semana de Alta-Costura com um show que chamou atenção pela pegada performática. A principal inspiração para o novo trabalho foi o artista Brassaï, fotógrafo húngaro que marcou o universo do fotojornalismo por meio de imagens da capital francesa nos anos 1930. Margiela apresentou de forma provocativa as formas do corpo humano. A silhueta de cintura finíssima à la Belle Époque foi trabalhada principalmente em corsets, enchimentos no quadril e em looks apertados, como se a roupa fosse alguns tamanhos menores do ideal. A transparência dominou, mostrando uma nudez sensual. Rendas, tules e trench coats surgiram com bordados e brilhos, em tons de marrom, preto e cinza.

Robert Wun

Com uma abordagem única, criou uma fusão de elementos tradicionais e modernos para conceber peças que aliam elegância e funcionalidade com muita criatividade. Wun incorporou sua paixão por filme de terror e deu vida a uma estética que reflete o gênero cinematográfico. Apresentou um véu cuidadosamente bordado com miçangas vermelhas, simulando sangue, além de uma modelo com um manequim nas costas, que representa um tipo de espírito obsessor.

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