Patrícia Motta -  (crédito: divulgação)

Patrícia Motta

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Wagner Pena

Durante um longo período, a moda mineira importou promotores e organizadores de feiras paulistas e cariocas para montar seus salões de negócios. Agora, parece que a onda se inverteu e temos uma mineira à frente do mais expressivo evento do setor, na capital paulista: o Contemporâneo Showroom.
A chegada do evento ao prédio da Bienal de São Paulo, em abril, foi um divisor de águas na sua trajetória. Além de atrair marcas de prestígio, as vendas na edição de outubro foram estimadas em 200 milhões de reais – segundo informação dos seus realizadores. E mais: o salão cresceu 20% nessa edição, com 130 estandes e 90 marcas – sendo 23 delas de Minas.


A titular de tal façanha é a empresária Flávia Rotondo, cuja carreira no circuito fashion começou aqui, atuando na área de franquias da Arezzo, onde aprimorou seu olhar para o mercado – como ela mesma diz –, e prosseguiu trabalhando com o estilista Renato Loureiro, com quem lapidou sua percepção de moda e estilo. Um aprendizado luxuoso, diga-se.


CRESCIMENTO

Após se aprofundar na análise do mercado e comandar um showroom fashion em BH, ela foi para São Paulo, onde, há 20 anos, realizou a primeira versão do Salão Contemporâneo – com apenas seis marcas. O crescimento foi gradual e planejado, obedecendo “os parâmetros do bom relacionamento e sintonia com a clientela, onde todos querem entregar o seu melhor”. Flávia salienta que se sente “muito realizada com o trabalho e tenho muito prazer em construir cada edição”.


“Temos média acima de 100 estandes implantados por edição, mas esse número é variável, porque muitas marcas compram mais de um estande”, conta a empresária, referindo-se ao formato atual. E também existem as variações habituais por estação do ano, sendo mais numerosa a participação nos lançamentos de verão.

BIENAL

Esse avanço notável foi consolidado pela chegada ao prédio da Bienal de São Paulo – local de realização dos mais prestigiosos eventos de arte e moda do país. “A transferência para a Bienal foi um divisor de águas. Hoje posso entregar uma experiência muito maior e mais completa para marcas e clientes, agregar novas marcas e novos segmentos que se completam. O Contemporâneo se tornou o retrato da moda brasileira, onde conseguimos unir marcas importantes em posicionamento com marcas menores, mas comercialmente relevantes”, diz. No total, são 12 mil metros quadrados de área disponível.


Anteriormente, o salão passou por outros espaços importantes da capital paulista, como o JK Iguatemi, “sempre obedecendo um critério curador fashion rigoroso. Essa é uma das razões de seu crescimento”, lembra Flávia Rotondo.


COLETIVO

Com a pressão constante do comércio virtual, concorrência das plataformas internacionais e consumidoras cada vez mais exigentes e multifacetadas, o ajuste no modelo de negociação e comercialização dos produtos fashion tornou-se necessário, e um enorme desafio.


Especialmente no contexto das vendas B2B (do produtor para o lojista), esse esforço exige reavaliação permanente e aplicação de novas abordagens do assunto. Baseada em sua experiência, Flávia Rotondo explica que “estamos vivendo uma nova era, onde se pensa mais no coletivo e nas colaborações e, por isso, é preciso saber ouvir o outro, porque ninguém constrói nada sozinho. Você precisa, primeiro, conquistar as pessoas e esse é um exercício diário. A excelência precisa ser um hábito e estar presente em tudo”.


ESTANDEs

Entre os estandes destacados no último salão (onde foram lançadas coleções para o inverno 2025), estavam Misci, Reinaldo Lourenço, Água de Coco, Glória Coelho, Souq, Francesca e Lalibela – entre outros. Tiveram um brilho especial as marcas mineiras, cuja lista incluiu Arte Sacra, Next LVL, Skazi, Maracujá, Caos, Renata Campos, Maracujá, Bianza, Nana Kokaev, Arbour, Patrícia Motta, UH Premium, Paula Bahia, Debora Germani, Victoria, Rosa Dahlia, Nammos, Cecilia Prado, 613, Carlos Penna, Camys, Luiza Rogi, Leticia Manzan e Vênus in Taurus.