O tema fake news está de volta ao centro das discussões. Há pouco tempo, foi o bilionário Erlon Mask, dono da marca X, antigo Twitter, que atacou o ministro do STF, Alexandre de Moraes, e o presidente Lula, por considerar que limites nas redes sociais é “censura prévia”. Agora, no Rio Grande do Sul, além de sofrer com a tragédia climática, o povo gaúcho sofre com a desinformação, provocada por uma enxurrada de fake news que só faz aumentar os problemas na região.


Para tentar dar autenticidade às informações falsas, esses manipuladores se apoderam de marcas reconhecidas na sociedade, que também se tornam vítimas do impacto das fake news. Uma potência incalculável, que vai da irracionalidade que levanta dúvidas sobre a ciência ao embate político. Criam narrativas categóricas, geralmente com vídeos ou imagens manipuladas e de fácil absorção para destruir a reputação de pessoas ou de marcas, forjando assim uma cumplicidade (inexistente) entre a falsa notícia, as marcas e a mídias.


É o que comprova uma pesquisa inédita, que revela que 68% dos consumidores acreditam que as marcas são coniventes com a mentira quando aparecem junto a informações falsas. O estudo realizado pela Weach Group, adtech de performance e publicidade programática, em parceria com a Hibou, empresa de pesquisa e insights, revela dados inéditos sobre o impacto das fake news na percepção dos brasileiros sobre as marcas anunciantes nos canais de notícias.


A pesquisa realizada com mais de 2.400 consumidores em março de 2024, mostra que nove em cada 10 pessoas já se depararam com fake news enquanto liam notícias, e 33% deixam de seguir uma marca após ver seus anúncios dentro de notícias enganosas. E mais: 69% dos consumidores se sentem impactados negativamente por marcas associadas a fake news, caso estejam anunciando ali.


“O objetivo da pesquisa foi podermos nos aprofundar na relação notícia-anúncio e no que chamamos de Brand Safety (segurança reputacional de marca)”, explica Daniel Kaminitz, CEO da Weach Group. “Trabalhamos com tecnologia de distribuição de anúncios de forma inteligente e guiada por dados, gerando cliques para as marcas anunciantes. Mas, esse trabalho tem que ser feito com cuidado, prezando pela qualidade dos canais de notícias escolhidos. Enquanto do outro lado estão as redações, trabalhando de forma incansável em busca de informação e lutando por confiabilidade. No fim, é o que todos querem: a confiança do leitor/consumidor”, completa.


As fake news são um problema crescente, exacerbado pelas redes sociais, e podem ser parcialmente controladas pela imprensa, que possui processos de checagem, investigação e entrevistas com especialistas. “A pesquisa mostra que os veículos de notícias podem se valer de mais cuidados para garantir a confiança dos leitores, que estão cada vez mais atentos às fake news. Como, por exemplo, erros de gramática: 33% procuram erros como forma de suspeitar ou não de uma matéria e 54% procuram a mesma notícia em outros sites, como forma de atestar sua veracidade”, orienta.


A presença de anúncios em páginas com fake news afeta também a percepção de confiabilidade das marcas para 69% dos entrevistados. E em relação à responsabilidade das plataformas digitais, 44% dos entrevistados consideram que elas têm total responsabilidade sobre o conteúdo postado. Porém, 61% dos entrevistados tendem a confiar mais em uma marca que se posiciona transparentemente em caso de anúncios em conteúdos falsos.


Para melhorar a transparência em relação à veracidade das informações e à publicidade, os entrevistados sugerem deixar clara a fonte que originou o conteúdo (59%) e ter um validador consultável (51%).


Segundo a empresa Top Social Media Statistics, estima-se que cerca de 4,9 bilhões de pessoas usem redes sociais em todo o mundo, número que deve alcançar 5,85 bilhões de usuários até 2027. No Brasil, de acordo com o Panorama Político 2023, pesquisa realizada pelo Senado Federal, pelo menos 76% da população foi exposta a informações falsas sobre política no segundo semestre de 2022. A pesquisa revelou que 89% dos entrevistados tiveram contato com notícias políticas falsas nas redes sociais, sendo 67% por meio de aplicativos de mensagens e 83% em redes como Facebook, Instagram e YouTube.

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