A clínica médica onde Jessica Marques Vieira, de 32 anos, morreu durante a retirada de um Dispositivo Intrauterino (DIU) foi interditada pela Prefeitura de Matozinhos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
O fechamento imediato aconteceu nesta sexta-feira (10/11), após fiscalização. O espaço não possuía permissão para operar procedimentos ginecológicos. A jovem morreu no último sábado (4/11) e o inquérito corre como “erro médico”.
Por meio de nota, a Prefeitura de Motorzinhos informou que os registros da empresa, junto a administração pública, apontavam permissão apenas para atendimentos de clínica médica e atividades de atenção ambulatorial, com estrutura necessária para primeiros socorros.
Na sexta-feira, equipes da fiscalização compareceram ao espaço “para averiguar as estruturas físicas, os procedimentos e as atividades exercidas”.
Ao longo da visita, conforme a administração municipal, foram encontradas divergências e irregularidades no funcionamento. Assim, a clínica médica foi interditada.
“A partir de agora, o processo administrativo seguirá em curso para apuração e regularização dos vícios encontrados”, informou a prefeitura.
Relembre o caso
Jéssica morreu na manhã de sábado. Ela chegou à clínica por volta das 7h30 e foi levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) às 9h30. Ela estava acompanhada do pai e do marido. Ela foi atendida por um cardiologista, que iria executar a retirada do DIU.
Por volta das 9h30, uma movimentação de enfermeiras chamou atenção dos familiares de Jéssica, que já estranhando a demora do procedimento passaram a questionar os funcionários. Em determinado momento, os homens viram duas bolsas de soro sendo levadas para o consultório, em seguida, uma equipe de médicos da UPA chegou ao local, com um desfibrilador.
Segundo o pai de Jéssica, que é vigilante e já fez cursos de primeiros socorros, a filha estava pálida e tinha os lábios roxos. Ao lado do genro, questionou o médico, que alegou que tinha tentado fazer o procedimento de ressurreição 19 vezes.
Os familiares afirmam que foram impedidos de ir na ambulância com a mulher. Além disso, eles alegam que ninguém os informou sobre o quadro de saúde da jovem. Às 14h30, os médicos informaram o óbito à família.
De acordo com a Prefeitura de Matozinhos, devido à especificidade do caso e desconhecimento dos procedimentos realizados na clínica, o médico plantonista da UPA solicitou a remoção do corpo para o Instituto Médico-Legal de Belo Horizonte, onde seria periciado. O caso segue sendo investigado pela Polícia Civil.
Quem pode colocar e remover um DIU?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informa que o profissional que pode inserir e retirar o DIU é aquele treinado e capacitado para tal: enfermeiro ou médico, sendo que não é necessário ser enfermeiro obstétrico ou médico ginecologista. Com isso, o médico de família e a enfermeira, enfermeira obstétrica ou obstetriz treinada também podem inserir o DIU.