O ilustrador Guilherme Lira, fundador da marca -  (crédito: Bruna Pontual e Danilo Catão/Divulgação)

O ilustrador Guilherme Lira, fundador da marca

crédito: Bruna Pontual e Danilo Catão/Divulgação

Ilustração em cerâmica. É assim que o pernambucano Guilherme Lira descreve seus objetos decorativos. Os desenhos saem do papel e ganham vida em peças moldadas e pintadas a mão. Apesar de jovem, a marca Ceramiquinho – criada na pandemia – já tem uma personalidade muito bem definida e fácil de identificar. Além do colorido, os produtos chamam a atenção por reproduzir as formas de animais da fauna brasileira pouco vistos no universo do design, como capivara, jacaré e boto-cor-de-rosa.


Desde pequeno, Guilherme amava desenhar. Formado em design, acabou, naturalmente, virando ilustrador. Sempre envolvido com experimentações, ele decidiu estudar cerâmica. Era para ser hobby. “Durante a pandemia, quando os trabalhos de ilustração deram uma baixa, comecei a fazer mais cerâmica em casa. Era uma forma de não ficar parado, um exercício de desenho”, conta.


O ilustrador começou a fazer pratos, depois passou para os vasos. Até que um dia lançou a marca, despretensiosamente, mais para mostrar para os amigos o que estava gostando de fazer. Mas o retorno veio rápido – muitas pessoas se interessaram em comprar – e isso animou Guilherme a transformar o projeto pessoal em negócio. Ele continua a trabalhar com ilustração e animação, mas a cerâmica hoje ocupa a maior parte do seu tempo.

 


A fauna do Brasil já aparecia muito nas suas ilustrações. “Via muitos objetos com patos, alces e outros animais que não são daqui, mas poucos com animais brasileiros. Então, essa foi a forma que encontrei de representá-los.” Tudo começou com a onça-pintada. A partir daí, ele foi desenvolvendo uma família numerosa e diversa, com tucano, jacaré, capivara, boto-cor-de-rosa, tamanduá, além de gato e galinha, que já são de casa.

 


O trabalho mistura ilustração, cerâmica e pintura. Primeiro, Guilherme desenha. Vai riscando livremente o que passa pela sua cabeça. Em um segundo momento, leva esse desenho para o plano tridimensional, moldando as formas em cerâmica. Por último, colore cada uma das peças, usando pincel e esmalte. “As minhas peças são esculturas com ilustrações pintadas manualmente. Tudo é feito à mão, do começo até o fim”, destaca o ilustrador, que produz em casa, onde mantém o ateliê com forno e tudo.


Muitas cores

 

De forma não intencional, ele chegou a uma estética colorida e bem-humorada. Mas isso tem um porquê, claro. Guilherme gosta muito de cores (presentes nas suas roupas e na sua casa). Fora isso, busca muitas referências na cultura pop, ao mesmo tempo em que reverencia o rico artesanato brasileiro, em especial o do seu estado, Pernambuco. Tanto que não tem dúvida de que acertou na decisão de deixar São Paulo e voltar para o Recife. “É muito inspirador estar aqui.”


Os objetos acabam mostrando para o mundo o Nordeste e o Brasil pela visão de Guilherme. “Quero transmitir bom astral e felicidade através das minhas peças.”


A marca desenvolve vasos e máscaras de parede. Em breve, também terá uma linha de utilitários, inicialmente com pratos, xícaras e cumbucas, que será lançada na Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte), de 3 a 14 de julho, no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda, com a participação de mais de cinco mil artesãos. “Esse é um evento grandioso no meu estado e acho muito gratificante mostrar meu trabalho aqui.”


Para quem é de BH, uma boa notícia. As peças da Ceramiquinho podem ser encontradas nas lojas Patrícia de Deus e Casa Kami'ywa.