Sutilezas de inverno
Coleção da Graça Ottoni aposta na essência feminina e na delicadeza dos detalhes
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Siga noUma marca que atravessa o tempo, aposta na autoralidade e não faz concessões quando se trata de estilo. Assim pode ser definida a Graça Ottoni, que está no mercado há mais de 40 anos, já se reinventou várias vezes, e mantém um lugar de destaque no pódio da moda mineira.
Em uma simbiose completa entre criadora e criação, o grande trunfo da estilista homônima é reunir em torno de si um seleto grupo de mulheres, clientes fiéis e admiradoras do seu trabalho, grande parte delas cativa desde os anos 1980.
Muito além disso, Graça Ottoni tem o talento de contar, ao longo dessa jornada, a mesma história de inúmeras formas e com finais diferentes. Há uma espinha dorsal, um arcabouço intelectual, um olhar especial na escolha de cada peça, no intercâmbio dos looks, do planejamento à edição de uma coleção.
O artesanal faz parte do núcleo central da marca e está presente desde o início tímido do negócio, em uma garagem, na rua Brumadinho, bairro do Prado, onde, agora, funciona a loja. Seu repertório tem como base as intervenções nos têxteis, tais como bordados, alinhavos, pespontos, misturas de estampas, texturas e padrões.
Inclui também os patchworks, sempre estrategicamente elaborados, resultados da junção da lógica com a criatividade. Essa dobradinha representa bem a faceta da estilista: formada em administração de empresas, funcionária pública lotada em um departamento de estatística, trocou o emprego para abrir uma confecção, como se dizia na época. Para ela, levou sua veia criativa, seu bom gosto, suas habilidades manuais de moça criada no interior de Minas e a coragem de acreditar na própria intuição.
A coleção criada para o inverno, lançada recentemente, se chama Sutilezas e se debruça sobre a essência feminina com propostas que evocam a essência da própria marca, a começar pela atemporalidade.
A cartela de cores, ampla e bem pensada, permite a edição de looks que transitam entre o sofisticado e o dia a dia. Há pretos, cinzas que se desdobram no grafite, asfalto, chumbo, e esbarram no gelo e no prata; brancos e off whites; beges e areia, rosas bebê e chiclete; azul bebê e ocre, bronze, merlot e sépia. O patchwork da vez vem no texturizado cinza. Tecidos tecnológicos são representados tanto nos plissados quanto nos amassados. E o xadrez, típico da estação, aparece com trama em chenile.
A renda surge bem sofisticada, com brilho ou fosca, fazendo companhia para as sedas, que se multiplicam em suas versões: toile, crepe de chine, tafetá, georgette de seda liso e pintado à mão, chifon liso com bordado oriental, musseline estampada. A viscose lisa foi pespontada à máquina. E os algodões variam entre os listrados, empapelados, listradinho ou com bordado paetizado. A malha ribana fininha arremata a escolha dos têxteis.
As tramas feitas à mão também fazem parte do DNA da Graça Ottoni. Elas permanecem na coleção de inverno em peças solos ou podem funcionar como detalhe na manga de um blazer. Construindo e desconstruindo silhuetas, vale a pena mencionar o jogo das proporções e as possibilidades de misturas, que trazem modernidade para o trabalho, convidando para ousadias.
Exemplo? A camisa branca oversized usada com uma saia reta e longa com babados plissados na barra. O vestido longo listrado aberto na frente, que esconde uma saia. Os acessórios também contribuem para valorizar a composição dos looks, entre eles as criações da Unika Joias e as bolsas criadas pela própria estilista.