Para celebrar seus 10 anos, a Manzan Brand retornou em grande estilo ao Minas Trend. De Uberlândia, no Triângulo Mineiro, a marca desfilou na feira de moda da capital com muito brilho, como a ocasião pedia. O desfile comemorativo iluminou a passarela com as presenças marcantes do amarelo e do dourado. Sem perder a conexão com o handmade, a estilista Letícia Manzan também exaltou a força do jeans e da alfaiataria no verão 2025.


A marca desfilou no primeiro dia do evento, que passou a ocupar um novo espaço, o estacionamento do BH Shopping, no Bairro Belvedere, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A passarela deixou a desejar – era pouco extensa e com iluminação inadequada –, mas nada disso ofuscou a comemoração.
Antes de a roupa entrar em cena, brilharam nos telões mulheres que trabalham na fábrica, em Uberlândia, com depoimentos que humanizam o fazer da moda. Muito acertado dar protagonismo a quem produz peças que envolvem um cuidadoso trabalho manual.

PlayP/Divulgação - Coletivo Alagoas


Não por acaso, a coleção ganhou o nome Dália, flor originária do México. “Ela resume um pouco a identidade da Manzan, por ser extremamente feminina, delicada e sofisticada”, destacou a estilista Letícia Manzan, de 35 anos, que sempre gostou de bordar e estampar flores. O momento – para ela e para a marca – também é de “desabrochar”.


Ao contrário do que se viu no salão de negócios, que teve foco nas tendências para o inverno 2025, Letícia desfilou sua proposta para o verão. “Quando apresentei para a stylist o conceito que tinha pensado para o verão, ela falou: Letícia, tudo isso acabou de ser desfilado nas semanas de moda pelo mundo, temos que levar essa coleção para o Minas Trend“, contou no backstage, relembrando seu papo com Fernanda Ary.


E assim foi. O que justifica o ar fresh na passarela, com roupas leves e corpos à mostra. “Apesar de muito feminina, a mulher Manzan está em um momento mais divertido da vida dela, mais ousada. Ela tem informação de moda e mistura brilho com jeans, seda pura com renda e cria uma profusão de texturas. A palavra-chave do desfile é textura”, apontou. Texturas nas roupas e até nos cabelos das modelos.


É importante ressaltar que Letícia não delimita faixa etária. A marca veste mulheres que gostam de se sentir belas e poderosas, independentemente da idade. “Tenho uma cliente de um ano que se sente linda quando veste um vestido meu e essa semana bati o recorde de atender uma senhora de 90 anos. Fico arrepiada só de falar”, disse, com toda a emoção à flor da pele antes de apresentar a coleção.

Bordado como
complemento

O bordado continua, sim, a fazer parte do DNA da Manzan Brand, mas de um jeito diferente. “Surgimos como uma marca de bordado e fomos crescendo muito na alfaiataria, no jeans, com modelagens elaboradas e novas lavagens. Então, o bordado vem como complemento, não é a peça-chave da coleção”, avisou, deixando claro que continua a fazer “joias” de vestir no sob medida. Voltando à passarela, franjas, babados e patchworks tingidos e montados a mão reforçam a identidade handmade.
O desfile comemorativo mostrou um outro lado da marca, que enxerga o bordado além da festa.

“A minha grande aposta é você realmente pegar um vestido de festa e jogar em cima de uma calça jeans. Por exemplo, a max franja de vidrilhos: a pessoa vai para o casamento, mas no outro dia coloca o jeans e vai para a balada”, explicou, usando como exemplo um conjunto de calça e top todo aplicado. Boa parte do desfile insistiu nesse mix de jeans e bordados. No ar, um perfume dos anos 1970.


A estilista partiu de tons de roxo, azul e verde numa paleta candy, à qual chamou de “rainbow candy”, e chegou ao amarelo. “O amarelo está no inconsciente coletivo. Não sei explicar, mas também quis usá-lo. Talvez seja porque as pessoas estão solares e querendo chamar a atenção”, comentou.


