Terminou na última terça-feira a Semana de Moda de Paris. Mais de 70 marcas mostraram suas coleções para o outono-inverno 2024 na proposta ready-to-wear, mas o destaque ficou por conta das conhecidas Chloé, Dior, Saint Laurent, Alexander McQueen, Balenciaga, Rabanne, Schiaparelli, Valentino, Chanel, Miu Miu e Hermès. Pelo visto, a moda para o próximo outono-inverno jogou por terra a famosa frase título da obra de Nelson Rodrigues “Toda nudez será castigada”. O que mais se viu foram corpos à mostra, cobertos apenas por segundas peles ou vestidos de renda sem nenhum forro, mostrando que o tradicional pudor foi, definitivamente, abolido. Pelo que temos visto na moda nos últimos anos, muitos já imaginavam que o caminho seria esse. A diferença é que até as hot pants foram abolidas.
Hermès – Inspiração no esporte equestre e motociclista, sem perder a elegância. Calças de montaria,
tops cropped, jaquetas do hipismo e botas robustas. Casacos de couro,dos mais amplos aos próximos ao corpo, aos vestidos de seda com estampas de lenço.
Louis Vuitton – Nicolas Ghesquière visita seu passado ao longo dos seus 10 anos como diretor-criativo da Louis Vuitton para reafirmar códigos essenciais ao seu estilo. Na coleção, é possível ver elementos de sua primeira coleção, que foi inspirada nos anos 1960, como jaquetas de ombros arredondados e levemente reduzidos, com caimento mais justo. Saias com babados volumosos, presos por debaixo de camisetas alongadas, e brocados dos conjuntos dourados também estão presentes. Muito material tecnológico e ideias futuristas. Modelagem bem estruturada, com proporções ampliadas.
Balenciaga - A coleção é sobre a estética evoluída por Demna ao longo de uma década à frente da marca. Sobre a identificação e pertencimento a essa estética e sobre o tipo de moda que ele acredita. Silhuetas marcadas, volumes no quadril e ombreiras. Vestidos drapeados com aparência emborrachada, casacos de ombros arredondados e golas estruturadas.
Rabanne – Julien Dossena, diretor-criativo, nominou a coleção como “Real com esteróides”. A tradicional malha da marca foi para a moda streetwear. Dossena descreveu as peças como descontraídas, confortáveis e aconchegantes, projetadas para que cada mulher pudesse construir seu próprio personagem. Camisa de malha ou de flanela, top de gola em couro, calças xadrez, cardigã ouver size, cachecol de pele sintética, minissaia acolchoada ou maxissaias, vestidos com batas e franjas e botas. E vale misturar tudo o que quiser, com muita sobreposição. Na alfaiataria, terno, blazer boyfriend, camisas de botão, transparências bordadas, estampas e cores contrastantes.
Chanel – Virginie Viard faz homenagem a região no Norte da França, onde Gabrielle Coco Chanel abriu a primeira butique, em 1913. Ali, ela avançou no mundo do vestuário, porque sua loja em Paris era mais conhecida pela venda de acessórios. Inspirou-se nos marinheiros e incorporou ao guarda-roupa feminino elementos esportivos, como camisas navais e suéteres de jérsei. Derrubou o espartilho e criou o visual casual e confortável. As bermudas e saias são mais folgadas, com comprimento na altura do joelho. Os sobretudos têm a cintura marcada e alguns trazem o cinto mais solto. Os minis estão presentes para uso com botas acima do joelho.
Balmain – A marca apresentou modelagens exuberantes. Alfaiataria elegante, com toque de nobreza por causa dos enfeites dourados. Olivier Rousteing se inspirou na sua cidade natal, Bordeaux, conhecida pelas vinícolas, para criar a estampa de uvas, bem como os acessórios, e afirmou ser uma homenagem à cultura francesa. Destaque para a modelos de meia idade que colocou na passarela.
Saint Laurent – A coleção trouxe um banho de sensualidade. O diretor-criativo Anthony Vaccarello usou e abusou da transparência, reforçando seu conceito de que a roupa é uma segunda pele. Vestidos justos, drapeados transparedes ou de seda, blazers de ombros largos, saias justas na altura do joelho. As cores: marrom, preto, bege e algumas peças em vinho e marinho.
Chloé – O desfile marcou a estreia da diretora-criativa Chemena Kamali. A coleção resgata o estilo boho chique. A inspiração foi nos anos 1970, considerado extremamente relevante para Kamali por causa da alegria e liberdade. A paleta de cores é sóbria, muita renda, transparência, babados, franjas, mangas esvoaçantes e capas curtas. Tudo leve e com muito movimento.
Schiaparelli – A coleção leva para o dia a dia o mesmo espírito artístico da alta-costura. Peças elegantes e dramáticas. Ternos oversized, costuras aparentes, bordados e ombros marcados. O diretor-criativo chamou a atenção para a importância dos acessórios nos looks da marca e levou para a passarela novos artigos de couro, óculos, bolsas, scarpins e botas.
MUGLER – Casey Cadwallader, diretor-criativo, trouxe a sensualidade da marca com inspiração dos anos 1980. Ternos amplos, transparências trabalhadas, ombros marcados, peças fluidas. O preto dominou e a única estampa apresentada por Casey é abstrata, em tons de branco, preto e vermelho. A modelagem é predominantemente justa e espartilhada.
Valentino – O preto dominou o desfile da Valentino, mostrando que continua a
reinar absoluto no quesito elegância e atemporalidade. O diretor-criativo Pierpaolo Piccioli chamou o inverno 2024 da marca italiana de Noir e disse que é para “recalibrar a percepção, reavaliar a forma”. As silhuetas lembram os anos 1980. Camisas amplas, saias rodadas até a canela, casacos longos. Mas ele não descartou transparências e rendas em vestidos elegantes e leves.
Stella McCartney - A coleção foi inspirada
na Mãe Natureza. Pioneira em sustentabilidade na moda, Stella não economizou recursos para passar a mensagem de preservação do planeta. A frase: “About fucking time” (já está mais do que na hora) estampa uma regata da coleção. Ela sempre buscou alternativas para substituir tecidos de origem animal. Usa o couro de cogumelo, cascas de cânhamo, tecidos à base de maçã etc. A coleção traz alfaiataria impecável, trench coats longos e saias midi. Algumas peças são oversized. A sensualidade surge por meio de fendas e decotes exagerados.
Dior – A diretora de criação Maria Grazia Chiuri se inspirou na linha Miss Dior, de 1967, em busca de modernidade e juventude. Dessa inspiração, vieram minissaias, blusas justas de gola alta, jaquetas de lã felpudas, vestidos coluna, botas flats de cano alto e padrões geométricos. A cartela de cores traz nude, bege, branco, cinza e preto, com um toque de dourado, marinho e animal print.