No admirável mundo das bijuterias, há lugar para todas as propostas. Os anos 1980 trouxeram à tona a valorização dessas peças e o conceito de que elas eram imprescindíveis, elementos transformadores capazes de elevar o nível dos looks femininos.
Mas, muito antes disso, Coco Chanel já tinha apostado na ideia, misturando pérolas verdadeiras com pérolas falsas nos colares, usando e abusando de braceletes esmaltados e da correntaria, além tornar a camélia um ícone da sua marca. Com grande prestígio internacional e imagem inconfundível, contribuiu, decisivamente, para tornar as bijus importantes.
Nesse universo, a inspiração na natureza é recorrente para os estilistas do setor. É muito fácil se encantar pela magia que os elementos naturais oferecem, gratuitamente, em termos de formas, texturas e paleta de cores.
A interpretação floral surge na concepção de várias empresas, como a MJ Design, do Rio Grande do Norte, que esteve no último Minas Trend. Em sua segunda participação – a primeira no estande coletivo do Sebrae/RN, sob mentoria de Alexandre Herchcovitch, em outubro –, ela tem como base as flores confeccionadas em camurça aveludada, numa versão totalmente artesanal.
“O material passa por vários tratamentos para que tenha flexibilidade, movimento e texturas adequados e todo o processo é executado por uma comunidade de mulheres nordestinas”, explica Maju Macedo. Anéis, colares, brincos, cintos, bolsas e broches surgem em tons outonais nas criações da MJ.
O florescer conectado à feminilidade foi a referência da Claudia Marisguia, que colocou em evidência seu fascínio pelos shapes da natureza em forma de girassóis, tulipas, orquídeas. A confecção das peças envolve um mix de técnicas e materiais nos produtos, como tecidos, fios de seda, cristais, pedrarias e metais. A intenção é captar a beleza e delicadeza desse universo. Em uma outra ponta, aparecem também os laços românticos, que são uma tendência forte do verão/24.
Personalidade
Rosana Bernardes, tradicional label carioca, também apostou nos laços e nas correntes, em peças robustas, com destaque para os colares em metal dourado. Na idealização da designer homônima, os acessórios da marca são sempre potentes, volumosos e cheios de personalidade, definindo um estilo inconfundível. Motivos florais também podiam ser encontrados no seu estande, no salão de negócios, aliados às pedras coloridas, assim como a linha esmaltada e a coleção étnica que Rosana criou a partir de uma viagem ao Marrocos.
Simone Salles buscou, no acervo da sua marca, elementos para criar o verão/24. Modelos foram reformulados e a versatilidade, já característica do trabalho da estilista, permite usos diferentes, sempre de olho na anatomia do corpo.
O mesmo aconteceu com as matérias-primas – daí o nome Reencontros da coleção. “Ela é baseada no que construímos, na releitura inteligente de peças e materiais, uma espécie de upcycling”, explica Simone. Simone cita, como exemplo, as ágatas, os cristais, muranos, guardados no baú, que ganharam cara nova. A estilista investiu ainda nos sautoirs, colares longos, em pérolas ou correntaria, uma forte tendência em voga nas passarelas internacionais.
Um dos diferenciais da Palone Design é a linguagem poética. Do seu diálogo com a natureza, com a arte, com a arquitetura, surgem acessórios nascidos do traço da diretora criativa Palone Leão. Os acessórios são sofisticados e cool, ao mesmo tempo, passam por pesquisa minuciosa e por técnicas de ourivesaria.
Como na coleção que explora a alquimia dos minerais, exibida no Minas Trend, em que o handmade, essência da marca, coloca em evidência as pedras brasileiras, os nós e os tons de outono. Com mais de 20 anos de mercado, com lojas físicas no Nordeste e Sudeste, a Palone é sediada em Natal e sabe, como ninguém, embalar seus produtos com design autoral e mix de materiais.(HAO)