Wagner Penna
Uma das mais atuantes entidades de apoio e fomento à nossa indústria de moda, a Associação Mineira das Empresas de Moda (AMEM) elegeu seu novo presidente, o empresário Rafael Paes, que tem planos importantes para fortalecer as marcas e expandir o setor. A eleição foi na semana passada e a posse está programada para o dia 21 de setembro, quando sucederá, oficialmente, o atual presidente, André Soalheiro. Uma das propostas é estimular o compartilhamento de conhecimento para fomentar a inovação, cooperação e capacitação continua do empresariado do setor e, assim, estabelecer novos pilares de sustentação do segmento. No mesmo ritmo, defende maiores investimentos dos órgãos competentes para preparar e atrair os jovens para o trabalho nas empresas de moda.
Formado em Administração de Empresas, o novo executivo da AMEM é um dos proprietários da grife Isa Paes – uma das mais destacadas na cena fashion da capital. Fundada em 2011 por Wermerson e Geraldo Paes Leme, nesses 13 anos de atuação a empresa se consolidou como uma das mais importantes do mercado mineiro. O próprio Rafael explica que “eles nos ajudaram a começar nosso sonho e hoje temos, também, como sócia a idealizadora da marca, Isabella Paes, estilista que vem se destacando no cenário da moda mineira”.
Quais os principais aspectos que pretende abordar em sua gestão?
Meu objetivo é promover uma gestão que valorize e amplifique o conhecimento no setor. O fortalecimento das empresas do nosso segmento passa, essencialmente, pela capacitação contínua de empresários e lideranças. Acredito que, ao focar nessas questões fortaleceremos as empresas individuais, e elevaremos a indústria da moda como um todo. Estou empenhado em construir uma associação que seja um verdadeiro pilar de suporte e desenvolvimento para todos os membros.
A AMEM quer detectar questões que afetam o setor e buscar as soluções. Quais seriam os maiores problemas enfrentados pelos empresários de moda?
Os empresários do setor de moda em Minas Gerais enfrentam uma série de desafios específicos que podem impactar suas operações e resultados. A globalização trouxe uma competitividade acirrada, com marcas internacionais e e-commerce que impactam as vendas de marcas locais. Alguns dos problemas decorrentes, demandam estratégias adequadas, como inovação e cooperação entre os empresários do setor para fortalecer a cadeia produtiva da moda. E também devemos superar e aperfeiçoar alguns pontos cruciais, como a capacitação de mão de obra, pois existem dificuldades em encontrar profissionais qualificados que entendam as nuances do setor e que possam ajudar na inovação e criatividade. Outra questão é a transformação digital, que impõe a necessidade de digitalização das vendas e do marketing, algo cada vez mais evidente. O custo final elevado do produto também dificulta a venda para o consumidor final.
A moda mineira, assim como a global, está sofrendo com a concorrência do e-commerce oriental. Como enfrentar essa realidade?
Isso requer uma abordagem estratégica que valorize as particularidades e o potencial do mercado local. Algumas sugestões para lidar com essa realidade são: Valorizar a autenticidade, destacando a identidade e a cultura mineira nas coleções, com produtos que reflitam a herança local se diferenciem no mercado. Investir na qualidade dos produtos e buscar práticas sustentáveis na produção. Muitos consumidores estão dispostos a pagar mais por itens que são feitos de maneira ética e com materiais de qualidade. Criar uma experiência de compra única para o cliente, tanto online quanto nas lojas físicas.
A IA (Inteligencia Artificial) chegou rapidamente a todos os setores produtivos. Como isso afeta a indústria confeccionista?
A IA está oferecendo novas oportunidades para inovação e eficiência, mas também exige um olhar atento sobre como essas mudanças afetam tanto os processos, quanto os trabalhadores do setor. A adaptação e o treinamento contínuo são fundamentais para tirar o máximo proveito dessa tecnologia emergente.
Como Minas poderia utilizar seu potencial criativo em resultado negocial consistente para toda a cadeia produtiva de moda?
Minas possui um potencial criativo significativo no setor de moda, que pode ser convertido em resultados quantitativos consistentes por meio de várias estratégias, como por exemplo: valorização do artesanato como bordado, renda e peças em couro nas coleções, agregando valor. Investir em programas de capacitação para designers e artesãos promovendo a formação contínua em tendências, técnicas de criação e design sustentável. Criar ou apoiar incubadoras e aceleradoras de negócios voltadas para a moda, porque esses ambientes fomentam a troca de ideias e colaborações, aumentando a criatividade e a inovação. Estabelecer parcerias com Universidades para desenvolver pesquisas e projetos conjuntos pvisando gerar novas soluções e produtos inovadores. Desenvolver programas de estágio e intercâmbio entre estudantes e empresas, o que pode trazer novas perspectivas e promover eventos de moda como desfiles e feiras. Isso cria uma plataforma para que os designers locais se conectem com compradores, investidores e o público em geral, aumentando a visibilidade e as oportunidades de negócios. Incentivar a formação de redes entre empresários do setor, focando na colaboração e na troca de boas práticas. Ao integrar esses elementos criativos com uma abordagem quantitativa em termos de gestão, marketing e inovação, Minas Gerais pode fortalecer sua presença no mercado de moda, gerando resultados sólidos e sustentáveis para toda a cadeia produtiva regional.
Tem se falado muito na falta de mão de obra para o “chão de fabrica” na indústria de confecção. Como superar o problema?
A falta de mão de obra qualificada na indústria de confecção é, de fato, um desafio significativo enfrentado pelo setor. Este problema pode ser atribuído a diversos fatores, incluindo a falta de formação específica, desinteresse por parte dos jovens e condições de trabalho. Aqui estão algumas estratégias para superar essa realidade: investir em capacitação, atrair jovens, oferecer melhores condições de trabalho e valorização. n