vilhena carvalho -  (crédito: Fotos Divulgação)

vilhena carvalho

crédito: Fotos Divulgação

 

Como afirmou o presidente da Fiemg- Flávio Roscoe – Federação das Indústrias de Minas Gerais na coletiva para imprensa da abertura do Minas Trend, o evento já se reinventou várias vezes. Do seu apogeu dos tempos do Expominas ao Minascentro, têm sido feitas várias tentativas de ajustar o passo para que os negócios sejam realizados com sucesso. Esse, inclusive, foi o foco de Roscoe quando assumiu a presidência da instituição: prioridade do business, cortes nos supérfluos, autossustentabilidade.


Lançado como um modelo inédito no Brasil, a grande força e pujança do Minas Trend sempre foi reunir as coleções dos três segmentos – roupas, calçados e bijuterias – em um só local, com a proposta que eles pudessem atender todas as necessidades dos lojistas em ambiente propício para as compras.
Porém, ao longo do tempo, o setor do vestuário, que sempre foi mais volúvel e menos corporativo, começou a se desvincular do evento e tal comportamento se acentuou após a crise sanitária, com várias marcas adotando outros formatos de negócios ou priorizando a pronta-entrega em detrimento dos pedidos.


Desde então, o presidente do Sindivest-MG – Sindicato da Indústria do Vestuário de Minas Gerais, Rogério Vasconcelos, tem tido a espinhosa missão de costurar acordos para que elas retornem ao salão de negócios, propondo alternativas, entre elas a abertura de espaço para a pronta-entrega, mas a experiência não funcionou.


O segmento, que já teve a presença de cerca de 80 marcas no evento, contava, em outubro de 2023, com menos de 20, a grande maioria delas dedicada à roupa de festa. A diáspora completa aconteceu agora, quando o Minas Trend celebrou 31 edições, com a retirada completa desse time, que optou para receber os clientes, confortavelmente, em seus showrooms.


Com o intuito de manter o vínculo com as empresas e abrigá-las, ainda que remotamente, no guarda-chuva da Fiemg, nasceu o projeto do Minas Trend Showroom, dedicado aos pedidos e abrigando 19 nomes ícones do mercado de Minas: 613, Arte Sacra, Charth, Eliane Matos, Elizabeth Marques, Fátima Scofield, Fedra, Fleche D’Or, Kalandra, M.Rodarte, Maracujá, Marrô, Nana Kokaev, Rosa Dahlia, Skazi, Tufi Duek, Victor Dzenk, Victória e Village Condotti. Assim como o Minas Trend Now, voltado para a pronta-entrega, dentro da mesma filosofia.


Em contrapartida, os envolvidos se comprometeram a trazer 160 lojistas, rateando passagens e hospedagens dos próprios bolsos, independentemente do projeto comprador tradicionalmente oferecido pela federação das indústrias. Rogério Vasconcelos recusa a afirmativa de que se trata de um retrocesso, alegando que essa movimentação já existia.


Mundo novo

Segundo ele, há um mundo novo pós pandemia, um novo mercado, uma tendência para as feiras que oferecem o mesmo tipo de produto. A pergunta é: isto não seria ignorar a potência já demonstrada anteriormente com os nomes âncoras do Minas Trend, em seus respectivos segmentos, fazendo seus lançamentos conjuntamente em um mesmo espaço?


Marina Rodarte, que comanda a M.Rodarte e participa do salão de negócios desde o princípio, resistiu à ideia o quanto pôde. “Os clientes não gostaram do Minascentro, da sua localização, alegavam que não havia o astral e a energia de compras do Expominas”, justifica. Verdade. O Minascentro, com sua edificação vertical, não passou no teste geral, o diálogo proposto pelos promotores com o centro da cidade falhou, tanto é que, conforme anunciado por Flávio Roscoe na coletiva, haverá troca de endereço: em outubro, o Minas Trend aporta no BH Shopping.


Há uma verdade insofismável no setor da moda: o glamour é imprescindível. Trata-se de produtos criativos em constante mutação, embalados em desejos e sonhos. O objetivo de privilegiar o business, com a consequente abolição dos desfiles, entre outras atrações, vem desmotivando a imprensa especializada, ainda que bancada pela Fiemg. Dos mais de 50 veículos de fora, que cobriam o evento nos bons tempos, hoje eles não chegam a 10, segundo a verba destinada para tal finalidade. Dessa forma, o salão de negócios não reverbera no país como antes em termos de mídia espontânea.


Novidades

Para compensar os desafios, a Câmara da Moda da Fiemg e o Sindivest-MG viram prosperar uma aposta lançada na feira de outubro: o Minas Trend Kids – Baby e Teens, cuja produção-executiva foi entregue a Taciana Teodoro, da Top Agency. Expert no assunto, ela trouxe para o evento 28 marcas especializadas em roupas para bebês, crianças e adolescentes com suas coleções deliciosas e muito fashion. Foi o espaço mais bonito da feira.


O estande coletivo de moda autoral foi outra boa ideia para preencher as vagas do segmento do vestuário, reunindo 11 nomes e seus criadores: estiveram lá Atelier Filha Única, Chão Artesanal, Guri Handmade, Haddock Brasil, Iáscara Oliveira, Malume. Manuarr Crochê, Realiser Alfaiataria, Refeito, ValériaDValéria e Watson Brand.


Uma pesquisa realizada pelo Caderno Feminino indica que, para o setor dos calçados e bolsas, mais robusto e corporativo, essas dificuldades na composição da feira passaram praticamente incólumes, conforme afirma Patrícia Rajão, coordenadora do Sindicalçados/MG e do Sindibolsas/MG. A participação das empresas cresceu, os clientes vieram, os negócios aconteceram tanto para as marcas mineiras – como as mineiras Débora Germani, Priscila Torres e Isla – quanto para as de fora, como a descolada Vicenza, do Rio Grande do Sul, adquirida em 2023 pelo grupo Arezzo & Co.


Mas elas não repercutiram tão positivamente na área dos bijus. “Os clientes com lojas especializadas representam 20% das nossas vendas, os outros 80% compram roupas e bijuterias”, explica Nívea Marisguia, diretora da Claúdia Marisguia. “Penso que ver os clientes trançando pela cidade, de um local para outro, não pode ser producente”, observa Simone Salles, dona da marca homônima.