O principal motivo de incêndios em bares e restaurantes é o acúmulo de gordura nas coifas, fritadeiras elétricas e chapas -  (crédito: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press)

O principal motivo de incêndios em bares e restaurantes é o acúmulo de gordura nas coifas, fritadeiras elétricas e chapas

crédito: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press

Os últimos incêndios em bares e restaurantes registrados em Belo Horizonte lançam um alerta sobre os riscos da atividade. Nos últimos dois anos, foram 56 casos nesse tipo de estabelecimento, de acordo com dados do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais (CBMMG). O principal motivo é o acúmulo de gordura nas coifas, fritadeiras elétricas e chapas.

Foi o que aconteceu em um restaurante no Funcionários, Região Centro-Sul da capital, em 26 de outubro. No horário do almoço, o fogo começou em uma das chapas usadas para a fritura de carnes, que ficou muito tempo sobre as chamas.

Em 19 de setembro, uma das unidades do conhecido Rei do Pastel, localizado na Savassi, Região Centro-Sul, foi consumida pelas chamas por causa de uma fritadeira elétrica que ficou ligada durante a madrugada. Também por fritadeira foi o motivo do incêndio em um restaurante no Bairro São Pedro, Região Centro-Sul da capital, no início da noite de 18 de maio.

Mais recentemente, em 4 de novembro, um restaurante localizado no bairro Padre Eustáquio, Região Noroeste de BH pegou fogo. As chamas começaram em uma coifa da cozinha e se espalharam para o teto de gesso. Duas pessoas inalaram fumaça e foram levadas para atendimento. Outro incidente causado por coifa foi o incêndio de um restaurante no bairro Serra, região Centro-Sul de BH, em 22 de fevereiro.

Os casos de incêndios em bares e restaurantes na capital mineira são recorrentes e não param. Há uma falta de fiscalização ou é desatenção dos funcionários?

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) de Minas Gerais informa que não tem expertise para orientar os comerciantes e conta com a ajuda do Corpo de Bombeiros. A Prefeitura de Belo Horizonte afirma que a responsabilidade de fiscalização desses locais é dos bombeiros.

Segundo a corporação, a legislação vigente sobre segurança contra incêndio e pânico contempla na mesma categoria de bares e restaurantes os estabelecimentos de cafeteria, cantinas e assemelhados.

Nesse grupo, dos 1.337 estabelecimentos que deram entrada no sistema de informações do CBMMG, 449 estão regulares e 689 em processo de regularização. Somente nos últimos dois anos, foram realizadas em bares e restaurantes 372 vistorias de fiscalização.

“São observados inicialmente dois pontos: o primeiro deles é se a edificação emitiu o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB). Quando a edificação possui esse documento, isso significa que ela cumpriu todos os requisitos normativos e instalou todas as medidas de segurança previstas para que ela esteja preparada em caso de sinistro, para propiciar não só o combate ao princípio de incêndio que possa ocorrer, como também a evacuação, a fuga dos seus usuários de uma maneira rápida e segura”, explica o tenente Felipe Brittes, da Seção de Vistoria do Centro de Atividades Técnicas do Corpo de Bombeiro, sobre o processo de fiscalização desses estabelecimentos.

O militar fala que a primeira etapa verificada é a existência ou não do auto de vistoria. Na sequência, eles percorrem a edificação para verificar as condições de manutenção e preservação dos equipamentos de incêndio.

“Se as saídas de emergência estão preservadas, ou seja, se não tem nenhum equipamento ou mesa ou cadeira ou algo impedindo que as pessoas possam sair do local com segurança em caso de sinistro, se os extintores estão com a sua manutenção em dia, se os hidrantes estão operantes e as mangueiras estão com seus testes em dia, vai na central de GLP para verificar se o teste de idade está em dia”, detalha.

Caso seja encontrada alguma irregularidade, o tenente Brittes destaca que o proprietário é orientado sobre a irregularidade, como ele deve proceder com a correção necessária e é aplicada uma sanção administrativa de acordo com o que for identificado no local.

 

Dicas para evitar os incêndios

três militares do corpo de bombeiros olhando para restaurante que pegou fogo

Bombeiros listam algumas dicas para os donos e funcionários seguirem

Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press

O tenente Felipe Brittes descreve como os incêndios começam e lista algumas recomendações para os donos e funcionários de bares e restaurantes de BH.

“As cozinhas desses espaços trabalham quase constantemente com a cocção dos alimentos. Isso gera um ambiente com alta temperatura e muita gordura. Essa gordura vai se acumulando na coifa e chega um momento que a alta temperatura emanada pelo furgão pode fazer com que essa gordura se inflame, gerando um incêndio nesses espaços. Então é extremamente importante a manutenção e a limpeza constante das coifas”, ressalta.

O militar aponta outra causa principal: “O elemento de risco que temos nesses espaços são as fritadeiras, em especial as fritadeiras elétricas. Por diversas vezes elas permanecem ligadas durante a noite ou ficam ligadas sem uma constante observação. Ela apresenta, às vezes, alguma falha de controle de temperatura ou algo assim relacionado. Ou muitas vezes ela está regulada com uma temperatura acima do necessário e ela acaba fazendo com que óleos ou outros equipamentos se inflame pela alta temperatura e propaga um incêndio naquele naqueles espaços começando mais comumente na cozinha. Então é extremamente importante a manutenção e a limpeza constantes desses equipamentos e quem for operá-los saiba quais as regras de operação que utilizem os equipamentos dentro das especificações do fabricante para a gente evitar o risco e a ocorrência de algum incêndio.”

Além disso, o militar lembra que não se pode esquecer do correto dimensionamento das centrais de gás liquefeito de petróleo (GLP). “Caso uma edificação use uma central de GLP, ela tem que estar regularizada, tem que estar com seu teste de estanqueidade em dia e caso utilize, às vezes, algum cilindro, botijão, por exemplo, ligado diretamente no fogão, tem que ter uma atenção dobrada na manutenção e preservação das mangueiras que fazem a conexão do botijão do recipiente de GLP para o fogão”, orienta.