Um pretinho nada básico foi a escolha de Fernanda Torres para ganhar seu Globo de Ouro, no domingo passado, em Los Angeles, nos Estados Unidos. O look era composto por um vestido assinado pelo estilista belga Olivier Theyskens e joias do brasileiro Fernando Jorge, com styling do carioca Antonio Frajado, que já acompanha a atriz há mais de 10 anos.

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O modelo, considerado um dos mais elegantes da noite, fez atiçar a curiosidade sobre quem é o designer que vestiu a ilustre brasileira no tapete vermelho. Olivier nasceu em Bruxelas, na Bélgica, em 1977 – hoje tem 48 anos, e despontou na moda na década de 1990. Além de Fernanda Torres, ele já vestiu celebridades como Madonna, Cate Blanchett e Nicole Kidman. O estilista é conhecido por sua estética romântica e gótica, mesclando mistério e elegância nas suas criações.

Nicole Kidman no Taormina Film Festival, em 2019, e modelo Precious Lee com modelos de Olivier Theyskens

Maurizio D'Avanzo/IPA/Shutterstock/Divulgação / Instagram


Olivier tinha apenas seis anos quando começou a desenhar e costurar roupas. Já apaixonado pelo ofício, ele se matriculou no curso de design de moda na École Nationale Supérieure des Arts Visuels de la Cambre – uma das mais conceituadas do mundo nas artes visuais, que fica na sua cidade natal. No entanto, deixou a faculdade após um ano de estudos, abrindo sua marca homônima.

Seu primeiro desfile foi em Paris, poucos meses depois. O belga apresentou 25 looks, que encantaram uma compradora da multimarcas norte-americana Barneys. Ela logo quis comprar a coleção inteira, mas o estilista pediu que esperasse a próxima coleção para que fosse colocada à venda. A parceria, contudo, nunca saiu do papel.


O sucesso veio um ano depois de criar sua grife, sendo responsável por vestir Madonna no Oscar de 1998. Mas essa não foi a primeira vez que o estilista criou um look usado pela rainha do pop. No mesmo ano, ela tinha usado um vestido amarelo no VH1 Fashion Awards, que fez com que Olivier chamasse atenção no mundo inteiro. Na época, ele tinha apenas 21 anos.

Olivier Theyskens vestiu Madonna no VH1 Fashion Awards, em 1998

Getty Images/Divulgação


Theyskens logo chegou ao pódio da moda, sendo considerado uma das maiores apostas para o século 21, que estava batendo na porta. Em 2001, porém, o estilista foi vítima da crise econômica e as vendas da grife caíram 40%. Então, era hora de se juntar a outra grife para continuar brilhando. Entre 2002 e 2006, ele fez parte da francesa Rochas, sendo muito aclamado pela imprensa especializada.

Demi-couture

Foi nesse período que o estilista foi premiado pelo Council of Fashion Designers of America (CFDA). Suas criações passaram a ser chamadas de demi-couture. Ou seja, não se tratavam de alta-costura, mas se aproximavam do padrão.


Em 2007, o estilista assumiu a direção criativa da Nina Ricci, também na França, substituindo o designer sueco Lars Nilsson. Ele ficou na marca por apenas dois anos, tornando-se diretor-criativo da marca de Nova York Theory em 2011. Na grife, lançou sua própria linha, chamada Theyskens’ Theory.
Depois de quatro anos, Olivier voltou à sua marca homônima, realizando desfiles entre 2016 e 2022. Ao mesmo tempo, foi diretor-criativo de alta-costura da francesa Azzaro.


Nas passarelas, o estilista sempre inovava, levando para os desfiles marionetes e outras invenções. Ele também decidiu deixar grandes coleções de lado, buscando reinterpretar seu próprio acervo, levando a sustentabilidade às suas criações.

Atriz Ana Taylor Joy e cantora Caroline Polachak com looks do belga

Divulgação / Instagram


Com esse preceito, ele produziu três coleções apresentadas em Paris: verão e inverno 2022 e verão 2023. “Queria produzir roupas sem criar desperdício e otimizar o que temos aqui. Há valor nesses materiais”, disse ao jornal The New York Times. Tecidos e amostras de fábricas foram usados para criar uma espécie de patchwork. Seus vestidos e peças de alfaiataria se tornaram sinônimo de luxo e upcycling.

Globo de Ouro


Quem escolheu o look de Olivier Theyskens para a noite especial de Fernanda Torres foi o stylist Antonio Frajado e a editora de moda Alexia Niedzielski, como a própria atriz revelou em entrevista à Folha de São Paulo. “Ele é um belga incrível e estou muito feliz de vesti-lo”, declarou, na ocasião.


O stylist complementou em conversa com a CNN: “Obviamente, esse look nunca seria um look bobo, mas existe um equilíbrio que é super legal e cria-se uma camada de desafio muito interessante. A gente tem a máxima de perguntar: ‘Isso está Eunice Paiva?’ Porque é importante que, de alguma forma, a imagem seja em respeito à memória dela. A nossa maior referência é Eunice Paiva.”

Como comprar?

Caracterizado por suas produções slow fashion, o estilista atualmente mantém apenas um e-mail de contato em seu site oficial “para qualquer tipo de solicitação”. O endereço é contact@oliviertheyskens.com.

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