A loja de casa e decoração mais inovadora do Brasil está em Belo Horizonte. Os responsáveis por trazer esse importante prêmio para a cidade são os designers Cláudia Brant Trindade, Ana Brant e Gustavo Rocha, fundadores da In8 Home, especializada em quartos, com foco em projetos infantis. O trio vai representar o Brasil nos Estados Unidos, em março do ano que vem, na etapa global do Prêmio Gia (Global Innovation Awards).


“Um dos manifestos da marca sempre foi ser inovadora, trazer uma nova perspectiva para o universo infantil, produtos que ninguém imaginava, possibilidades diferentes de enxergar o ambiente, onde a criança seja protagonista”, destaca Ana, acrescentando que o “In” do nome In8 Home, ao contrário do que muitos pensam, não vem do inglês, mas de inovação, o que se conecta diretamente com o prêmio. Em resumo, a loja sempre inovou no segmento de decoração infantil.

Laíssa Ferreira/Divulgação - Cláudia Brant Trindade, Ana Brant e Gustavo Rocha vão representar o Brasil na etapa global do Prêmio GIA em Chicago


Os três designers – Cláudia (de interiores), Ana (gráfico) e Gustavo (de produto) – já trabalhavam juntos em estúdio próprio, desenvolvendo projetos e coleções para empresas. Em 2015, cansados do setor de serviços, eles chegaram a pensar em investir em uma franquia de empadas antes de decidir vender objetos de decoração. A loja funcionava em uma sala comercial e só atendia com hora marcada.
“Em menos de dois anos, saímos de uma sala de 45m2 para um andar inteiro no mesmo prédio, com 120m2, e logo depois viemos para esse espaço de 300m2, onde estamos há sete anos”, conta Ana, referindo-se à loja posicionada em uma das curvas da movimentada Rua do Ouro, no Bairro Serra, Região Centro-Sul de BH, com fachada cinza e vitrine em formato fora do comum (guarde essa informação).


A ida para uma loja de rua foi a oportunidade de também vender mobiliário. “Quando fomos montar o quarto dos nossos filhos, que já estavam com dois anos nessa época, não encontramos coisas legais, era tudo muito bebezinho. Então, resolvemos fazer tudo, desde a pintura na parede até os adornos”, destaca Ana (que é casada com Gustavo e filha de Cláudia), ao justificar a escolha pelo segmento infantil. A experiência fez a família enxergar que outras mães também poderiam passar pela mesma dificuldade.
Desde o início, a ideia não era fazer mais do mesmo. O trio sempre apostou em projetos menos convencionais e mais perenes, que podem acompanhar os bebês até a fase adulta. “Mostramos que a criança não precisa ter um universo tão fechado e que a decoração pode durar mais tempo. O berço pode virar cama, por exemplo. Ajudamos a pensar em quartos mais sustentáveis e menos segmentados.”


O mix de produtos é enorme, como dá para perceber logo da porta. Dividida em vários ambientes, a loja reúne móveis, enxovais, adornos, tapetes, papéis de parede e objetos de iluminação, tudo para montar um quarto. Ana avisa que você só não vai encontrar móveis planejados e cortinas. Sempre que possível, eles priorizam fornecedores locais, valorizando o que é de Minas Gerais.

Busca por novidades

Quando para para refletir sobre o prêmio, a designer enumera alguns diferenciais que acredita terem sido decisivos na escolha dos jurados: o olhar não convencional para os quartos de criança e a busca contínua por novidades. Ela também cita a equipe de atendimento especializada – os vendedores são arquitetos ou designers, assim conseguem tanto orientar o cliente que não tem ideia do que quer quanto conversar “na mesma língua” com os profissionais responsáveis pelos projetos.


“Esse é um ramo que precisa de um pouco de conhecimento em pedagogia, não fica só na decoração, não pode se limitar ao bonitinho. Estudamos muito para dar segurança para os pais. Aqui acreditamos muito no autodesenvolvimento da criança, ela é a dona do ambiente e escolhe o que vai acontecer. Quando deixamos a criança mais livre, permitimos que ela leve para o quarto referências do que está aprendendo e desenvolva autonomia e percepção sobre o mundo”, analisa Ana.


Por isso, os designers defendem que o quarto não deve se limitar a um tema, “isso subestima a capacidade da criança”. Pelo mesmo motivo, eles trabalham com móveis soltos (não planejados), que permitem mudanças “mais rápidas e menos limitadoras”, deixando a criança habitar o espaço como quiser. Além disso, fala-se em consumo consciente com berço que vira cama, cama de acompanhante que vira a cama da criança, poltrona de amamentação que pode ser usada em outro ambiente da casa etc.


Grande parte dos produtos são fabricados por terceiros, mas muitos deles passam por intervenção dos designers da In8 Home, seja em relação à forma, cor ou tamanho. O trio também assina linhas, como a Teko, que começou com uma cômoda criada para entrar em uma mostra de decoração. O móvel com quatro gavetas tem um estilo clássico repaginado, então se encaixa em várias propostas.


Casinha de brincar

A vitrine é um grande atrativo da loja. Por ter um formato diferente, fino e comprido, que não vai até o chão, remete diretamente à escala da criança. “Ela tem altura e proporção para uma criança de dois anos, então é quase do tamanho de uma casinha de brincar. Vira um mini mundo. Conseguimos criar o universo da criança daquele tamanho e tirar proveito disso, já que fica mais fácil entender os produtos”, explica Ana. Normalmente, o tema muda de três em três meses.


No ano passado, a vitrine rendeu o segundo lugar, através de voto popular, na categoria “Top Window” do Prêmio GIA Brasil, que desde 2018 é realizado pela ABCasa, em São Paulo, a maior feira de artigos para casa da América Latina. Nessa mesma edição, ela foi eleita a segunda loja mais inovadora de casa e decoração do Brasil, por escolha do júri técnico.


Para a surpresa de todos, no mês passado, a In8 Home foi para a final novamente com mais quatro lojas da capital paulista, sendo três do segmento infantil. Como venceu a seletiva nacional, vai participar da etapa global em Chicago, em março do ano que vem. “É um grande reconhecimento e uma grande responsabilidade representar o Brasil. Isso tem o tamanho e o peso do troféu que ganhamos, que é enorme e pesado. Mas estamos muito convictos de que o nosso trabalho, de muita dedicação e amor, poderia chegar a esse lugar”, comemora Ana.


Enquanto esperam a cerimônia em Chicago, os designers planejam a abertura de mais uma loja, em um formato mais compacto, para atender outra região da cidade, e desenvolvem uma linha própria completa de móveis, “muito prática e esteticamente linda”. 

A origem do nome

Em uma viagem para a China, Cláudia Brant Trindade soube que o número 8 representava o fechamento de ciclos para a abertura de novos, um renascimento. E ela voltou para o Brasil decidida a usar esse número quando abrisse um negócio. O “in” se juntou para representar palavras como inovação, inspiração e infância e “home” entrou para complementar. “Essa história do renascer tem a ver com o momento que os clientes estão vivendo quando vem à loja, então foi muito oportuno”, aponta Ana Brant.

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