Lembranças marcantes

Enquanto olhava atentamente no backstage a coleção tomar forma no corpo das modelos, Letícia se lembrava de momentos marcantes que viveu no Minas Trend, desde a primeira participação, em 2017. “Uma lembrança que me marcou muito foi ver a Glória Kalil aplaudir de pé o meu primeiro desfile e ouvir até outras jornalistas muito importantes de moda falando: de onde veio essa marca que simplesmente já chegou com a coleção muito pronta.” Era a dela.


A estilista não tem dúvida de que o evento impulsionou a marca, que lançou a primeira coleção no salão de negócios, fez o primeiro desfile e rapidamente já estava em pontos de venda em todo o Brasil. A marca participou da feira de moda em BH até 2021, quando passou por um rebranding.


“Volto 10 anos depois para onde tudo começou. Sou cria do Minas Trend e aposto nesse evento porque acredito que temos força no cenário de moda nacional. Agora chego mais experiente, já sabendo quem é a mulher Manzan, para quem quero vender e aonde quero chegar. Então, essa participação é para nos estabilizarmos nos melhores pontos de venda do Brasil”, comunicou, falando da volta com força total ao atacado, selecionando as melhores multimarcas. Letícia continua a investir na internacionalização e vai levar essa coleção para Nova York, em fevereiro.


A marca tem loja e ateliê em São Paulo, mas não abre mão de manter toda a produção em Uberlândia. Ou seja, todas as peças são 100% mineiras. “As mãos são de Minas, não posso perder isso. Não abandono de jeito nenhum a humanidade, a parte mais sensível do mineiro. Já tentei procurar confecções em outros estados, mas a roupa costurada em Uberlândia é diferente, tem alma”, comparou.


Tradições regionais

No dia seguinte, entrou na passarela o Coletivo Alagoas. Com o tema “Tecendo o feminino”, 14 marcas de segmentos diversos, entre veteranas e estreantes, desfilaram preciosas tradições regionais. Entre elas, a renda singeleza e o bordado filé, ambos patrimônios culturais e imateriais alagoanos.


Tons terrosos, complementados por dourado e laranja, que automaticamente nos levam para o sertão nordestino, deram uma unidade para o desfile coletivo, com styling assinado pelo mineiro Davi Leite. Mas o clima na passarela era de praia, evidenciando toda a sofisticação que a mulher pode carregar no verão. Vestidos com franjas, alfaiataria bordada e saídas de praia rendadas viraram peças desejo.
A participação da marca de moda Maneka ajudou a deixar, ainda que timidamente, a passarela do Minas Trend mais plural e inclusiva. Ponto para o Coletivo Alagoas.


Também desfilaram as veteranas Acessore.Me (cintos), Alana Tenório (bijoias), Aquas (beachwear), Bruna Bert (acessórios de luxo), Lúcia Bastos (acessórios artesanais), Milka Pereira (semijoias), Piskuila (bolsas) e Severa (fitness) e as estreantes Adriana Gomes (filé), Artecer (renda singeleza), Fulô.A (bordado), Mimos de Dona Peró (bordado) e Olegário Turbantes (turbantes).


Mulheres empreendedoras

Ao fim do desfile, os criadores se juntaram na passarela para falar em coro o nome Chico, de Francisco Acioli, presidente do Sindicato das Indústrias de Vestuário do Estado de Alagoas (Sindivest-AL), que recebeu abraços alegres e emocionados.


“Essa coleção trouxe o que temos de mais rico em nossa cultura: o artesanato, por meio do talento das nossas bordadeiras e rendeiras, além de destacar a mulher cotidiana, a cultura, a tradição e a beleza da moda alagoana. E o desfile valorizou o trabalho de cada uma dessas mulheres empreendedoras, guerreiras, com belas histórias e que hoje vivem da própria arte”, destacou Acioli.


O Coletivo Alagoas participa do Minas Trend desde 2018. Neste ano, foi a quarta aparição na passarela. Rendeiras e bordadeiras estiveram presentes no estande coletivo “Conceito Alagoas”, parte do salão de negócios, durante os três dias de evento. 

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