Consultor de vendas na loja Carol Bassi, no Bairro Belvedere, Érik Belício participou do edital que selecionava novos criadores para o desfile “Moda no Jardim Sensorial”. Ser escolhido para desfilar junto dos estilistas veteranos foi a realização de um sonho para ele. “Uma honra estar ao lado de gente que admiro e acompanho há anos. Desejo caminhar sempre ao lado dessas pessoas e trabalhar duro para alcançar lugares maiores”, garante o estilista, que estreou na passarela no evento da A.Criem.
Para brilhar, concebeu um traje solar e muito poético. “Vislumbrei raios solares abraçando o jardim da “liberdade”, tecendo uma sinfonia de luz e sombra em um entardecer de verão”. O look, desenvolvido em tecido sustentável da Texprima, teve como elemento de destaque pregas que ampliaram o shape, que, por sua vez, foi embalado em um tecido crinol, em uma parceria com a Vivaz Brasil.
Assim como ele, oito novos criadores ganharam espaço no desfile “Moda no Jardim Sensorial”. Este tem sido um dos objetivos da A.Criem: dar oportunidade a novos nomes, renovando o mercado do design mineiro.
Gabriela Vilhena foi outra estreante e explorou o contraste entre elementos presentes no jardim do Palácio da Liberdade. As formas orgânicas das folhas e das flores estavam representadas no corpete do vestido modelado com barbatanas em gabardine, fazendo contraponto com a transparência e leveza do drapeado da saia em musseline. O verde fazia alusão à natureza.
cores suaves
“Pensei que jardins são lugares de encantamento, que nos acolhem. São espaços de harmonia, beleza, fertilidade, força das plantas e de outras manifestações da natureza que lá fazem morada”, explica João Marcos Lisboa. Para o “vestível” masculino que desfilou, escolheu um tecido fluido e amassado, que remetia a conforto, afeto, memória. Fios em cores suaves foram tingidos com pigmentos vegetais e os bordados soltos aludiam a pequenas raízes, caules e videiras. Uma delicada sobreposição tramada em tear natural, repleta de texturas, um casaco fluido, com farto bolso alojado nas costas, e a calça-saia também sobreposta completavam o traje poético proposto por João.
Júlya Oliveira também apostou no verde e teve como inspiração a simplicidade da samambaia, planta favorita da avó Dulcineia. Seu shape lembrava a forma do vegetal e os detalhes nas pontas do vestido fluido – o bordado em canutilhos e pedraria natural, as franjas em roletes acetinados – eram inspirados nas folhas pontiagudas da samambaia.
Azaleias
Maria Lúcia Cepellos apresentou um vestido tomara que caia com saia longa sobreposta por uma cauda ampla, assimétrica e volumosa, carregando uma verdadeira profusão de azaleias. Centenas de círculos foram manipulados e trabalhados com viés e barbatanas para se chegar a esse efeito com leveza, movimento e transparência. “O constraste entre duas cores dos tecidos Texprima – o rosa e o off white – enfatizavam os dois tons mais conhecidos dessas flores.”
Otávio Augusto, por sua vez, buscou o homem no jardim: um apicultor, um vendedor de flores, um jardineiro. A proposta chegou com cara utilitária, camadas de tecidos, bolsos e véus. O look era composto por uma camiseta vintage de algodão, na parte de baixo, e um colete de tecido mesh, com aplicações de náilon, para sustentar os bolsos, no mesmo material. Embaixo, vinha a maxibermuda também em náilon. “A parte chave é a tela sublimada, representada pela estampa de flores amarelas para dar ideia de uma telinha para proteção de mosquitos ou abelhas”, pontua Miguel.
A flor de íris, muito parecida com a orquídea, foi a motivação de Miguel Bonomo em sua criação. Babados em diversos tons de lilás e em materiais variados, como seda, poliéster, organza cristal e tule, foram usados na gola e manga assimétrica, para se encaixarem no vestido bem colado ao corpo, criando um efeito cascata com as cores em degradê.
João Frederico exibiu um look bem conceitual. A ideia era construir invólucros, que não fossem roupas, mas casulos de um jardim sensorial. Levando em conta o Palácio da Liberdade e sua arquitetura eclética, entraram em cena shapes que nasceram das formas, ora de uma escadaria, ora de um entalhe em ferro do edifício. “Pensei em formas que retirassem o corpo das linhas cartesianas da modelagem e jogassem sobre círculos, como convite a um novo movimento”, afirma.