Lenny Niemeyer -  (crédito: fashion network/divulgação)

Lenny Niemeyer

crédito: fashion network/divulgação

 

Marta de Divitiis
Especial para EM

A 57ª edição do SPFW sob o tema Sintonia, aconteceu nos Shoppings Iguatemi São Paulo e JK Iguatemi, entre os dias 9 e 14 de abril. O evento apresentou 27 desfiles, 11 a menos que na edição anterior. Embora menor o “line-up” valorizou marcas consideradas pequenas, mais autorais e que trouxeram como valor agregado o “handmade”, por meio de bordados, crochê e rendas regionais brasileiras.


Dia 9, a Aluf abriu a temporada desfilando sob o som da Orquestra Sinfônica de Heliópolis, que se encerrou com o desfile “espetáculo” da Amapô, num clima lúdico e cheio de cores. Na passarela, durante estes seis dias, a diversidade deu o ar da graça, mas nem tanto. Apesar dos “castings” apresentarem modelos negras e plus size (ou curves), a grande maioria seguiu o padrão de jovens, muito jovens, altas e magras. Entre todos a modelo Alessandra Berriel, ícone durante os anos 90 e 2000, foi uma das mais solicitadas, participando de vários desfiles.


Sofisticação artesanal

Os fazeres manuais, como o crochê, o tricô e bordados, alguns elaborados com escamas de peixe, como se viu no estreante Maurício Duarte deram o tom em várias marcas. Catarina Mina, veio valorizando o trabalho de artesãs, relembrando a riqueza das rendas nordestinas, em renda filé, de bilro e labirinto. O veterano Weider Silvério, apresentou lindas peças em crochê. Marina Bitu trouxe franjas de palha, tecidos tingidos com casca de romã e macropaetês de bioplástico. A preciosidade veio também no desfile de Lino Vilaventura, que trouxe texturas diferentes, bordados e patchworks em vestidos assimétricos e, no masculino, looks monocromáticos, que se sobrepunham em calças com saias plissadas e jaquetas com capuz. Na Thear se destacaram as franjas de pétalas de tecido, assim como as estampas de terra seca, que nos remete ao Cerrado (a marca é goiana) em dourado, na barra das calças. Tapeçaria foi base para saia godê na Dendezeiro, sendo que foi aplicada em algumas das peças. João Pimenta, que desfilou no alto do icônico edifício Martinelli (o primeiro arranha-céu paulistano), apresentou patchwork de rendas, sobrepostos.

Modelagem confortável
predomina

O comportamento do consumidor mudou e as marcas acompanham. Assim, já há algumas temporadas que a modelagem confortável está em quase todas as coleções. As calças e pantalonas com a cintura no lugar vieram e se estabeleceram, assim como os paletós e trench-coats. As calças com modelagem reta surgiram na LED e puderam ser vistas em Rafael Caetano. A funcionalidade dos bolsos múltiplos, especialmente nas calças que nos remetem ao estilo cargo dos anos 80, apareceram em quase todas as coleções, com toques contemporâneos. Igor Dadona trouxe a alfaiataria primorosa para o universo feminino, pela primeira vez. Gefferson Vila Nova veio com peças de alfaiataria, bem cortadas, com toques leves de sportewar. João Pimenta trouxe calças amplas, saias, casacos, com grandes bolsos em renda ou tecido xadrez. Forca Studio, pela primeira vez, apresentou um filme fashion sendo que, da tela, o modelo foi para a passarela, usando o mesmo look do filme. Recortes orgânicos, alfaiataria e, pela primeira vez, peças esportivas. Na passarela um cachorro robô acompanhou um dos modelos.


Glamour e sensualidade

Brilho sugerindo glamour e transparências, aliadas a decotes e fendas emprestaram sensualidade em várias marcas. Os brilhos vieram na coleção de Patrícia Vieira, que trabalhou o couro dourado em pétalas e pastilhas aplicadas, num trabalho minucioso, dando continuidade ao que foi apresentado anteriormente. A estreante Reptília trouxe o brilho discreto do veludo em peças mais fluídas e sensuais. Lilly Sarti, que completa 18 anos de existência, chegou à maioridade com franjas e couro metalizado, modelagem confortável, numa coleção sofisticada. Cria Costura, coletivo de estilistas vindos da periferia paulistana, mostrou brilho em peças glamurosas. A edição do desfile foi da sobriedade dos tons escuros, ao brilho e ao pink e transparência, com grandes babados. Glória Coelho apresentou peças com franjas obtidas de recortes de tecido e transparências sutis. Lino Vilaventura trouxe transparências mescladas a brilho, decotes e assimetria. André Lima, que retornou após 13 anos de ausência e foi muito aguardado (seu desfile atrasou uma hora e meia), trouxe uma coleção com decotes frontais e nas costas, bem acentuados, que deixavam os seios à mostra. Tops de tiras, transparências nada sutis complementaram a apresentação, que decepcionou muita gente.